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O que Warren Buffet diria aos empreendedores brasileiros?

Article-O que Warren Buffet diria aos empreendedores brasileiros?

Warren Buffet dá dicas a empreendedores sobre negócios. Aprenda para a saúde.
Todo ano, milhares de investidores e pretendentes-a-investidores (como o amigo que vos fala) se amontanham para ler e ouvir o Oráculo de Omaha em sua Carta Anual aos Acionistas da Berkshire e em sua apresentação no Encontro Anual.

Texto originalmente produzido por:

Edson Rigonatti é um dos sócios da Astella Investimentos (Venture Capital) e serve nos conselhos do Portal Educação, Navegg, Avantel e benCorp. Foi sócio da Cicerone Capital e Vice Presidente da Lucent Technologies. Formou-se pela Columbia Business School.

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Todo ano, milhares de investidores e pretendentes-a-investidores (como o amigo que vos fala) se amontanham para ler e ouvir o Oráculo de Omaha em sua Carta Anual aos Acionistas da Berkshire e em sua apresentação no Encontro Anual.

Embora o Oráculo, ou sua empresa a Berkshire Hathaway, jamais investiriam ou aconselhariam investimentos em startups e empresas de tecnologia, é difícil para mim não fantasiar o que ele poderia recomendar a um empreendedor brasileiro – ou aos investidores interessados neles. Vale lembrar que Warrent Buffet significa para investidores o mesmo, ou mais, do que Steve Jobs para empreendedores.

Buffet começa sua carta de 2010 lembrando que o dinheiro sempre segue na direção das oportunidades. E ele enxerga uma abundância de oportunidades nos Estados Unidos. Essa percepção reforça o movimento que nos últimos meses desmontou as substanciais posições dos investidores institucionais em mercados emergentes.

Isso de maneira alguma significa maus augúrios para os potenciais IPOs brasileiros, os enormes projetos de infra-estrutura ou até mesmo os crescentes investimentos em capital empreendedor. Mas indica que a maré ira baixar, recolhendo a liquidez disponível para investimentos de maior risco (leia-se menos coisas malucas sendo feitas).

Passando por essa breve perspectiva macroeconômica, Buffet passa a reafirmar os princípios operacionais que norteiam seus investimentos – e aqui começa minha hipotética digressão empreendedora:

ER – Warren, como medir a performance de empresários e empreendedores?

WB – Eu e o Charles acreditamos que aqueles a quem confiamos nosso dinheiro devem definir objetivos no início da jornada. Sem isso, os empreendedores tendem a atira a flecha da performance e depois pintar o alvo aonde a flecha cair.

ER – E na sua opinião, quais devem ser esses objetivos?

WB – Criação de valor. Empreendedores tem que saber o que vão fazer com o dinheiro que recebem. Eles tem que criar os alicerces que irão sustentar a geração de caixa e as vantagens competitivas que irão sustentar esse caixa no futuro.

ER – Como você identifica as vantagens competitivas de um negócio?

WB – A única medida de vantagem competitiva é a capacidade do negócio aumentar os preços cobrados por seus produtos ou serviços. Se você tem dor de barriga em imaginar as reações dos seus clientes quando tiver que aumentar preços, provavelmente você não tem vantagem competitiva alguma.

ER – Mas para um empreendedor que esta começando, cobrar alguma coisa já é difícil, quanto mais aumentar o preço…

WB – Já começou errado…Mas veja bem, ao menos o empreendedor tem que saber que esta construindo os alicerces…

ER – E quais são os diferenciais que você e a Berkshire tem em relação aos demais fundos de Venture Capital?

WB – Nós não nos definimos como venture capital, hedge fund, long/short ou qualquer denominação dessas. Nós investimentos nas melhores oportunidades, aonde é que eles estejam. Mas nosso diferencial começa com os empreendedores com quem investimos. Eles estão lá porquê amam o que fazem. Eles são voluntários e não mercenários.

ER – Então o que interessa são as pessoas?

WB – Além delas, nós temos a vantagem de escolher as melhores oportunidades. Se não encontramos boas empresas com bons empreendedores, investimos em ações, papéis de dívida, etc. Mas acima de tudo, o que importa é nossa cultura.

ER – Sua cultura?

WB – Winston Churchill dizia que “você molda sua casa e depois ela molda você”. Aqui na Berkshire e nas empresas que investimentos, cada centavo conta. Nós gerimos bilhões de dólares e o aluguel do nosso “escritório central mundial” é de US$270.212 e nossa decoração (móveis, equipamentos e software de última geração, máquina de coca-cola, etc.) vale US$301.363.

ER – E o que você diria aos empreendedores brasileiros?

WB – Embora o meu avô Ernest nunca tenha feito MBA – na verdade ele nem se formou na faculdade – ele entendia a importância da liquidez para garantir a sobrevivência. E por isso ele mantinha US$1,000 guardado para eventualidades. Afinal, nunca se sabe se hoje será o próximo 10 de setembro de 2001…