Em um momento crucial para o sistema de saúde brasileiro, marcado por longas filas de espera para procedimentos cirúrgicos, significativas restrições de acesso à cuidados cirúrgicos e a demanda urgente por soluções custo-efetivas, o III Simpósio SOBRACAM de Cirurgia Ambulatorial surge como um importante fórum de discussões sobre alternativas viáveis para estes desafios. Com o tema “Ampliar o acesso à saúde e redução das filas cirúrgicas”, o evento acontecerá no dia 20 de maio de 2025, durante a tradicional Feira Hospitalar, reunindo especialistas de diversos segmentos para debater o potencial transformador da cirurgia ambulatorial no país.
Um modelo em expansão global
A cirurgia ambulatorial, caracterizada por procedimentos que não exigem internação prolongada do paciente, tem se consolidado mundialmente como um modelo eficiente que combina qualidade assistencial, segurança e otimização de recursos. Nos Estados Unidos e em diversos países europeus, mais de 80% dos procedimentos cirúrgicos eletivos já são realizados em regime ambulatorial, enquanto no Brasil esse percentual ainda é significativamente menor, revelando um potencial inexplorado para a expansão desse modelo.
Na abertura, eu, Fabrício Galvão, presidente da SOBRACAM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Ambulatorial e Medicina Perioperatória), abrirei o simpósio destacando o potencial e o impacto que a ampliação da cirurgia ambulatorial pode ter como importante elemento de ampliação do acesso e redução de filas cirúrgica, beneficiando ambos os sistemas público e privado de saúde no país.
Experiência do paciente e segurança: pilares fundamentais
O primeiro painel do simpósio abordará dois aspectos essenciais para o sucesso da cirurgia ambulatorial: a experiência do paciente e a segurança dos procedimentos. Moderado por Everton Silva, vice-presidente de Enfermagem da SOBRACAM, o painel contará com a participação de especialistas renomados que trarão perspectivas complementares sobre o tema.
Luiz Sergio Santana, CEO da Rede Opty, compartilhará a experiência bem-sucedida da oftalmologia brasileira no modelo ambulatorial. A especialidade é reconhecida como uma das pioneiras na adoção desse formato no país, com procedimentos como cirurgias de catarata realizados rotineiramente em regime ambulatorial, com excelentes resultados e alta satisfação dos pacientes. Santana irá abordar também os projetos de expansão para outras especialidades cirúrgicas em andamento.
Em seguida, Mario Jorge da Cruz Vital, presidente da UNIDAS Autogestões em Saúde, abordará o potencial da cirurgia ambulatorial para garantir a sustentabilidade das autogestões, um tema especialmente relevante no atual cenário de custos crescentes em saúde. A modalidade cirúrgica ambulatorial representa uma alternativa para otimizar recursos sem comprometer a qualidade do atendimento, com uma rede de UCAs (Unidades Cirúrgicas Ambulatoriais) cada vez maior, espalhada por todo Brasil, a oferta de serviços cirúrgicos de alta qualidade e maior custo-efetividade pode representar uma oferta de serviços crucial para a sustentabilidade das autogestões no longo prazo.
Complementando o painel, Jedson Nascimento, diretor de Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), discutirá os aspectos relacionados à segurança do paciente e os limites da anestesiologia fora do centro cirúrgico convencional. Sua participação é fundamental para desmistificar preocupações relacionadas aos procedimentos anestésicos em ambiente ambulatorial, apresentando protocolos e diretrizes que garantem a segurança dos pacientes e que também apontam os limites da realização de procedimentos, mesmo que acompanhados por anestesiologistas, fora de locais devidamente preparados, regulamentados e com equipe de apoio necessária.
O mercado ‘out of pocket’ e novas fronteiras
Um dos aspectos mais inovadores do simpósio será a discussão sobre o mercado ‘out of pocket’ (pagamento direto pelo paciente) e sua relação com a cirurgia ambulatorial. Este segundo painel, trará dados e experiências sobre um segmento em franco crescimento no Brasil.
