A equipe do Laboratório de Engenharia Tecidual e Imunofarmacologia da Fiocruz da Bahia realizou no último dia 20 (terça-feira) no Hospital São Rafael, o primeiro transplante do mundo com células-tronco de medula óssea para tratar um paciente com cirrose crônica. O material celular foi retirado do próprio paciente, um homem de 49 anos com processo adiantado de degradação do fígado. Participaram do projeto os professores Luiz Guilherme Lyra, da Universidade Federal da Bahia e do Hospital São Rafael, e Ricardo Ribeiro dos Santos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O sucesso da cirurgia não implica, segundo um dos autores no fim dos transplantes de fígado. O esperado é que a qualidade de vida do paciente melhore, a sobrevida aumente e ele possa esperar por mais tempo por um órgão sadio. Somente no Hospital São Rafael, há 120 pessoas na fila de espera, para uma média de 6% a 7% de doadores.
Do ponto de vista clínico o procedimento foi relativamente simples. Os médicos retiraram uma quantidade de líquido produzido pela medula óssea da bacia do paciente, que foi purificado para a retirada das células-tronco. Por meio de um cateter, essas células foram injetadas dentro da artéria hepática, para que as células-tronco fossem levadas quase que diretamente até a lesão. Os resultados da cirurgia serão avaliados durante os próximos meses.
A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) autorizou a realização do projeto de pesquisa para o estudo de células-tronco na cirrose hepática para cinco pacientes. A partir do relatório escrito pelos cientistas sobre esses casos, órgão decidirá pela liberação da realização de mais 25 procedimentos. As 30 cirurgias formam a chamada fase 1 do experimento científico.
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