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DRG, Rol, ATS, GDC... mas e as pessoas ?

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Sem dúvida, há o grande desafio das experiências atingirem uma escala apreciável no total das carteiras das operadoras, aumentar a integração com a rede assistencial e incorporar recursos tecnológicos na atenção e na gestão

O ano de 2017 foi repleto de eventos envolvendo a saúde suplementar no Brasil. Sem dúvida, o ano foi muito bom para as empresas responsáveis por organizar tais eventos corporativos.

Temas como fraudes e desperdícios no  sistema, judicialização, incorporação de tecnologia, modelos de remuneração, impactos econômicos do novo rol de procedimentos da ANS foram discutidos à exaustão.

Neste momento, em que se busca a sustentabilidade econômica do sistema de saúde privado no Brasil, surge uma grande oportunidade de sinergia entre os diferentes stakeholders, em um novo estágio, onde não se discutem as "dores" do sistema, nem se transferem as responsabilidades e idiossincrasias de um setor para outro ou se buscam apenas aplicar as velhas fórmulas(muitas das quais não funcionaram em outros países).

Como afirmou Drauzio Varella em recente entrevista na Folha de São Paulo: "Reduzido à condição de número, o paciente deixou de ser o centro da atenção e a razão de existir do sistema".

Uma boa alternativa seria abordar a "meta fantasma" do triple aim como um recente artigo publicado no New England Journal of Medicine Catalyst chamou a abordagem em saúde populacional. Sem dúvida, se busca controlar os custos sem pensar nas pessoas que são usuários do sistema. A organização do cuidado e um novo modelo assistencial são fundamentais neste contexto. Não se trata de buscar e contratar novos produtos e serviços no mercado, mas organizar adequadamente os serviços ora prestados.

Neste contexto, o laboratório de inovação da OPAS em parceria com a ANS publicou um edital para identificar boas práticas em atenção primária à saúde (APS) na saúde suplementar. Quarenta e duas operadoras de saúde inscreveram suas experiências. O desafio era ir além do mero "gatekeeper" que limita o acesso do beneficiário aos serviços, mas incluir os atributos da APS, conforme proposto por Barbara Starfield, ao programa proposto.

Como se sabe, basicamente, se propõe que o programa contemple (1) porta de entrada com acesso e utilização do serviço de saúde como fonte de cuidado.A adoção de ferramentas apropriadas de trabalho gerencial, tais como a abordagem multidisciplinar, o planejamento das ações, a organização horizontal do trabalho e o compartilhamento do processo decisório podem contribuir significativamente para oferecer atenção ao primeiro contato (2) longitudinalidade com a existência de uma fonte continuada de atenção, assim como sua utilização ao longo do tempo e a existência de uma fonte regular de atenção e seu uso ao longo do tempo, independente da presença de problemas específicos relacionados à saúde ou do tipo de problema. (3) Integralidade com ações que o serviço de saúde deve oferecer para que os usuários recebam atenção integral incluindo ações de promoção, prevenção, cura e reabilitação adequadas ao contexto da APS. (4) Coordenação do cuidado, com continuidade na atenção, seja por parte do atendimento pelo mesmo profissional, seja por meio de prontuários médicos, ou ambos, além do reconhecimento de problemas abordados em outros serviços e a integração deste cuidado no cuidado global do paciente. O provedor de atenção primária deve ser capaz de integrar todo cuidado que o paciente recebe através da coordenação entre os serviços.

De um modo geral, as iniciativas neste campo sempre foram muito tímidas, não indo além de treinamentos, visitas técnicas, ações pontuais, grupos pilotos intermináveis, muitas vezes com funcionários da própria operadora ou a criação de portas de entrada para limitação de acesso, sem contemplar todos os atributos da APS.

A comissão do laboratório de inovação selecionou algumas experiências que merecem estudo mais aprofundado e constatou que houve um avanço inegável com incorporação de equipes multiprofissionais, utilização de sistemas de informação, diretrizes clínicas, linhas de cuidado e integração com a rede assistencial. Surgem indicadores clínicos e administrativos analisados em plataformas integradas.

Sem dúvida, há o grande desafio das experiências atingirem uma escala apreciável no total das carteiras das operadoras, aumentar a integração com a rede assistencial e incorporar recursos tecnológicos na atenção e na gestão. No entanto, abre-se um caminho promissor que deveria merecer maior atenção das lideranças do setor.