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Diversidade em Conselhos ainda é pauta no Séc XXI

Article-Diversidade em Conselhos ainda é pauta no Séc XXI

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Espero que daqui a alguns anos, falar sobre diversidade seja um assunto sem sentido e desconexo da realidade.  Espero que você que esteja lendo esse texto daqui a uns 30 anos tenha um misto de indignação e assombro, de como em pleno século XXI, mulheres, negros e todos os grupos minorizados, ainda lutavam por equidade e igualdade de oportunidades no mercado corporativo.

Estamos em janeiro de 2021, um dia qualquer, em um lugar qualquer do Brasil, ainda vivendo em um período pandêmico, a Era Covid – E.C, originada por um vírus que dizimou milhares de vidas, entre o luto e a esperança de uma vacina efetiva para todos, seguimos pautando  a importância das organizações promoverem a inclusão social e serem agentes de transformação para uma sociedade mais igualitária.

No ápice da pandemia, as desigualdades sociais tornam-se mais explícitas,  o assassinato de um homem negro nos EUA, culmina em  uma série de protestos sobre a questão do preconceito racial - o movimento Black Lives Matter ganha uma proporção mundial, e traz luz ao racismo estrutural no Brasil  As organizações são impelidas a se posicionar para além de notas de apoio, ou simples notas de repúdio.   Investidores institucionais passaram a exigir um report claro sobre como as ações de diversidade, das empresas investidas, como, por exemplo, Human Capital Management Coalition e State Street Global Advisors (SSGA), divisão de gerenciamento de ativos da State Street Corporation. (1)

Em terras tupiniquins, o tema da Diversidade, principalmente em conselhos de administração avança em passos lentos.  O estudo 2020 U.S. BoardIndex S&P 500, da Spencer Stuart, somente 11% dos cargos em conselhos são ocupados por mulheres. E se fizemos o recorte racial, chegamos a menos de 0,5%. Mesmo cientes, que mais diversidade aumenta a lucratividade e inovação, ainda há muita relutância em mudar o status quo. 

O crescente ativismo nas questões de ESG (Environmental, Social and Governance), fortalece a importância de uma corporação mais diversa, resiliente e inovadora, que possa se adaptar rápido as mudanças e tenha uma atuação assertiva em momentos de crise, como o que vivemos. Como discutir estratégia quando a cultura do conselho e background dos conselheiros é praticamente homogênea?  O que torna imperativo  para as empresas a coragem de propor uma mudança ativa, e buscar construir um pipeline de colaboradores mais diverso, inclusive e principalmente nos conselhos.

Por convicção ou conveniência, o momento é agora. As empresas que conseguirem sair do discurso à prática, nesse tema especificamente, terão seus riscos reputacionais mitigados e ampliarão a capacidade de atrair e reter talentos, e principalmente um olhar diferenciado dos investidores, clientes e demais  stakeholders. 

 1 Richard F Lacaille, “Diversity Strategy, Goals & Disclosure: Our Expectations for Public  Companies,” State Street Global Advisors, August 27,2020.

Este artigo é assinado por Jandaraci Araújo e foi extraído no e-book do Grupo Mulheres do Brasil que trata sobre os desafios das mulheres em posições de liderança. A publicação é uma das frentes  de ação do Comitê 80 em 8 e amplia o debate sob a ótica de mulheres que já foram ou ainda estão na alta liderança de pequenas, médias e grandes corporações. Para saber mais @mulheresdobrasil .

Sobre Jandaraci Araújo

Janda é Co-fundadora do Conselheira 101, programa de incentivo à presença de mulheres negras em conselhos de administração. Atuou como Subsecretária  de Empreendedorismo, Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo também foi Diretora Executiva do Banco do Povo Paulista (primeira mulher deste a sua criação em 97 a ocupar o cargo).  É Conselheira Emérita do Capitalismo Consciente Brasil.  Também é palestrante, professora de Finanças Corporativas de pós-graduação e consultora.

Possui MBA em Finanças e Controladoria pela Fundação Getúlio Vargas, MBA Executivo pela Fundação Dom Cabral. Se especializou em Gestão Estratégica pela Business School e Inteligência Competitiva pela ESPM São Paulo. Janda é conselheira da Women in Leadership in Latin America (WILL), ONG voltada para o empoderamento feminino nas organizações e voluntária no Grupo Mulheres do Brasil e Embaixadora do Mulheres do Varejo. Atua também como diretora financeira da Aristocrata Clube. Em 2019, palestrou na TEDxSão Paulo. Em breve lançará o livro “Mulheres nas Finanças”, pela editora Leader, onde contará sua trajetória e experiências.