Belo Horizonte, setembro de 2011 – Na Semana Nacional de Doações de Órgãos, a Santa Casa de Belo Horizonte tem um motivo a mais para se revelar como grande incentivadora desta causa em Minas Gerais. Com a recente implantação de seu programa de captação de córneas, a instituição alcançou, em apenas um mês, o índice de 17 captações de córneas obtidas durante todo o ano de 2010.

No mês passado, com uma equipe de sete profissionais – cinco técnicos e um coordenador de enfermagem, além do coordenador de oftalmologia, Dr. Gilberto Guimarães –, a Santa Casa BH promoveu mais 31 procedimentos. “Apenas no mês passado foram 62 córneas (duas de cada doador) a mais para o MG Transplantes. Isso é muito importante para o sistema como um todo, pois centenas de pessoas estão esperando há meses por um transplante de córnea. Estamos agora fornecendo córneas para todo o Estado”, ressalta Dr. Walter Antônio Pereira, coordenador do Centro de Transplantes.

Segundo Dr. Walter, a fila à espera de doadores de córneas no MG Transplantes é de aproximadamente 800 pacientes. Com o início do programa de captação na própria Santa Casa BH, a expectativa é de que o período de espera seja zerado dentro de 6 a 8 meses. “Não deveria haver essa espera, já que as córneas podem ser retiradas até 6 horas depois da parada cardíaca”, completou o médico.

O processo de doação começa com a identificação e notificação de potenciais doadores. Em caso de pacientes com morte encefálica (cérebro e tronco cerebral), o MG Transplantes ou a Comissão Intra-Hospitalar de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) é acionada para que o potencial doador seja mantido em condições adequadas até que haja a autorização familiar. “Este momento é extremamente importante e é por isso que precisamos de equipes treinadas”, explica Dr. Walter Pereira. Desde 2010, a Santa Casa BH já capacitou mais de 1 mil profissionais, com formação e treinamento permanentes.

Conscientização – Dr. Walter Pereira lembra que o ideal é que as pessoas saibam por meio das campanhas de conscientização, de antemão, da importância das doações. “Se você manifesta em vida que tem a intenção de doar órgãos, prevalece essa vontade pessoal, facilitando a autorização”, enfatiza. “No momento da morte encefálica é preciso que haja consenso da família, para a qual mostramos os benefícios da doação e a importância desse ato que favorece muita gente.”

Segundo o coordenador do Centro de Transplantes, o histórico da Santa Casa BH era de baixa captação de órgãos, devido ao perfil dos pacientes – a maioria em estado crônico ou com contraindicações, como idade avançada, infecções ou neoplasias avançadas. “Normalmente os hospitais de urgência são os que têm perfil de pacientes para doações, como jovens e pessoas vítimas de traumas”. Por isso, a meta da Santa Casa é captar órgãos em cerca de 20% dos óbitos, índice considerado padrão mundial.

A Santa Casa BH conta também com outros importantes programas de captação de órgãos, de transplantes de córneas e de transplantes de rins. Nas unidades da instituição, foram realizados em 2010 cerca de 180 transplantes de córneas e 50 de rins. Para 2011, a perspectiva é aumentar esses indicadores por meio das campanhas de doações.