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AppLab: o hub de medicina digital do Mount Sinai

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Durante a nossa passagem por Nova Iorque, conhecemos Jason Rogers, responsável pelo programa AppLab no Mount Sinai. O AppLab é um laboratório de inovação para tecnologias digitais, em especial, aplicativos. Ao todo, o Mount Sinai possui oito hospitais, uma escola de medicina e uma rede ambulatorial de serviços, um dos mais respeitados grupos de saúde dos Estados Unidos. Eles são o maior empregador não governamental do Estado, e são responsáveis por mais de 3 mil leitos, e 180 mil internações ao ano.

“Aprendemos algumas lições nessa jornada. A primeira é que existe um problema de abundância de aplicativos. Somente nos EUA são mais de 300 mil aplicativos digitais para a saúde, e nós entendemos que precisamos fazer parte da solução. A nossa contribuição é realizar uma curadoria dos aplicativos apoiados por evidências em uma plataforma chamada RxUniverse. Na verdade, não apenas a curadoria, mas na entrega desses serviços de medicina digital para os pacientes. A segunda lição é a constatação de que não bastava a indicação de um aplicativo, os pacientes muitas vezes tinham dificuldade em começar, em aprender as funcionalidades e incorporar esse processo em sua rotina de cuidado.” explicou Jason.

A proposta é ser um hub no espaço da inovação e medicina digital no sistema de saúde a partir do desenvolvimento de tecnologias e validação de software. Porém, Jason conta que este não é um processo isolado dos outros players. O NodeHealth é a rede de evidências digitais do Mount Sinai, e compartilha desde 2016, dados sobre o impacto e o sucesso de pilotos no tema. A partir da iniciativa, soluções são filtradas e o conhecimento dividido entre a rede. “Não precisamos fazer o mesmo piloto que um hospital em um raio de 200 km já tenha feito”, disse ele. Outro benefício é a possibilidade de pilotos em múltiplos centros, no qual as startups aprendem as melhores práticas e padronizam critérios para projetos nacionais.

Um ponto importante é que a participação neste tipo de rede oferece para as startups uma blindagem para o que chamamos de morte por programa piloto. Segundo ele, muitos provedores ou pagadores adotam as tecnologias como pilotos, e as startups passam de um programa para o outro, sem conseguir definir exatamente o seu sucesso e encontram dificuldade para a expansão. O piloto pode ser tanto uma grande porta de entrada, quanto um ciclo sem fim. Em 2018, eles chegaram a ter onze empresas de telemedicina pleiteando uma vaga no programa.

Há também muito investimento em tecnologia interna, com o desenvolvimento de patentes e parcerias com a indústria. O diferencial, em sua visão, é a proximidade que os criadores da tecnologia têm de médicos, pacientes, cientistas de dados e coordenadores de saúde populacional na instituição para conduzir os seus testes clínicos, controle de qualidade e se lançarem em uma escala mais ampla. Nos últimos seis anos, foram cerca de 30 projetos financiados.

Ele conta a importância dessa integração entre dados, equipe médica e tecnologia: “É fundamental que a equipe de cuidados tenha a oportunidade de se conectar com os pacientes, e isso é possível através da tecnologia. Um paciente com uma doença crônica pode não ter um bom controle da mesma, e essa informação tem que ser de ciência da equipe. Os aplicativos permitem que essa gestão por parte do médico ou de um coordenador de saúde, se torne muito mais eficaz, tanto em termos individuais, quanto para a escala.”

É preciso dar poder aos pacientes para que eles estejam no centro dos seus cuidados, e adotem ações quando necessário. Jason diz que um vez conversou com um paciente que possuia uma doença intestinal inflamatória, e relatou estar ‘tudo bem’ com a sua saúde. Mas quando perguntado sobre os seus movimentos intestinais, o mesmo respondeu ter mais de vinte evacuações diárias. “Fiquei chocado, porque isso não é estar ‘tudo bem’. O paciente achava normal esse comportamento pois possuia a doença, como um fardo a ser carregado. Às vezes eles precisam ser empoderados para entender sobre a sua condição de saúde, quando devem procurar ajuda, e solicitar novas estratégias para melhorar a sua qualidade de vida.”

Além de fornecer soluções tecnológicas para os provedores, o AppLab também funciona do modo reverso: ouvindo propostas de modelos de assistência e transformando-as em tecnologia. Pesquisadores descobriram que sessões presenciais de meditação guiada pós-cirurgia de câncer reduziam em US$ 700 a utilização hospitalar. A pergunta para os desenvolvedores do laboratório foi: como escalar e manter os resultados?

Além do AppLab, o Mount Sinai possui outras propostas para a inovação disruptiva, como o Lab100 e o Laboratório de Biodesign. O Lab100 é um laboratório com a proposta de repensar a forma como oferecemos assistência médica e a interação entre prestadores e pacientes. “Medimos a temperatura, pressão arterial e outros parâmetros da mesma forma há décadas! Hoje eles pensam se esta é a melhor forma, ou se existem outras medidas importantes que ainda não estão sendo consideradas, ou como incorporar as novas tecnologias nos protocolos. É uma nova forma de se olhar o espaço clínico.” Já no Laboratório de Biodesign, os funcionários se concentram em entender dispositivos físicos, como novos equipamentos, wearables ou impressão 3D, por exemplo.

No final da conversa, Jason puxa o assunto da tecnologia como ferramenta para a mudança no modelo de pagamento. “Nós não iremos mais pagar três vezes pelo menos procedimento em um ano porque ele não funcionou. Nós iremos aplicar multas para reinternações em um período de 30 dias, ou não pagaremos 100% do valor acordado caso o resultado integral não for obtido” e continua, “Enviamos balanças para a casa de alguns pacientes e integramos isso com um aplicativo. Criamos um fluxo de dados com as informações enviadas e conseguimos monitorar o peso desses pacientes, no caso, um indicativo de retenção de líquido, que poderia levar à internações. Dos 60 pacientes gerenciados, tivemos uma reinternação de 10%, em comparação à 22% no Mount Sinai em geral, e 25% como taxa de referência nos EUA, para este caso em particular.”

Em resumo, disse ele, estamos recebendo terabytes de novos dados por segundo, e sendo apresentados à outras muitas soluções digitais de saúde, mas como podemos fazer sentido de tudo isso? Como compreender quais ferramentas realmente nos ajudam a melhorar os resultados do pacientes e do sistema? Esse é o desafio enfrentado no AppLab.