Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ter saúde é gozar de bem-estar físico, mental e social. Partindo desse princípio, é possível pensar que a proposta de cuidado necessita ter em vista a assistência à pessoa humana.
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O processo de humanização no Brasil foi iniciado pelo SUS entre 1970 e 80, com o "Movimento da Reforma Sanitária". Ele surgiu para resolver os graves problemas enfrentados pelo setor público, como a falta de atendimento para toda a população. Pode-se dizer, portanto, que o SUS, é que inaugura esse novo conceito, firmado em 2001, no Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), do Ministério da Saúde. O programa busca estender o conceito de humanização para toda instituição hospitalar, pela implantação de uma cultura organizacional diferenciada, que visa o respeito, a solidariedade e o desenvolvimento da autonomia e da cidadania dos profissionais de saúde e dos pacientes.
Atualmente, o sistema público, estabelecendo vias de orientação, formação e conscientização de seus projetos, formou capacitadores, distribuídos por todas as regiões do Brasil. Esses profissionais, contratados pelo Ministério da Saúde, constituem, junto com representantes das secretarias estaduais e municipais de saúde, grupos responsáveis pela divulgação do PNHAH em de cada região. Com o apoio logístico das Secretarias de Saúde que participam do Programa e com a participação de seus representantes, os grupos são responsáveis pela capacitação técnica dos representantes dos hospitais e pelo acompanhamento e supervisão do trabalho realizado nas instituições participantes. O objetivo do Ministério da Saúde é construir uma rede de humanização, que será meio de acesso e informação para pacientes e profissionais.
Os hospitais privados seguem a nova proposta estabelecendo estruturas cada vez mais individualizadas de atendimento ao paciente. Realizam auditorias e investem na formação de seus profissionais, que agora vêem o paciente como um cliente. Esse novo foco, de início, pode parecer meramente capitalista e parece não resolver o problema inicialmente apontado de humanizar o atendimento. No entanto, o olhar que se tem agora, é da atenção especial. Tendo o direito primordial do atendimento com qualidade e respeito garantidos, o paciente vê-se amparado por um modelo assistencial que assume os conceitos da humanização. Dessa forma, todos os profissionais envolvidos nesse meio tornam-se responsáveis pelo atendimento humanizado, desde a recepção, passando pela enfermagem, equipe médica e até o pessoal dos serviços gerais. Todos seguem um padrão de atendimento que visa o ser humano, que naquele momento padece de uma enfermidade. Esse cliente merece os melhores cuidados que seu plano pode oferecer.
Claro que há ainda a crítica ao poder aquisitivo, que estabelece o padrão de cada atendimento. Mas, a humanização não está diretamente ligada à estrutura, mas ao humano. Dessa forma, o material essencial usado para esse fim é a pessoa do profissional que, entendendo o princípio do cuidado humanizado, busca atender eqüitativamente a todos.
A formação atual dos profissionais de saúde exige a construção de um caminho pedagógico que passa inevitavelmente pela sua formação humana, por isso, disciplinas como ética, bioética, pastoral da saúde, psicologia fazem parte do conteúdo programático de muitos cursos. Não é mais aceitável um atendimento que exclua o paciente do processo de sua própria recuperação. A formação atual desses profissionais dá ênfase ao trabalho conjunto, buscando integrar paciente e equipe de saúde, pois tendo todos o mesmo objetivo, cabe-lhes trabalhar juntos para alcançá-lo. Assim, a humanização da saúde inicia na formação do profissional, com o desenvolvimento dos conceitos de respeito, amor, valor e inclusão.
* Elsa Santos Lima é filósofa e professora da ETECLA Escola de Enfermagem. Pós-graduanda em Ética, ministra as disciplinas de Ética, Bioética, História da Enfermagem e Pastoral da Saúde.
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