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Peculiaridades desafiam governança corporativa em Saúde

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Comissão setorial do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa lança livro - que reúne lideranças consagradas - com reflexões sobre modelos possíveis para empresas do setor

Em se tratando de implementar as melhores práticas da governança corporativa no setor da Saúde, seria possível utilizar os mesmos conceitos estabelecidos para todos os outros setores produtivos? Qual seria a maior particularidade? “Existe um personagem: o médico”, ponderou de pronto Luiz de Luca, superintendente corporativo do Hospital Samaritano de São Paulo e coordenador da comissão setorial de saúde do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, o IBGC. “Ele é o personagem principal deste processo.”

De Luca é também o coordenador do livro Governança corporativa em saúde: conceitos, estruturas e modelos, lançado na terça-feira (7) em São Paulo. Em uma breve palestra, o administrador reconhece que, embora harmônica no caso do Samaritano, nem sempre a relação com os profissionais médicos e a gestão é fácil. “A gente tem que entender o propósito e a formação do profissional, que na saúde é diferente de outras situações de mercado.”

O IBGC, embora tenha de início sido avesso à ideia de segmentar os modelos de governança, “acabou entendendo” que a saúde é bastante particular. Por isso a publicação reflete, segundo de Luca, o ponto de vista de profissionais consagrados do setor, de empresas que implementaram com sucesso modelos distintos de governança, e que foram convidados a contribuir com artigos sob diferentes temas. “Não temos a pretensão de mostrar qual é o certo”, disse.

São 25 autores, entre os quais Claudio Luiz Lottenberg, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein; Edson Bueno, investidor e diretor-presidente da Amil Internacional; Francisco Balestrin, presidente do conselho de administração da Anahp; Paulo Chapchap, superintendente de estratégia corporativa do Hospital Sírio-Libanês; entre outros especialistas de peso, que transitam não só entre a medicina e a gestão, mas também entre o direito, a regulação e a economia.

“O objetivo foi discutir e trazer profissionais da área”, explicou de Luca. “Permitir fazer uma governança mais profunda no setor de saúde.”

Diversidade e particularidades
Vários stakeholders interagindo de forma muito complexa, em um setor de forte regulamentação estatal e permeado por pesadas questões éticas e de responsabilidade, e que ainda é resistente em adotar práticas mais transparentes. “Por isso vejo a governança como algo fundamental para o setor de Saúde”, disse Marcelo Noll Barboza, presidente para o Brasil e a Argentina da farmacêutica Valeant, além de ex-CEO (e atual membro do conselho de administração) do Grupo Dasa.

Em palestra durante o lançamento do livro do IBGC, Barboza ressaltou a importância do tema para todos os elos da cadeia de Saúde, incluindo fabricantes de equipamentos (o executivo foi vice-presidente para a América Latina da GE Healthcare), que “ganham na disponibilidade e qualidade de informações sobre os clientes”, e no setor de medicina diagnóstica. O Dasa, por exemplo, primeira empresa do setor a abrir capital, conseguiu com a transação evoluir seu valor de mercado de R$ 1,5 bilhão para R$ 4,8 bilhão.

No caso da Valeant, farmacêutica multinacional focada em medicamentos neurológicos, dermatológicos e para doenças infecciosas, o modelo de operação descentralizado e baseado em aquisições exige uma espécie de “governança à distância”, no qual o trabalho de gestão de risco feita por auditoria interna ganha protagonismo. Mesmo esse modelo mais livre, quando bem governado, permitiu à empresa alcançar o valor de US$ 50 bilhões.

Roberto Faldini, cofundador do IBGC, ex-presidente da CVM e consultor em governança corporativa, sucessão familiar e fusões e aquisições (M&A), também refletiu a respeito da possibilidade de adotar modelos distintos de governança. “Será que as empresas precisam de capital aberto? Sim ou não, dependendo de suas vocações. Mas precisam sim ter os princípios de governança corporativa”, disse ao auditório.

Refletindo ainda a respeito da importância dos conselhos consultivos, Faldini destacou a necessidade de manter uma relação harmônica entre os sócios e conselheiros. Segundo ele, é necessário aumentar a participação de mulheres e de outros segmentos e setores ainda pouco presentes nos conselhos, uma vez que “a diversidade é importante, mas com competência”.