Com a aquisição da Medley, líder nacional do mercado de genéricos, a francesa Sanofi-Aventis implanta no Brasil a estratégia global de diversificação do portfólio e estabelece o País como base no segmento de genéricos para toda a América Latina. A empresa, que antes tinha nos medicamentos de referência a maior força, com 82% das vendas , passa agora a contar com uma divisão mais equilibrada, com 43% no segmento de referência, 12% em similares, 4% medicamentos com patentes e 41% em genéricos.
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Com a junção das duas empresa, a operação passa a contar com 374 produtos diferentes, um faturamento de R$ 3,2 bilhões e dispara na liderança do mercado farmacêutico brasileiro em valores, com participação de 12%, conforme dados IMS Health.
A aquisição garante ainda à Sanofi a liderança no mercado de medicamentos sob prescrição, com R$ 2,27 bilhão em faturamento, passando à frente da Novartis. O laboratório se consolida também na liderança de medicamentos livres de prescrição médicas (os conhecidos OTCs) - que tem como carro-chefe o campeão de vendas em analgésicos, Dorflex -, superando a Hypermarcas. No segmento de genéricos, Sanofi-Medley ultrapassa a EMS com faturamento de R$ 1,32 bilhão.
"Globalmente já estamos trabalhando dentro dessa estratégia de diversificação, porque não queremos a concentração em um ou dois produtos", afirma o presidente da Sanofi-Aventis Brasil, Heraldo Marchezini. No mundo, a francesa também vem realizando aquisições que lhe conferem boa presença em áreas como vacinas, produtos usados em hospitais e saúde animal.
Recentemente, o grupo adquiriu outras empresas de genéricos como a mexicana Kendrick e a checa Zentiva. Isso porque aposta que o segmento permite uma forma mais ampla para atender mercados emergentes, como a América Latina e o Europa Oriental, segundo o executivo.
Para a Sanofi, quarto maior grupo farmacêutico do mundo com faturamento global de ? 27,5 bilhões, a receita proveniente dos mercados emergentes, os chamados Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), já responde por aproximadamente ? 6,5 bilhões. "Dentro deste cenário, o Brasil é o principal mercado, que fica agora ainda mais forte com a Medley", diz Marchezini, citando o crescimento da ordem de 20% no mercado de genéricos brasileiro.
Marchezini afirma ainda que a Medley continuará atuando de forma independente e que o atual presidente, Jairo Yamamoto, continuará no comando. Porém, se reportará à direção da subsidiária brasileira do grupo francês. "É uma aquisição, não uma fusão. Nosso propósito não é redução de custos, mas sim complementaridade de produtos", explica Marchezini, sem definir, porém, qual será o futuro dos genéricos da própria Sanofi.
As fábricas das duas empresas, que receberam investimentos recentemente, continuarão trabalhando normalmente e paralelamente. A Sanofi já exporta para mais de 11 países e agora, os produtos feitos pela Medley poderão conquistar mais espaço. "Para cada mercado, vamos decidir qual será a marca mais adequada", explica Yamamoto. O importante, segundo ele, é manter a base produtiva no Brasil, uma vez que a regulamentação aqui é mais rigorosa, o que permite colocar produtos brasileiros em outros mercados, "mas nem sempre se pode fazer o contrário".
Em relação ao negócio, mesmo sem abrir completamente as bases do acordo, o presidente da Sanofi afirmou que no valor de R$ 1,5 bilhão da compra da Medley, parte foi direcionado para o pagamento das dívidas da companhia e parte para os acionistas.
Os acordos mantidos pela Medley com outros laboratórios também estão sendo revistos. Conforme previsto em contrato, na mudança de controle, foi cancelado o acerto com a Bayer, que permitia à brasileira revender o Levitra, medicamento de disfunção erétil do laboratório alemão, sob o nome do Vivanza. Segundo Yamamoto, serão mantidos acordos com a Abbott, para sibutramina ou Plenty, Novo Nordisk (Activelle e Estrofem) e Recordat (Zanidip). Entre outras coisas que serão mantidas pela nova dona, está o patrocínio à Stock Car, que por muitos anos levou o nome da Medley para todos os mercados.