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"Sem o caos, não há inovação"

Article-"Sem o caos, não há inovação"

FIS (558)

Esta semana acompanhamos o Fórum Inovação Saúde (FIS), evento que acontece no Rio de Janeiro, e se propõe ao seu final, produzir um documento formal com as propostas concretas que serão encaminhadas aos formuladores e gestores das políticas de saúde nacional. “Eu acho que o Rio é o local ideal para este evento, temos diversas universidades e institutos de pesquisas. Reunimos aqui inteligência e pessoas com DNA de pesquisa, que pode servir muito para a inovação da saúde brasileira”, disse Josier Vilar, Presidente do FIS, sobre a escolha de sediar o evento fora de São Paulo.

Dentre os destaques da programação, Paulo Chapchap, CEO do Hospital Sírio Libanês, Henrique Salvador, presidente da Rede Mater Dei de Saúde, e Maurício Lopes, vice-presidente executivo da Rede D’Or São Luiz, debateram sob a moderação de Ary Ribeiro, CEO do Hospital Sabará, as experiências inovadoras de gestão e governança na saúde.

Chachap mostrou a avançada mudança na estrutura organizacional que o Sírio Libanês passou nos últimos anos. “Criamos grupos ágeis, totalmente dedicados e autônomos, com objetivos relevantes. E isso não tem nada a ver com KPIs. Os objetivos estão fora do core, em um ambiente estável, ou no máximo, com mudanças incrementais, não disruptivas. Os squads estão focados em resolver problemas realmente diferentes dos problemas do dia a dia, visando a introdução de novas tecnologias.”, explicou.

Segundo ele, após quase dois anos do laboratório de inovação ser criado, já existem muitos resultados devido à rápida entrega em sprints. As pessoas, que em um momento poderiam ser receosas quanto à mudança, já pedem por mais e estão engajadas, falando a linguagem da inovação. “Não estou dizendo que é fácil, e não adianta organizar os grupos em comitês. É preciso organizar em unidades funcionais”, e complementou “E quando eles batem cabeça, deixo que se resolvam! Não tem sentido eu ser protagonista, é a tal da hierarquia do conhecimento. Que conhecimento eu tenho para discutir questões financeiras com o meu CFO? Se eu tiver um profundo conhecimento, teríamos que trocar de posição. Então naquela área, os squads tem que ter autonomia para decidir.”

Outro ponto fundamental para a reestruturação do hospital em direção à transformação organizacional foi o trabalho de reavaliação das competências de gerentes, superintendentes e diretores, através de uma análise e metodologia externas. Houve um plano de desenvolvimento para aqueles que se propuseram a caminhar nesta direção, e um plano de substituição para os demais. “Sem o caos, não há inovação”, explicou Chapchap em relação às mudanças citadas anteriormente.

Maurício e Henrique abordaram as formas de se relacionar e gerir a atividade médica, e como administrar os resultados nesses modelos. Maurício conta que um dos aprendizados do processo é a maior qualidade assistencial quando colocada uma segunda instância de diálogo com o corpo clínico. De acordo com o executivo, quando o médico está no plantão, ele tem muito menos tempo de entender a dinâmica completa do paciente do que outro médico que teve a oportunidade de compreender o paciente como um todo e conhecer o seu histórico. “Na hora que colocamos mais informação, nem que seja no beira leito, que interfaceie com o corpo clínico por completo, conseguimos trazer mais assertividade para o encaminhamento”.

Henrique conta que trazer o médico para participar da estratégia é fundamental e facilita a adesão ao modelo proposto. Isso inclui sentar periodicamente com as equipes, projetar dados, comparar os resultados das equipes. Por ser um movimento virtuoso, as pessoas acabam percebendo os benefícios.

Chapchap completa dizendo que deveríamos nos livrar dos arquétipos de médicos não poderem ser incorporados à gestão ou pacientes não participarem do seu cuidado, por exemplo. “Nós podemos fazer muito melhor do que estamos fazendo se trouxermos todos para resolver o problema. E resolver isso baseado em gestão e análise de dados. Estamos levando algumas ideias como se fossem verdade. APS é uma boa porta de entrada, orienta os pacientes, mas falar que resolve 80% dos casos, não resolve. Só resolve se houver uma integração total de dados disponíveis nas mãos dos médicos, com alta fluidez dessas informações. O que não existe hoje, em nenhum lugar do mundo”

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