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Como o psicológico influencia na produtividade dos colaboradores

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Antes de me aprofundar no tema central deste artigo, gostaria que você, caro leitor, fizesse um breve exercício de reflexão e tente resgatar em sua memória quantas vezes já teve momentos nos quais sentia que o seu corpo estava presente, mas sua mente não. Com o pensamento distante, sentindo-se ausente e desconectado do momento presente. Imagino que, como qualquer outra pessoa, já deva ter se deparado algumas vezes com alguma situação similar a essas que descrevi.

Dentro do ambiente corporativo, chamamos este momento de desconexão como presenteísmo. Em linhas gerais, esse fenômeno ocorre quando um indivíduo se apresenta ao trabalho, mas não consegue desempenhar suas funções justamente por estar com a "mente longe", entrando em um estado em que encontra-se totalmente absorto emocionalmente, gerando falta de foco e comprometendo diretamente a saúde do funcionário e a sua correspondente contribuição com o trabalho.

E, muito embora o termo seja novo, tal situação ocorre há mais tempo do que conseguimos realmente imaginar. O presenteísmo é abrangente e pode surgir sob diversas formas como, por exemplo, quando o colaborador vai trabalhar mesmo estando doente (seja por questão física ou emocional), ou, ainda, quando estende o horário do expediente e trabalha mais horas do que o necessário.

São diversos os motivos que estão correlacionados a esse fenômeno. Sendo assim, preocupações rotineiras, medo de perder o emprego, problemas financeiros, complicações de saúde e questões de relacionamento podem construir um contexto prejudicial ao colaborador. Contudo, também é possível traçar uma relação direta com questões de saúde mental, como transtornos de ansiedade, depressão e a síndrome de Burnout. Para se ter uma ideia, estima-se que, somente nos casos de depressão, 80% das pessoas com o transtorno relataram algum nível de comprometimento funcional. Além disso, constata-se, também, que colaboradores com algum tipo de problema em sua saúde mental possuem uma produtividade seis vezes menor que aqueles que se encontram em um bom estado emocional. Além disso, estudos também indicam que o presenteísmo tem gerado um prejuízo ao Brasil de cerca de US$ 63 bilhões ao ano.

Logo, quando nos sobrecarregamos ou não estamos bem emocionalmente, não conseguimos atuar com o nosso melhor desempenho e, como consequência, perdemos a criatividade e a agilidade e ficamos paralisados, passando a entrar no "piloto automático". Isso porque, desta forma, o esforço torna-se menor e entramos em uma zona de conforto - porém nem sempre essa será a forma mais assertiva.

Inclusive, essa atitude pode trazer sérios consequências, pois, à medida em que as demandas aumentam, dedica-se mais tempo para fazer as mesmas coisas, deixando de buscar novas possibilidades. Sendo assim, a ansiedade e o presenteísmo tornam-se quase que inevitáveis em situações como essas.

Além disso, pode ser que a pessoa ache difícil atender a própria satisfação e encontrar propósito no que está fazendo, o que pode colocar sua saúde mental em risco e diminuir o rendimento. Inclusive, segundo uma pesquisa realizada pela Mind Share Partners - organização americana sem fins lucrativos para a saúde mental em ambientes corporativos - junto à SAP e Qualtrics, empresa líder em dados operacionais, 61% dos entrevistados admitiram que a produtividade caiu justamente por conta de questões relacionadas à saúde mental.

Sendo assim, temos um cenário muito desafiador pela frente. Por conta das rápidas e constantes mudanças que estamos vivenciando Brasil a fora, as empresas têm exigido cada vez mais dos funcionários, trazendo impactos severos tanto na saúde emocional dos indivíduos, quanto na saúde financeira dos negócios.

Mas, então, como reverter este quadro? Bem, investir na saúde mental, sem dúvidas, é o primeiro - e principal - passo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), para cada dólar investido em tratamento para transtornos mentais comuns, há um retorno de US$ 4 em melhoria da saúde e produtividade.

Dessa forma, os cuidados terapêuticos têm sido uma das melhores alternativas para cuidar da nossa saúde mental, trazendo benefícios a longo prazo na satisfação, qualidade de vida e também na produtividade sustentável das organizações. Aposte nessa ideia!

Sobre a autora

Priscila Yumi Hara é psicóloga da Telavita, clínica de saúde mental online, com experiência no desenvolvimento pessoal e profissional em empresas