O Instituto Ética Saúde (IES) divulgou uma análise sobre a evolução da maturidade em compliance das empresas associadas entre 2017 e 2024. O levantamento teve como base os dados do Questionário de Autoavaliação de Integridade, aplicado anualmente para medir o grau de adesão das organizações às boas práticas de governança, ética e integridade.

Queda nas não conformidades e consolidação de boas práticas

Entre os principais resultados, destaca-se a redução de 82% nas respostas negativas às perguntas de sim ou não relacionadas à implantação de iniciativas de conformidade. Segundo o diretor executivo do IES, Filipe Venturini Signorelli, essa queda representa uma mudança de paradigma: “Os programas de integridade deixaram de ser ações pontuais e passaram a compor a estrutura das organizações associadas”, afirma.

Outro marco foi a eliminação da categoria “em andamento” após o ciclo de 2018. Para o diretor, isso comprova a eficácia da autorregulação promovida pelas Instruções Normativas do IES — um compromisso voluntário assumido pelas empresas que vão além das exigências legais.

Avanços expressivos em governança e gestão

A pesquisa também mostrou evolução consistente em áreas mais complexas, como Governança e Gestão. Temas que em 2017 tinham menos de 40% de respostas positivas — como autonomia da área de compliance, atuação de comitês internos e mapeamento de riscos — alcançaram índices superiores a 75% em 2024. Perguntas sobre a existência de política formal anticorrupção, comitê de integridade e treinamentos periódicos também apresentaram crescimento médio acima de 30% nas respostas afirmativas.

Mudança nas relações institucionais e maior confiança do mercado

De acordo com Signorelli, a transformação não se limitou à adesão a práticas formais. “Houve uma notória mudança nas relações econômico-financeiras das empresas, com ganhos concretos em transparência e na conduta institucional, o que resultou em maior confiança dos stakeholders do setor”, destaca.

Desafios persistem em áreas sensíveis

Apesar do progresso, o estudo identificou que temas como relacionamento com terceiros, processos de due diligence e auditorias externas ainda apresentam menor adesão. Esses pontos são considerados áreas em desenvolvimento e exigem atenção contínua por parte das organizações.

Compliance como estratégia de fortalecimento institucional

Para o assessor de ética e integridade do IES, Julio Zanelli, responsável pela condução do estudo, os avanços obtidos refletem a transformação do compliance em uma ferramenta estratégica. “A jornada iniciada em 2017 deixou de ser apenas uma avaliação técnica. Hoje, é um instrumento de fortalecimento institucional, estímulo à autorregulação e construção de um setor mais transparente, seguro e confiável para a sociedade”, conclui.

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