Paula Mateus, diretora de Mercado da SOBRACAM, apresentará uma análise abrangente sobre o tamanho desse mercado e as oportunidades que ele oferece para profissionais e instituições de saúde. Em um cenário onde muitos brasileiros não possuem plano de saúde, mas têm condições de arcar com procedimentos cirúrgicos de menor complexidade a preços acessíveis, a cirurgia ambulatorial surge como uma alternativa viável.
Duas experiências concretas serão compartilhadas nesse painel: a da Amor Saúde, apresentada pelo seu CEO Ícaro Villar, e a da Rede Ágil, pelo seu CEO Marcelo Netto. Ambas as empresas têm desenvolvido modelos de negócio inovadores que facilitam o acesso à serviços de saúde para pacientes sem cobertura de planos ou seguros, com foco em transparência de preços e processos simplificados, ganhando milhões de usuários nos últimos anos, também entrando na mira de planos regulamentados pela Agência Nacional da Saúde (ANS), levantando uma discussão acalorada sobre sua possível regulação.
Políticas públicas como alavancas para mudança
Outro ponto alto do simpósio será a mesa redonda sobre políticas públicas e o desenvolvimento da cirurgia ambulatorial no Brasil, moderada por Fábio Soares, diretor de Relações com o Setor Público da SOBRACAM. O painel reunirá figuras de grande expressão no cenário da saúde brasileira para discutir caminhos para a expansão do modelo ambulatorial no país.
Alexandre Fioranelli, diretor da ANS, abordará o papel do órgão regulador na expansão da cirurgia ambulatorial. A ANS tem demonstrado interesse crescente em modelos assistenciais que promovam eficiência e qualidade, e a cirurgia ambulatorial se alinha perfeitamente a esses objetivos.
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta trará sua visão sobre os desafios da adoção do modelo cirúrgico ambulatorial no Brasil. Com sua experiência à frente do Ministério da Saúde, Mandetta poderá oferecer insights valiosos sobre as barreiras regulatórias, culturais e estruturais que ainda limitam a expansão desse modelo no país.
Completando o painel, Paulo Chapchap, diretor médico do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), discutirá políticas públicas para fomentar o acesso à cirurgia ambulatorial. O IEPS tem se destacado pela produção de estudos e propostas baseadas em evidências para aprimorar o sistema de saúde brasileiro, e a contribuição de Chapchap certamente enriquecerá o debate com dados e análises robustas.
Um evento imperdível para profissionais da saúde
O III Simpósio SOBRACAM de Cirurgia Ambulatorial se consolida como um evento imperdível para gestores, médicos, enfermeiros e outros profissionais interessados em compreender o potencial da cirurgia ambulatorial como resposta estratégica para os desafios do sistema de saúde brasileiro. A diversidade de palestrantes e temas abordados oferece uma visão abrangente e multidisciplinar, contemplando aspectos clínicos, gerenciais, econômicos e políticos relacionados ao tema.
Em suas quatro horas de duração, o simpósio promete condensar discussões de alto nível que podem influenciar positivamente a trajetória da cirurgia ambulatorial no Brasil. Num momento em que o país busca alternativas para sair do modelo hospitalocêntrico, reduzir filas cirúrgicas e ampliar o acesso a procedimentos eletivos, o evento surge como uma oportunidade ímpar para conhecer experiências bem-sucedidas e debater caminhos viáveis para a expansão desse modelo.
A Feira Hospitalar, maior evento de saúde da América Latina, será o palco perfeito para essas discussões, garantindo visibilidade e potencializando o alcance das ideias e propostas que emergirão do simpósio. Para os profissionais e instituições comprometidos com a inovação e a melhoria contínua dos serviços de saúde, participar do III Simpósio SOBRACAM será um investimento valioso em conhecimento e networking, com retornos potenciais tanto para suas carreiras e organizações quanto para o sistema de saúde brasileiro como um todo.
Temos um encontro marcado dia 20 de maio, das 14h às 18h, no São Paulo Expo, durante a Feira Hospitalar 2025, para discutirmos este importante tema para o futuro da saúde no Brasil. Te vejo por lá.
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