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O que reserva o “novo normal” na digitalização dos consultórios?

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Diante de mais de seis meses de pandemia de covid-19, a expressão “novo normal” até perdeu um pouco o seu sentido – afinal, as mudanças trazidas pelo avanço do coronavírus já fazem parte de nossa rotina há muito tempo. Entretanto, sua utilização reforça a importância que estas transformações estão trazendo nas relações sociais, afetivas e profissionais. No caso da saúde, trata-se de uma encruzilhada que vai definir o avanço do setor nos próximos anos: qual será o caminho a ser seguido quando a doença se normalizar?

Há duas opções. De um lado, retornar ao cenário anterior à pandemia, isto é, com consultas presenciais, processos burocráticos com grande quantidade de papéis (guias, exames e receitas) e a utilização modesta de ferramentas tecnológicas para auxiliar na gestão dos consultórios. Do outro, aceitar e seguir com a realidade imposta pela doença, utilizando a telemedicina sempre quando possível, incorporando diferentes sistemas digitais de relacionamento e gestão no dia a dia médico e até acabar com o papel em seus processos.

Ainda que uma parcela significativa da classe médica se mostre reticente à presença da tecnologia e deseje retornar ao cenário pré-pandemia na gestão de seu trabalho, o fato é que é justamente o segundo caminho que emerge como alternativa a ser seguida por pacientes e profissionais da saúde. As pessoas perceberam que a presença de soluções digitais não limitaram a capacidade das consultas. Pelo contrário, expandiram as possibilidades, facilitando o diagnóstico do médico ao mesmo tempo em que otimiza a vida da população.

Diversos indicadores reportam esta tendência. Estudo da Cisco realizado pela consultoria Deloitte em setembro de 2020 mostra que a adoção de telemedicina e a ampliação de soluções de tecnologia em saúde impactaram positivamente o setor no Brasil durante a pandemia e devem garantir sua continuidade no futuro. Já um levantamento encomendado pela Associação Paulista de Medicina (APM) indica que 90% dos médicos afirmam que o sistema brasileiro de saúde poderia ser beneficiado com novas ferramentas tecnológicas – mesmo percentual de profissionais que acreditam que estes recursos ajudam a melhorar a saúde das pessoas.

Isso implica, portanto, que a transformação digital vai ser (ou já é, em alguns casos) parte da rotina médica em questão de tempo – os profissionais querendo ou não. Assim, duas estratégias revelam-se primordiais neste primeiro momento. A primeira delas consiste na adaptação do consultório e do trabalho médico às soluções digitais. Isso é possível por meio de processos que buscam incluir a tecnologia no dia a dia sem que isso interfira a produtividade e a qualidade dos atendimentos. Isto é, permitindo uma adoção planejada, em que o usuário pode conhecer mais e aprofundar todas as funcionalidades que estes sistemas oferecem.

A segunda etapa desta digitalização é encontrar uma ferramenta que atenda as demandas e os objetivos do consultório. O principal equipamento nesse sentido é o prontuário eletrônico. Hoje, ele é mais do que um repositório de dados para o profissional da saúde; trata-se de um hub de gestão e conteúdo que fornece não apenas os dados de seus pacientes de forma rápida e prática, agrupando as informações de forma adequada, como pode cruzá-los com outras fontes, possibilitando uma gestão mais digital e eficiente. Além disso, os melhores fornecedores deste sistema oferecem camadas de segurança certificada pela Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) e conectividade na nuvem, permitindo que tudo esteja protegido, mas disponível a poucos cliques no smartphone, por exemplo.

Evidentemente não será um processo fácil e novos desafios surgirão aos médicos. O mais importante deles é entrar em conformidade com boas práticas e normas de gestão em relação às informações que passam a ser digitais. É preciso estabelecer uma política clara e eficiente sobre a coleta, tratamento, armazenamento e uso destes dados sensíveis. Isso facilita na tomada de decisão, possibilitando acesso a indicadores relevantes para o dia a dia, como também previne possíveis roubos e perdas. A LGPD, que entrou em vigor em setembro, atende justamente este ponto.

Além disso, é preciso implementar uma visão em que a tecnologia auxilia, mas não substitui o protagonismo que o médico deve ter nesse processo. É nesse profissional, e não na ferramenta, que a pessoa confia para tratar ou prevenir uma doença. Portanto, ainda que diversos equipamentos tragam inúmeros dados sobre diagnóstico, exames e histórico da doença, nada substitui o contato humano e a visão do especialista. Medicina sempre será feita de pessoas e não de robôs.