Durante a Hospitalar 2025, o diretor executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Antonio Britto, participou do Podcast Saúde Business e traçou um panorama dos principais desafios enfrentados pelos hospitais brasileiros. Na avaliação do executivo, a manutenção da qualidade assistencial com sustentabilidade financeira continua sendo o grande dilema do setor.
“Os hospitais da Anahp se orgulham de serem referências em excelência, mas é cada vez mais difícil compatibilizar essa exigência com a realidade econômica”, afirmou Britto. De acordo com o Observatório Anahp 2025, embora indicadores de qualidade e eficiência assistencial tenham avançado, com redução no tempo de internação e melhora nos desfechos clínicos, o cenário financeiro segue pressionado. As glosas aumentaram, os repasses das operadoras de saúde têm sofrido atrasos, e parte significativa dos hospitais não conseguiu cumprir os investimentos previstos para 2024.
Essa equação e a gestão hospitalar eficiente se tornam ainda mais complexas diante da mudança demográfica e do histórico de baixa atenção à saúde preventiva no Brasil. “Cada vez mais teremos uma população idosa com doenças que poderiam ter sido evitadas. Isso gera uma demanda crescente e de alto custo”, alertou.
Outro aspecto que, segundo Britto, compromete a sustentabilidade do sistema é a fragmentação do cuidado. Para ele, a falta de coordenação entre exames, consultas e tratamentos contribui para a perda de efetividade clínica e aumento de custos. “Quem tem um diagnóstico é mandado para fazer exame em um lugar, consulta em outro, tratamento em mais um. Isso desperdiça qualidade de vida, encarece o processo e prejudica o desfecho”, disse. Ele defende uma reorganização do sistema de atenção, com fortalecimento do papel do médico de família como porta de entrada estruturada.
Além disso, a Anahp tem expandido o uso de indicadores hospitalares para mais de 70 instituições públicas e filantrópicas, promovendo uma cultura de medição e comparação de desempenho entre hospitais de perfis semelhantes. “É o nosso GPS. Avaliamos 275 atividades dentro do hospital e comparamos com outros da mesma especialidade e porte”, explicou.
Já em relação à interoperabilidade de dados, Britto avaliou que a barreira não é tecnológica, mas cultural. “Mais de 90% dos hospitais da Anahp estão com seus sistemas internos prontos. O que falta agora é criar confiança para conectar essas informações ao canal geral”, concluiu. Portanto, é importante pensar sobre otimização de custos em saúde, sem esquecer de oferecer uma performance assistencial eficiente e de qualidade.
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