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Como o Lean pode construir uma gestão de saúde eficiente?

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Para se minimizar a dependência dos heróis e construir sistemas de gestão que realmente funcionem, é preciso implementar um conjunto de novas práticas nas organizações, direcionadas para o cuidado com as pessoas

Dentro dos hospitais a figura do “herói” se faz ainda muito marcante e necessária. Médicos, enfermeiros, funcionários administrativos e de suporte trabalham para salvar vidas e cuidar do bem mais precioso que temos, as nossas vidas. Esses "heróis" são aqueles que, com seus superpoderes, vivem apagando incêndios dentro destas empresas. Isso significa resolver complicações após complicações, que surgem a todo o momento, em sua maioria frutos de processos mal projetados e de gestão frágil.

Trata-se de um fenômeno que ocorre em bases cotidianas dentro de boa parte das organizações e consome recursos valiosos, drenando energia e tempo muito nobres, além de afetar a qualidade do produto ou do serviço oferecidos.

Um livro que acaba de ser lançado no Brasil e, cuja autora, norte-americana, estará em São Paulo no começo de dezembro, mostra, em detalhes, porque não é necessário – e muito menos prudente – cultivar heróis na gestão em saúde.

Trata-se de “Além dos Heróis” , de Kim Barnas, presidente do Thedacare Center for Healthcare Value, organização nos EUA que dissemina por alguns dos mais importantes centros de saúde do mundo como adotar na gestão em saúde o sistema lean, filosofia originária do modelo Toyota.

O ThedaCare, por exemplo, um dos importantes centros de saúde dos EUA, que reúne mais de 6 mil funcionários, em 43 unidades, com mais de 250 mil pacientes, reestruturou seu sistema de gestão com base no sistema lean e, com isso, virou referência mundial no tema.

É com base nessa experiência única que Kim detalha exemplos práticos em seu livro sobre como construir, inspirados no modelo lean, sistemas de gestão robustamente eficientes e que consigam gerar soluções cotidianas para os problemas, sem que tenhamos de depender do típico herói que apaga incêndios.

Para isso, Kim explica como é possível implementar um novo modelo de gestão – e de liderança – cuja essência básica é criar as condições necessárias para que os problemas da organização sejam expostos, que fiquem visíveis para que todos possam vê-los, entendê-los e, claro, trabalhar para que sejam resolvidos.

O livro mostra porque é fundamental criar condições dentro da organização para que todos – do assistente ao presidente – tenham atenção concentrada na busca por problemas e oportunidades de melhoria. E, principalmente, na busca pelas reais causas desses problemas, causas essas que geralmente remetem a processos quebrados, que precisam ser consertados.

É o mesmo tipo de raciocínio que impera hoje em boa parte das empresas de manufatura que consideram, por exemplo, ser fundamental construir sistemas de produção que garantam qualidade no processo e não estejam sujeitos a inúmeras inspeções e constantes retrabalhos. É algo perfeitamente possível de se praticar também na gestão em saúde.

Para se minimizar a dependência dos heróis e construir sistemas de gestão que realmente funcionem, precisamos implementar um conjunto de novas práticas nas organizações, direcionadas para o cuidado com as pessoas. Isso vale pra hospitais, clínicas, fábricas e escritórios – qualquer ambiente. As pessoas devem ser capazes de resolver problemas usando métodos científicos e precisam ter meios de solicitar ajuda quando necessário. E isso precisa ser garantido pela gestão.

Nesse sentido, o livro “Além dos Heróis”, cuja autora estará no “Lean Summit Saúde”, dia 3 de dezembro, em São Paulo, detalha como desenvolver verdadeiros líderes nas organizações de saúde e não somente aqueles que se confundem com heróis. Desse modo, será possível construirmos locais de trabalho menos dependentes de poucas pessoas com superpoderes e mais estruturados em torno de gestores “normais”, mas com tempo e energia disponíveis para desenvolver pessoas, orientar comportamentos e aplicar os métodos e técnicas necessárias para se produzir resultados cada vez melhores.

*Por Flávio Battaglia, Diretor do Lean Institute Brasil