A vacina contra a meningite do tipo B foi recentemente licenciada na Europa. No Brasil, o meningococo B já representa cerca de 20% dos casos da doença, tendo maior incidência na região sudeste (Rio de Janeiro e São Paulo). Por conta desse cenário, o assunto será abordado na conferência Novas perspectivas na prevenção da doença meningocócica B que acontece durante a 15ª Jornada Nacional de Imunizações da SBIm Nacional – Sociedade Brasileira de Imunizações, de 26 a 29 de junho em São Paulo. O evento vai reunir especialistas em imunizações de toda a América Latina.

A meningite tem alta taxa de letalidade: uma a cada cinco pessoas que desenvolve a doença morre e entre aqueles que sobrevivem 10 a 20% ficam com sequelas neurológicas ou outras como amputação e surdez. Renato Kfouri, presidente da SBIm Nacional, explica que a meningite é caracterizada pela inflamação na membrana que envolve o cérebro e a medula espinhal. “A meningite é endêmica em todos os países do mundo e tem grande potencial de causar surtos e epidemias, por isso deve ser considerada um problema de saúde mundial que necessita de atenção global”, relata o médico.

Durante a conferência serão abordados os aspectos da doença no Brasil e no mundo, as possibilidades de inclusão da vacina contra o tipo B na rede pública e as formas de tratamento. Já existem vacinas efetivas para outros tipos de meningite, como C, A, W e Y. Entretanto, somente agora está disponível uma vacina com potencial de prevenir cerca de 80% dos casos do tipo B.

Para o professor de pediatria e infectologia da Faculdade Medicina da Santa Casa de São Paulo, Marco Sáfadi, “é provável que a vacina contra o tipo B chegue ao Brasil ainda este ano”. Ele presidirá o debate durante a Jornada Nacional de Imunizações.

Ocorrência

Estima-se que, a cada ano, cerca de 500 mil casos de doença meningocócica ocorram em todo o mundo, resultando em aproximadamente 50 mil mortes. A ocorrência se mostra diferente de uma região para outra no Brasil. O tipo C ainda é mais prevalente, por esse motivo que o Ministério da Saúde disponibiliza na rede pública a vacina conjugada para crianças de até dois anos de idade. Já para os adultos é recomendada a vacina quadrivalente ACWY, com um reforço após cinco anos. Contudo, o crescimento no país do tipo B preocupa os especialistas.

Em países da Europa, o tipo B já é a primeira causa da doença. Nos EUA, responde por um terço das causas de meningite. Muito próximo de nós, no Uruguai, a taxa de notificações é de 80% para a ocorrência de meningococo B. No Brasil, os estados com maior incidência são Rio de Janeiro e São Paulo. Há registros em que a doença no Rio Grande do Sul apresenta metade dos casos do tipo B e isso pode se dar, provavelmente, devido à proximidade com o país vizinho. “Apesar de a maioria dos casos ocorrerem em crianças pequenas, os surtos tendem a acometer adolescentes e adultos jovens”, destaca Renato Kfouri.

Gravidade

Marco Sáfadi alerta que clinicamente é impossível distinguir se a pessoa está com sintomas da doença do tipo B ou C. De acordo com ele, “só mesmo os exames clínicos irão mostrar a gravidade do quadro do paciente e, para todos os tipos, o tratamento é hospitalar, com uso de antibióticos em Unidade Intensiva de Tratamento (UTI)”, explica.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 10% a 15% das pessoas que contraem a doença meningocócica morrem, mesmo se receberem tratamento antibiótico adequado. Sem tratamento, a taxa de mortalidade em decorrência é de 70% a 90%. Como o tempo de evolução da doença é extremamente rápido e a incubação acontece em questão de horas, os sintomas evoluem rapidamente.

Eficácia

Os testes com a nova vacina foram realizados em pessoas saudáveis que aumentaram a produção de anticorpos para a doença em cerca de 80%. De acordo com o médico Marco Sáfadi, “a vacina mostrou um perfil de segurança adequado”. O médico informa ainda que o início do uso Europa vai possibilitar uma avaliação mais ampla da eficácia a longo prazo”, afirmou.

Imunização

Atualmente a aplicação da vacina Meningocócica C conjugada é feita em crianças aos três meses de idade, com a segunda dose aos cinco meses e um reforço entre os 15 e 18 meses. Antes de a criança completar 10 anos outro reforço deve ser aplicado. A rede pública disponibiliza a vacina para crianças até dois anos, já na rede privada ela está disponível para todas as faixas etárias.

A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção. Para adolescentes, jovens e adultos a vacina mais indicada é a Meningocócica ACWY, que deve ser aplicada em uma dose, com um recomendável reforço após cinco anos.

De acordo com Renato Kfouri, presidente da SBIm e da Jornada Nacional de Imunizações, a comunidade médica está ansiosa com a chegada da vacina no Brasil, que deve acontecer até o final de 2013. “Com essa vacina será possível ampliar a cobertura vacinal, a forma mais eficiente de prevenção”.

O evento

A 15ª Jornada Nacional de Imunizações será realizada em conjunto com congresso da Sociedade Latino-americana de Infectologia Pediátrica (Slipe). De 26 a 29 de junho mais mil especialistas estarão reunidos em torno principais desafios na prevenção de doenças infectocontagiosas e dos mais recentes avanços nesse campo. Os 40 anos de existência do PNI – Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde; novos calendários de vacinação; ampliação da cobertura vacinal e o acesso às vacinas nas regiões mais distantes do país também estão na pauta.

Serviço:

XV Jornada Nacional de Imunizações e XV Congresso Latino-Americano de Infectologia Pediátrica

Data de 26 a 29 de junho

Local: Centro de Convenções do Maksoud Plaza – São Paulo

Informações e Inscrições: www.slipesbim2013.com.br

Contato: 11 5081-7028 | 5084-4246 – [email protected]