Em 2021, os dispositivos vestíveis, ou wearable devices, devem chegar a 97 milhões de unidades, contra 2,5 milhões contabilizados em 2016, e a receita total gerada no mesmo período será de aproximadamente US$ 18 bilhões. É o que aponta pesquisa da Tractica, empresa de inteligência de mercado. E ao que tudo indica boa parte desse montante será destinado a auxiliar os profissionais da Saúde em suas tarefas rotineiras e no monitoramento de pacientes com doenças crônicas.

Os wearable devices possuem biossensores – que podem estar no smartphone, em um relógio, em um chip implantado sob a pele ou ingerido como uma pílula – que monitoram a pressão arterial e diversos outros biomarcadores. Além de coletar os dados vitais mais simples, poderão rastrear até alterações hormonais ou no sangue, por exemplo, abrindo margem à prevenção de possíveis doenças e, em larga escala, à criação de indicadores sanitários.

No futuro, espera-se que os médicos possam usar biossensores para determinar o quão bem um fármaco é metabolizado pelo organismo e ajustar a dose e a frequência em conformidade com o estado de saúde do paciente, além de monitorar os pacientes remotamente, com braceletes que controlam os sinais vitais e dispositivos sem fio que determinem dados sobre os corações da mãe e do feto durante o parto.

Por outro lado, a tecnologia impulsiona a mudança da função tradicional dos pacientes, permitindo escolhas mais embasadas em relação à sua saúde e bem-estar. Ele poderão, por exemplo, acessar prontamente informações de saúde e diagnosticar suas próprias condições ou facilmente obter resultados de exames e, até, receber assistência mais eficaz. Segundo pesquisa feita pela consultoria PwC, 80% dos consumidores acreditam que um importante benefício da tecnologia vestível é seu potencial de tornar o tratamento mais conveniente.

Fora do Brasil, já existem alguns wearable devices que fomentam essa tendência, como a solução de monitoramento cardíaco criada pela startup Biotricity, que permite aos médicos diagnosticar doenças coronárias e cardiovasculares, além de monitorar e detectar arritmias remotamente; e o sensor vestível da Sano Intelligence, que, sem nenhuma incisão, pode ler e transmitir dados químicos do sangue para qualquer dispositivo, e monitorar o metabolismo.

Os wearable devices, ao lado de tecnologias como Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) e checagem à beira leito otimizam a gestão hospitalar, desempenhando um papel fundamental na transformação e melhora da assistência. Porém, o acesso a informações tão individualizadas dos pacientes ainda incorre em questões éticas, que envolvem o sigilo médico e de segurança da informação.