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A Arte da Guerra na Saúde

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Oportunidades são chances favoráveis que a todos aparecem. Mesmo o mais pessimista dos profissionais deve estar preparado para agarrá-las, assim que surjam.

SE VOCÊ QUER TRAÇAR UMA ESTRATÉGIA CONSISTENTE para a sua atividade profissional em Saúde, uma boa maneira de começar é fazendo um levantamento dos seus pontos fortes – aquilo que faz melhor –, nos quais deve concentrar os seus esforços para oferecer a maior qualidade que o seu empenho pode produzir. Em seguida, é importante fazer um reconhecimento das eventuais fraquezas – aquilo que não faz tão bem – , que podem atrapalhar e até impedir a consecução dos seus objetivos.

Também é necessário mapear as ameaças que o ambiente, a concorrência e outros fatores relacionados ao trabalho podem trazer, para que, uma vez bem determinadas, você possa se proteger contra elas. Finalmente, é preciso estar atento para as oportunidades – sim, elas existem e existirão –, para poder agarrá-las assim que aparecerem.

Cerca de quinhentos anos antes da época de Cristo, viveu na China Sun Tzu, um estrategista militar que se tornou lendário em suas atividades marciais. Alguns estudiosos afirmam que o personagem que passou para a História é o resultado da fusão da biografia de mais de um general de sucesso daqueles tempos. A ele é atribuída A Arte da Guerra, uma compilação literária, com algum cunho filosófico, dos ensinamentos de combate desse mítico mestre.

Uma das lições de Sun Tzu diz textualmente “Concentre-se nos pontos fortes, reconheça as fraquezas, agarre as oportunidades e proteja-se contra as ameaças”. O leitor atento já reconheceu aí a semelhança com o que dissemos no primeiro parágrafo acima.

É que, passados mais de dois mil e quinhentos anos da época das campanhas de Sun Tzu, professores e pesquisadores de modernas universidades ocidentais começaram a publicar estudos relativos a métodos e instrumentos de análise estratégica em Administração de Empresas. Um deles é conhecido como SWOT, o acrônimo para as primeiras letras das palavras inglesas strengths, weaknesses, opportunities e threats, literalmente, forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, exatamente os quatro vocábulos utilizados no ensinamento milenar do estrategista chinês. Trata-se de valiosa lição tanto para o campo de batalha, como para o ambiente de negócios e do desenvolvimento das nossas carreiras profissionais.

De fato, tanto em um caso, como nos outros, todo mundo sempre terá os seus pontos fortes e é neles que se deve concentrar o principal de seus esforços, para que se possa fazer o melhor trabalho possível. Elencar as forças que se possui e focar as atividades nelas é o caminho indispensável para o bom desempenho e a vitória. Por outro lado, todos têm fraquezas e é preciso reconhecê-las. Em primeiro lugar, para reduzir seus efeitos negativos sobre aquilo que se faz; em segundo, para não concentrar esforço demasiado nelas, o que levaria a resultados medíocres e à perda de tempo e de recursos; e, finalmente, para que se possa, sem exageros e dentro das possibilidades, corrigir e melhorar aqueles aspectos mais débeis das próprias capacidades.

Da lição do mestre, percebemos que forças e fraquezas são componentes intrínsecos à nossa atividade, ou seja, são elementos internos de nossas organizações, departamentos ou do próprio repertório profissional individual e, ao trabalharmos neles, estamos de certo modo promovendo nosso progresso interior.  Mas há, é claro, os componentes externos a serem considerados e estes são exatamente as oportunidades e as ameaças.

Oportunidades são chances favoráveis que a todos aparecem. Mesmo o mais pessimista dos profissionais deve estar preparado para agarrá-las, assim que surjam. É feliz o verbo utilizado pelo general asiático, pois oportunidades não costumam ser freqüentes nem abundantes e, por isso, devem ser mesmo agarradas assim que se apresentem. Nos jogos, nos esportes, na guerra, nos negócios e na carreira profissional a vitória, muitas vezes, pode depender exclusivamente do oportuno aproveitamento de uma só delas. De modo simetricamente oposto se comportam as ameaças. Elas existem e irão surgir, mesmo para o mais otimista dos profissionais. Mais uma vez, o termo escolhido pelo general chinês foi exato, pois devemos nos proteger das ameaças, já que ninguém está livre de ser acossado por alguma.

Estratégias consistentes para a atividade profissional em Saúde podem seguir os milenares ensinamentos de Sun Tzu se estiverem baseadas, em linguagem atual, na análise SWOT. Uma análise assim, do panorama e das tendências da Saúde brasileira será, precisamente, o assunto de nossa próxima coluna.

Rubens Baptista Junior é consultor e palestrante em Gestão Estratégica, Saúde, Educação e Comunicações; professor no HC FM-USP e na FGV. www.rubens.med.br