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O que o cooperativismo pode ensinar sobre ESG

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Atuo na gestão de cooperativa há mais de 30 anos, mais especificamente em cooperativas médicas. Nesse período, acompanhei o surgimento e desaparecimento de inúmeras siglas no mercado. 

Um conceito que tomou corpo, nesses últimos tempos, e que considero relevante para a sustentabilidade das organizações é o ESG, sigla do inglês para atenção ao meio ambiente, ao social e à governança. Observo que é a evolução de teorias e práticas corporativas, associadas às mudanças sociais e políticas em todo o planeta, e que vêm pautando o relacionamento com a sociedade. 

No cooperativismo, essas premissas já são bastante enraizadas e fazem parte do seu modelo societário, no qual o foco está no indivíduo e não no capital internalizado de cada associado na cooperativa. Ou seja, valoriza-se as pessoas e o trabalho. Já as práticas exploratórias ou predatórias não são estimuladas. 

A preocupação com as pessoas e com o meio ambiente é parte dos princípios cooperativistas, pois é de total interesse dos cooperados a manutenção de seus recursos ativos e disponíveis, em equilíbrio com as necessidades individuais e coletivas. Grande parte do agronegócio brasileiro é representado por cooperativas agrícolas, que concedem oportunidades aos pequenos produtores, democratizando o acesso ao mercado, às novas tecnologias e às melhores práticas de operação sustentável. 

Sustentabilidade também é palavra de ordem quando o assunto é finanças da organização, afinal todos são sócios do negócio e partilham de seus resultados, positivos ou negativos, na justa proporção que contribuíram para sua geração. Outra característica importante é que, no cooperativismo, não há concentração de riquezas, pois seu modelo é distributivo. 

Diversos pilares da governança corporativa de grandes empresas sempre fizeram parte das práticas cooperativas: gestão democrática, transparência nas decisões, sustentabilidade financeira, além dos já citados. 

Minha formação como médico e minha atuação em organizações cooperativistas me fizeram apaixonado pelo tema, pois possibilita a concretização de grandes objetivos da humanidade, como a igualdade de oportunidades, a distribuição da renda, o comércio justo e a desintermediação das relações econômicas, além da colaboração para o crescimento coletivo. 

E, quando falo em oportunidades, não posso deixar de lado a educação, identificada há muito tempo como um dos principais entraves do desenvolvimento brasileiro. 

O professor Rivadávia Drummond, profissional conhecido e respeitado no mundo todo na área da educação, aborda em suas palestras as tendências no setor, como a mentalidade “faça você mesmo”, o modelo híbrido (presencial e virtual), e os desafios de se criar jornadas de aprendizado personalizadas, escaláveis e disponíveis em qualquer hora, qualquer lugar e formato. 

Mas, algo muito importante que ele cita, é que as duas principais armadilhas da educação são a própria tecnologia e o conteúdo. Usar a tecnologia como o fim e não como o meio de se educar é uma armadilha, bem como acreditar que o conteúdo é o próprio aprendizado. Aprendizado é mais do que isso, aprendizado é propósito. 

E, para atender a essas questões, é preciso ter pessoas. Profissionais preparados e dispostos a abraçar essas tendências, com a missão de compartilhar conhecimento e construir novas gerações de profissionais e cidadãos. Para isso, contem com o cooperativismo, que tem na educação um de seus sete princípios. 

Parabenizo e agradeço a todos os profissionais que atuam no modelo cooperativista no Brasil. Convido a quem ainda desconhece detalhes deste modelo a se aprofundar, pois tenho a convicção de que os princípios cooperativistas devem estar na base da retomada econômica pós-pandemia, mais colaborativa, sustentável e responsável. 

Aos interessados em saber mais sobre o tema indico o site da Organização das Cooperativas Brasileiras

Sobre o autor

Helton Freitas, presidente da Seguros Unimed, da Fundação Unimed e diretor geral da Faculdade Unimed