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Relação médico-paciente: como articular essa mudança?

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Mesmo com os avanços tecnológicos ainda persistem aqueles que se recusam a incorporá-los em suas ações diárias

A MUDANÇA DE PARADIGMA no atendimento do paciente e na relação médico-paciente é notória nos dias atuais. Com o avanço da Tecnologia de Informação e Comunicação, o médico deixou de ser o detentor do conhecimento. Os pacientes são informatizados e modificaram a posição passiva e frágil para uma posição ativa e participativa, contribuindo para uma nova relação médico-paciente, mais construtiva e potencializada. Deixou de existir um monólogo para dar lugar a um verdadeiro diálogo entre o médico e o paciente.

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É possível ser um médico inovador?

Apesar dessa mudança e do Brasil ser considerado uma potência na adoção de tecnologias, os profissionais atores da área da Saúde não têm acompanhado a velocidade de incorporação dessas inovações e usufruído da potencialidade dos avanços tecnológicos. Ainda persiste aqueles que se recusam a incorporar o avanço tecnológico em suas ações diárias. Como colaborar? Exercitar a hélice tríplice, isto é, articular a integração da empresa tecnológica, dos

profissionais da Saúde e da universidade, o que poderá acelerar a velocidade de incorporação desses avanços.

Sabe-se que o custo da Saúde em especial no tocante a novas tecnologias tem aumentado de forma exponencial. Por outro lado, a tecnologia diagnóstica possibilita diagnóstico precoce e, por sua vez, rapidez e efetividade no tratamento, reduzindo intervenções desnecessárias, possibilitando a prevenção da evolução da doença e a gestão do sistema nas diversas etapas.

Consequentemente melhora a qualidade de vida dos pacientes, dos profissionais que atuam direta e/ou indiretamente e do sistema como um todo possibilitando outras formas de atuação na Saúde (como monitoramento à distância dos pacientes, dos profissionais e dos ambientes da infraestrutura). Tal a importância da tecnologia no mundo, que a tecnologia diagnóstica por imagem é considerada um índice de qualidade de saúde. Assim sendo, a tecnologia não

pode ser considerada como “custo” mas como um investimento em saúde.

Existe sinergia do conhecimento e da tecnologia em favor do paciente, fortalecendo a relação médico-paciente. A adoção de novas tecnologias na área da Saúde acarretará enorme transformação e impacto organizacional e revolucionará o ensino na graduação e na pós graduação sensu lato e stricto na grande área da Saúde.

O cuidado que se deve ter é a perda do foco no paciente concentrando sua dedicação quase que exclusivamente na tecnologia enfraquecendo a relação médico-paciente. Paralelamente ao avanço tecnológico temos acompanhado o crescimento e a valoração da Bioética que tem ressaltado a essência da relação médico-paciente simultaneamente à incorporação da tecnologia nas novas formas de prevenção, tratamento e prognóstico.

A cada dia, inevitavelmente estaremos (profissionais da Saúde) e pacientes incorporando o mundo da tecnologia eletrônica e digital (mobile health: m-Health) no nosso dia a dia. Uma questão a ser abordada é a escolha e decisão da incorporação dessas novas tecnologias na prevenção e tratamento e na relação médico-paciente à distância. Assim sendo, há necessidade de colocar na balança das novas práticas tecnológicas de promoção à saúde, a eficácia, a

efetividade e a confiabilidade desses avanços versus riscos, regulamentação, custo, heterogeneidade da relação médico-paciente e questões médico-legais.

*Lydia Masako - Professora titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Integrante da Comissão Científica da Medtech Conference Brazil

**Esta reportagem está na edição de outubro-novembro-dezembro da Saúde Business