A ANBIOTEC Brasil (Associação Nacional de Empresas de Biotecnologia e Ciências da Vida) promoveu na quarta-feira (21) a entrega oficial do Manifesto em Defesa do Complexo Econômico-Industrial da Saúde do Brasil durante o Encontro de Lideranças da Cadeia Produtiva da Saúde, realizado pela primeira vez na feira Hospitalar, em São Paulo. 

O documento, elaborado em conjunto com representantes da indústria, propõe medidas voltadas à redução de custos e barreiras para certificação de produtos biotecnológicos, além de cobrar políticas públicas mais robustas de incentivo fiscal, mitigação de riscos e estímulo à inovação. O manifesto foi entregue ao secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Uallace Moreira Lima, que representou o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin no evento. 

Secretário defende política industrial de Estado 

Durante sua fala no encontro, Uallace Moreira Lima destacou a urgência de resgatar a política industrial no Brasil e reafirmou o compromisso do governo federal com a reestruturação do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS). Segundo ele, o setor é estratégico por sua alta densidade tecnológica, capacidade de geração de empregos qualificados e, sobretudo, por representar um vetor de soberania nacional. 

“O Complexo Econômico-Industrial da Saúde é essencial para garantir a autonomia do país. Um setor produtivo fortalecido significa mais resiliência, menos dependência externa e maior capacidade de resposta a crises sanitárias, como vimos durante a pandemia”, afirmou o secretário. 

Lima criticou a descontinuidade histórica das políticas industriais no país e reforçou que a atual política lançada pelo governo Lula, sob liderança do vice-presidente Geraldo Alckmin, visa se tornar uma política de Estado, com continuidade independentemente de gestões futuras. 

Instrumentos para o desenvolvimento 

O secretário lembrou que o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), reinstalado pelo atual governo, já conta com 21 ministérios e representantes da sociedade civil, número que será ampliado para 25. Entre as principais iniciativas em andamento está a linha de crédito “Mais Produção”, que reúne recursos de sete instituições financeiras — incluindo BNDES, Finep e Banco do Brasil — para financiar projetos de inovação e modernização industrial. O volume total disponível entre 2023 e 2026 é de R$ 507 bilhões. 

Lima também ressaltou o papel das compras públicas como ferramenta estratégica para alavancar a inovação e citou dados que reforçam o protagonismo do Estado na área de saúde: “75% dos recursos usados no desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19 vieram de fundos públicos. No caso da vacina de Oxford, esse número chegou a 98%”, afirmou. 

Mobilização do setor 

O evento reuniu representantes de diferentes instituições ligadas ao ecossistema de saúde e inovação, como INMETRO, EMBRAPII e Instituto Butantan. O encontro marcou os 15 anos da ANBIOTEC Brasil e reforçou o papel da entidade como articuladora entre o setor produtivo, o poder público e a sociedade. 

Ao final da cerimônia, Lima reiterou a importância do diálogo contínuo com o setor: “Estamos construindo uma política industrial com base na escuta e na cooperação. Para que a inovação floresça e chegue à população, é fundamental que o Estado mantenha o compromisso com o desenvolvimento de longo prazo.”