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Desafios, inovações e regulamentação da saúde no Brasil e no mundo aquecem os debates da Digital Journey

Article-Desafios, inovações e regulamentação da saúde no Brasil e no mundo aquecem os debates da Digital Journey

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No dia 19, os encontros on line da Digital Journey by Hospitalar foram dedicados ao compartilhamento de experiências de profissionais e serviços de saúde no Brasil e mundo afora que abordam, sobretudo, inovação e gestão.

Foi uma noite de discussões entusiasmadas e grande participação do público.

A mensagem de abertura coube à Dra Waleska Santos, presidente da Hospitalar. “A Hospitalar, que foi pioneira em trazer todo o setor da saúde para trabalhar junto ao longo de 27 anos, se reinventa. Mantém a tradição, mas continua inovando para aproximar todos os players do setor, num momento em que o mundo passa por uma revolução”, afirmou a médica e empresária.

Veja alguns destaques da programação que reuniu a Comunidade Internacional & Gestão.

Impactos da transformação digital na prestação de serviços

O keynote speaker Peter Lachman, CEO da Internacional Society for Quality in Health Care (ISQua), discursou de Dublin. A capital da Irlanda está em lockdown há 100 dias em virtude do aumento de casos de COVID-19.

Lachman citou um relatório produzido em 2018 para o Banco Mundial em que abordava a necessidade de mudar a maneira como os profissionais de saúde trabalham. De acordo com esse estudo, 8 milhões de pessoas morreram por falha de qualidade na assistência da saúde. “Isso significa que devemos trabalhar melhor”, disse o palestrante.

Entre as recomendações do relatório para o aprimoramento dos serviços de assistência à saúde, Lachman enfatizou a necessidade de adoção de uma cultura de aprendizado e pesquisa, além de investimento em saúde digital e novas tecnologias.

“Agora, qual é o desafio de 2021?”, questionou. Em seguida, respondeu que continua sendo melhorar a assistência. “Precisamos pensar em prestar uma assistência diferente, escolher novas maneiras de trabalhar, olhando para o futuro.”

Para Lachman, a assistência do futuro deve agregar o aspecto “ecofriendly” aos atributos eficiência, eficácia, tempo e segurança do paciente no centro dos cuidados.

Outro desafio é estabelecer padrões para que se tenha assistência digital segura e de alta qualidade. “Muitas pessoas se opuseram à telemedicina por receio de diagnósticos equivocados”, disse. “Temos que nos basear no que aprendemos, especialmente na pandemia, e aproveitar trabalhos e diretrizes já realizados para expandir a telemedicina.”

Na visão de Lachaman, o futuro da saúde é um modelo híbrido entre o digital e o presencial. “O futuro vai abraçar a tecnologia”, declarou.

O discurso chegou ao fim com uma citação de Steve Jobs, fundador da Apple: “Inovacao é a habilidade de ver mudanças como oportunidades, e não como ameaças.”

A regulação, o governo e a atual legislação estão adequadas à realidade pós-pandemia e à saúde digital?

Mais uma atração do penúltimo dia da Jornada Digital foi a entrevista de Salvador Gullo Neto, brasileiro radicado nos Estados Unidos, fundador da Safety4me, startup no Vale do Silício, em São Francisco.

“A ideia de conversar com Salvador surgiu com o intuito de demonstrar para o público os modelos de legislação de telemedicina e saúde digital em uma perspectiva comparada entre Estados Unidos e Brasil”, explicou Fabio Gastal, responsável por conduzir a conversa. Gastal é Superintendente de Informação, Inovação e Novos Negócios na Seguros Unimed, Assessor Técnico da Hospitalar Feira + Fórum e presidente do Conselho de Administração e Diretor Geral da Organização Nacional de Acreditação (ONA).

Salvador lembrou que há semelhanças no caminho trilhado nos Estados Unidos e no Brasil – porém, com diferença de timing. “A regulação e a discussão mais intensa sobre telemedicina começou, nos Estados Unidos, em 2000. No Brasil ocorreu na mesma época, mas timidamente.”

Em seguida, o empresário relatou que os avanços da telessaúde em território americano foram rápidos, sob forte atuação da Associação Americana de Telemedicina e Telessaúde. A entidade estabeleceu padrões de qualidade e segurança para as teleconsultas. “A evolução foi tão grande que, em 2018, aproximadamente 18% das consultas eletivas realizadas nos Estados Unidos eram feitas por alguma plataforma de telemedicina”, contou. Segundo Salvador, hoje a telemedicina é vista nos Estados Unidos como uma ferramenta corriqueira para o médico prestar assistência de qualidade.

Para o entrevistado, a telemedicina vem ganhando cada vez mais espaço porque agrega valor à vida do usuário. No entanto, há um arcabouço de processos que precisa ser regulamentado, como as questões a respeito de sigilo de dados e de profissionais capacitados para os atendimentos.

Os processos de discussão legal não desaceleram a adoção de inovações, na visão de Salvador. O que acaba acontecendo é que o desenvolvimento de novas tecnologias por startups e pelos grandes players atropela a regulação. “Há muitos exemplos no mercado que mostram a disrupcão anteceder qualquer lei. Até hoje se discute a regulamentação do Uber e do Airbnb, que já estão há anos no mercado”, relembrou.

Quando questionado como a telemedicina poderia ampliar o acesso de populações carentes ao sistema de saúde, Salvador apontou que vê na ferramenta uma oportunidade de promover saúde. Mesmo que o paciente, na ponta, tenha uma limitação tecnológica, ele poderia ser beneficiar da tecnologia em um centro comunitário de sua região.

“Espero que o Ministério da Saúde esteja atento às possibilidades da telemedicina e que nos próximos anos possamos acelerar a oferta de assistência à população, utilizando recursos tecnológicos”, declarou.

Gastal encerrou o encontro revelando que 63% do público que acompanhava a entrevista afirmou, via chat, acreditar que haverá uma progressão positiva da telessaúde com apoio dos reguladores. 83% da plateia on line eram dirigentes.