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Hospital estrangeiro, você está preparado?

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Caro leitor, fico feliz em retornar  e voltar a compartilhar nesse espaço as mudanças e aflições que nosso setor de saúde sempre nos brinda.

Ultimamente, tem sido difícil sair do assunto da abertura de investimento estrangeiro em hospitais e vou deixar aqui meus pontos de vista.

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Comparo o momento a pontos de inflexão similares que tivemos em outros setores e que foram de fato transformacionais, como o ocorrido com bancos quando do ocaso da inflação em meados da década de 90. Ali também houve a atração de novos players estrangeiros e foi um divisor de aguas para o setor, com fortalecimento de alguns e desaparecimento de outros.

Assim como o setor bancário vivia do floating, creio que os hospitais vivem da baixa competitividade, acertando as lacunas de gestão via preço e fornecedores. A diferença é que o overnight dava muito dinheiro e nossas ineficiências na saúde, não, apenas mascaram incompetências isoladas e alongam uma subsistência de baixo investimento.

Teremos sim participação de capital estrangeiro em hospitais agora, em uma primeira onda de investidores financeiros, se matando para serem os consolidadores do setor, para em cerca de cinco anos venderem para investidores estratégicos (players de saúde). Vários pontos ainda rondam em como se darão esses investimentos, tendo em vista que boa parte dos hospitais de referência particulares são filantrópicos e inaptos, por hora, de receber sócios e distribuir lucros, além do fato das medicinas de grupo e cooperativas poderem ter seus próprios hospitais.

Outro ponto que tenho destacado é o fato de não termos ainda consolidado uma “gestão de rede de hospitais padrão” com um benchmark internacional lucrativo. Hospital não tem ganhos de escala óbvios como outros setores. Espero que nós brasileiros sejamos em um futuro próximo “o benchmark global” em redes de hospitais, assim como fomos com bancos de varejo. Fomos pioneiros mundiais em terminais eletrônicos via satélite cobrindo a extensão do Brasil desde final da década de 70, compensávamos cheques em 48 horas desde década de 60, inventamos o “boleto bancário” que pode ser pago em qualquer agência de qualquer banco e somos sim geniais em benchmark em bancos de varejo.  Seremos também em rede de hospitais?

Vendo as atuais redes nacionais investindo em gestão, processos, informática, padronização e meritocracia, parando de repetir o discurso de que se formando grandes redes de hospitais, se consegue poder de negociação junto a fornecedores e clientes, clichê óbvio e nem sempre verdadeiro de qualquer fusão em qualquer setor.

Arriscaria o seguinte cenário como o mais provável após a entrada de capital estrangeiro: forte investimento em gestão com busca na captação de sinergias e não apenas volume e massa crítica, atração de executivos de outros setores para trabalhar em hospitais, padronização de atendimento e forte protocolização, maior aproximação com o end-user (pacientes e familiares) e maior cobrança por resultado e prestação de conta.

Estamos preparados? Se não, nossos sucessores estarão!