A saúde da mulher emergiu como prioridade estratégica durante encontro promovido pelo BRICS Women’s Business Alliance (WBA) na 30ª edição da Hospitalar. O evento reuniu lideranças femininas do bloco econômico com representantes de entidades brasileiras do setor para apresentar iniciativas voltadas à saúde feminina nos países membros.

Sob coordenação de Mônica Monteiro, presidente mundial e do Brasil da WBA, o encontro contou com participações de peso como Juliana Vicente (Head de Portfólio de Negócios da Informa Markets), Janete Vaz (líder do Grupo de Trabalho em Saúde da WBA), Danielle Feitosa (diretora da CNSaúde da Mulher), Tânia Reis (vice-presidente do WBA), além do deputado Pedro Westphalen, presidente da Comissão de Saúde da Câmara Federal, e Breno Monteiro, presidente da CNSaúde.

Monteiro destacou o potencial transformador da cooperação em saúde entre os países do BRICS, que representam aproximadamente metade da população mundial. “Estamos diante de um desafio enorme, mas também de uma oportunidade sem precedentes: construir soluções conjuntas para atender às demandas de bilhões de pessoas, com foco em acesso, qualidade e inovação”, afirmou a executiva.

A presidente da WBA também propôs avanços concretos na colaboração científica entre os países. “Por exemplo, hoje a nossa base de dados sobre doenças e medicamentos é toda norte-americana. Por que não podemos fazer uma base de dados semelhante com os países do BRICS?”, questionou.

Prioridades em saúde feminina

Janete Vaz, líder do Grupo de Trabalho em Saúde da WBA, enfatizou que doenças evitáveis e saúde mental feminina constituem desafios críticos para o bloco. “Nosso grupo defende uma ação coordenada e escalável entre os países para a construção de políticas públicas equitativas e baseadas em evidências, capazes de atender às prioridades compartilhadas e promover o bem-estar integral das mulheres”, explicou.

A especialista alertou que o câncer do colo do útero permanece como importante causa de mortalidade feminina em regiões de baixa renda, apesar da disponibilidade de ferramentas preventivas eficazes. Como resposta, o grupo propõe a ampliação da vacinação contra HPV, rastreamento e tratamento precoce. “Nossa meta é implementar um projeto-piloto em pelo menos uma cidade por país, com avaliação de impacto após um ano, criando um modelo escalável para outras localidades”, detalhou Vaz.

Outro ponto crítico abordado foi o aumento significativo de transtornos mentais entre mulheres no período pós-pandemia. Esta realidade é agravada por fatores como violência de gênero, vulnerabilidade econômica e acesso desigual aos serviços de saúde. O grupo de trabalho propõe o desenvolvimento de diretrizes comuns para triagem, diagnóstico e manejo de ansiedade e depressão nas redes de atenção primária, em parceria com os Ministérios da Saúde dos países BRICS e apoio técnico da Organização Mundial da Saúde.

O evento foi encerrado com uma cerimônia de premiação que homenageou Juliana Vicente (Informa Markets), Waleska Santos (fundadora e presidente da Hospitalar), o Grupo Mulheres do Brasil (representado por Annette Reeves, coordenadora do projeto ‘Juntos Contra o HPV’) e Breno Monteiro (presidente da CNSaúde), reconhecendo suas contribuições para o avanço da saúde no Brasil.