A possibilidade de realizar uma jornada ambulatorial completa em apenas 30 minutos ainda parece distante da realidade brasileira, mas avanços tecnológicos já disponíveis podem aproximar o setor desse objetivo. Durante entrevista ao podcast Saúde Business na Hospitalar, Jorge Stakowiak, diretor de TI da Dasa, apresentou uma visão pragmática sobre como superar os principais gargalos que impedem essa transformação.

“O sistema de saúde no país é pulverizado, dificultando o acesso unificado aos dados do paciente para uma jornada fluída”, explicou Stakowiak. Segundo ele, apesar do impulso que a telemedicina recebeu durante a pandemia, o setor ainda não explorou todo o potencial dessa tecnologia.

Para avançar nessa direção, o executivo identifica três pilares fundamentais: maior letramento digital dos pacientes, interoperabilidade efetiva entre sistemas e aplicação estratégica de inteligência artificial. “Precisamos trazer o paciente para que ele assuma a responsabilidade pela sua própria saúde”, defendeu, citando o aplicativo Nav Dasa como exemplo de solução que já permite ao médico acessar e solicitar exames durante consultas remotas.

A interoperabilidade representa um desafio global persistente. “Há seis anos estou no mercado de saúde e a discussão sempre gira em torno desse tema. Na HIMMS [evento internacional de tecnologia em saúde], este foi um dos principais tópicos debatidos”, relatou o executivo. Para contornar essa barreira, a Dasa desenvolveu sua própria solução utilizando protocolos FHIR (Fast Healthcare Interoperability Resources) e HL7 (Health Level 7).

O executivo vê na inteligência artificial um catalisador para acelerar significativamente esse processo. “A IA vai facilitar muito esse meio de campo para que a gente ganhe escala muito rápido e favoreça o mercado de saúde como um todo”.

Na prática, a Dasa já colhe resultados com o uso de machine learning em exames de imagem. A tecnologia reduziu o tempo que pacientes passam em equipamentos de tomografia e ressonância, além de melhorar a qualidade das imagens para diagnóstico. “Aumentamos a rotatividade no uso das máquinas, disponibilizando mais slots para novos exames, o que melhorou tanto a satisfação do paciente quanto a geração de receita”, destacou.

Olhando para o horizonte dos próximos dois ou três anos, o diretor prevê uma evolução significativa na jornada ambulatorial, embora não necessariamente atingindo a meta dos 30 minutos. “Já temos elementos na cadeia que poderiam ser aglutinados para facilitar essa evolução através de IA, revisão de processos e letramento digital”, projetou.