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Controle do ebola deve levar mais quatro meses, diz Cruz Vermelha

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- Shutterstock
Alerta foi feita por responsável geral da Cruz Vermelha. Enquanto isso, países da Alba discutem envio de médicos aos países africanos afetados. Vacina e teste de identificação do vírus começam a ser testados

A epidemia de ebola vai demorar pelo menos quatro meses para ser contida se todas as medidas necessárias forem tomadas, disse nesta quarta-feira (22) o responsável geral da Cruz Vermelha, Elhadj As Sy, alertando para “o preço da inação”. A epidemia já causou mais de 4,5 mil mortes na África Ocidental e os especialistas alertam que a taxa de infecção poderá chegar a 10 mil por semana no início de dezembro.

Ainda não há vacina aprovada para o ebola, que também atingiu profissionais da saúde na Espanha e nos Estados Unidos.

Elhadj As Sy listou uma série de medidas que poderiam ajudar a colocar o ebola sob controle, incluindo “um bom isolamento, bom tratamento dos casos confirmados, e bom, seguro e digno enterro às pessoas falecidas”. “Será possível, como era possível no passado, conter esta epidemia dentro de quatro a seis meses” se a resposta for adequada, acrescentou.

“Eu acho que esta é a nossa melhor perspectiva e nós estamos fazendo todo o possível para mobilizar nossos recursos e nossas capacidades para travar o surto”, destacou. As Sy, que falava em uma conferência da Cruz Vermelha da Ásia-Pacífico, acrescentou que “há sempre um preço pela inação”.

Novas medidas serão adotadas hoje nos Estados Unidos, entre as quais os voos dos países mais afetados – Libéria, Serra Leoa e Guiné-Conacri – serão encaminhados para cinco aeroportos e os passageiros passarão por exames mais completos de saúde.

Entretanto, especialistas que escrevem para a revista The Lancet, disseram, na terça-feira (21), que a triagem dos passageiros nos aeroportos de saída seria uma opção melhor do que monitorá-los no destino da viagem.

Boliviarianos
Após a reunião de cúpula em Havana para discutir ações de combate ao ebola, os países-membros da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) definiram um plano de ação integrado com 23 pontos para enfrentar a epidemia que já matou mais de 4 mil pessoas na África Ocidental. Além de mais de 9 mil casos registrados em sete países (Libéria, Serra Leoa, Guiné-Conacri, os mais afetados, e Nigéria, Senegal, Espanha e Estados Unidos).

Os pontos definidos na reunião de cúpula extraordinária da Alba, que contou com chefes de Estado e ministros da saúde de 12 países da América Latina e do Caribe, entre eles Raúl Castro, de Cuba, Nicolás Maduro, da Venezuela, e Evo Morales, da Bolívia, destacam a preocupação e prioridade do bloco no combate ao ebola, prevenindo a entrada do vírus na região e atuando com profissionais na África.

A prevenção nos países da região será sistematizada por meio da Rede de Vigilância Epidemiológica da Alba, cuja criação foi acordada durante reunião de ministros da Saúde do bloco em fevereiro deste ano, em Caracas. Também serão reforçadas ações de vigilância e controle epidemiológico nas fronteiras, principalmente nos portos e aeroportos.

O plano também prevê apoio às equipes médicas voluntárias cubanas, especializadas no enfrentamento a desastres e grandes epidemias, que trabalham na África. Depois de ter enviado, no início do mês, 165 médicos e enfermeiros a Serra Leoa, Cuba mandou hoje mais 91 profissionais (39 médicos e 48 enfermeiros) para a Libéria e Guiné-Conacri.

“Nesse sentido, expressamos nossa disposição como Aliança Bolivariana em contribuir com pessoal de saúde altamente qualificado, para que se somem aos esforços deste contingente em tarefas que sejam requeridas na região latino-americana e caribenha”, informa o documento assinado pelo grupo.

Outros pontos prioritários destacados são o estabelecimento de mecanismos nacionais para diagnosticar e isolar rapidamente os supostos casos de infecção, levando em conta os critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o esforço para a formação de pessoal de saúde especializado na prevenção e combate ao ebola nos países da Alba a partir da experiência acumulada.

Nos dias 29 e 30 de outubro, especialistas e técnicos dos países-membros da Alba voltam a se reunir na capital cubana para fechar os últimos detalhes do plano de ação que os ministros da Saúde do bloco devem finalizar até 5 de novembro. Na segunda-feira (20), o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediu à comunidade internacional para seguir o exemplo da Alba na luta contra o ebola.

Recentemente, o governo brasileiro anunciou que enviará mais dez kits de medicamentos e insumos, suficientes para atender cerca de 5 mil pessoas por três meses, e ajuda humanitária de R$ 13,5 milhões em alimentos para os três países mais afetados pela epidemia de ebola: Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria. Ao todo, serão enviados, por meio do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, 6,4 mil toneladas de arroz beneficiado e 4,6 mil toneladas de feijão. Anteriormente, o Brasil já havia enviado 14 kits para os três países e doado R$ 1 milhão à OMS.

Vacina
A vice-diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Marie-Paule Kieny, disse na terça-feira (21) que uma vacina contra o ebola será testada em janeiro de 2015 nos três países mais afetados pela epidemia da doença – Guiné, Libéria e Serra Leoa. Em entrevista, Kieny destacou que pelo menos duas vacinas em desenvolvimento devem entrar na fase de testes clínicos nas próximas semanas em diversos países. Segundo ela, os resultados relacionados a segurança e capacidade de imunização das doses devem ser divulgados até o final deste ano.

A médica lembrou que ainda não foram definidos grupos prioritários para receber a vacina, mas que a probabilidade é que eles incluam profissionais de saúde, além de parentes e contatos diretos de pessoas infectadas. “Todas essas possibilidades estão sendo discutidas neste momento, mas nenhuma decisão foi tomada ainda”.

Diagnóstico
Pesquisadores franceses desenvolveram um teste de diagnóstico rápido do ebola. A prova detecta o vírus em menos de 15 minutos, conforme anunciou o Comissariado para a Energia Atômica e Energias Alternativas (CEA).

Segundo o CEA, o teste, idêntico ao de gravidez, “poderá ser utilizado, sem necessidade de material específico, a partir de uma gota de sangue, plasma ou urina”. Acrescentou que a verificação permitirá respostas, em menos de 15 minutos, para qualquer paciente que apresente sintomas da doença.

Criado por uma equipe do CEA, o teste foi validado por um laboratório de alta segurança do Instituto Farmacêutico Jean Mérieux, em Lyon, no Centro-leste da França.

A fase de industrialização deve começar em breve, por meio da empresa francesa Vedalab, líder europeia de testes rápidos. De acordo com o CEA, um protótipo estará disponível a partir do fim deste mês.

Os atuais testes de diagnóstico do ebola, com base na detecção genética do vírus, levam, em média, pouco mais de duas horas e têm de ser realizados exclusivamente em laboratório.