A determinação da desativação das clínicas de endocrinologia, cirurgia plástica corretiva e ginecologia do Hospital Brigadeiro, publicada no dia 12 de março no Diário Oficial de São Paulo, causou conflito entre os profissionais da área e a Secretaria de Estado da Saúde.
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De acordo com o médico João Cesar Castro Soares, há 40 anos estas clínicas prestam serviços a população e formam especialistas médicos, tendo reconhecimento científico internacional por seu trabalho. "Acreditamos que esta decisão foi tomada porque querem utilizar o hospital para outros fins, como por exemplo, torná-lo referência em tratamento de urologia", comenta.
Ligado ao Sistema Único de Saúde, os profissionais que atendem a área de endocrinologia acreditam serem os mais prejudicados. Até o momento, a clínica foi transferida para o PAM (Posto de Atendimento Ambulatorial) Várzea do Carmo, sem definição de tempo. "Essa situação é um problema grave, pois o PAM não permite manter na unidade os pacientes que necessitam de tratamento hospitalar. Temos pacientes com pé diabético, câncer, gigantismo e tumores, entre outras patologias, que não podem receber tratamento adequado em um posto ambulatorial", relata Soares.
Na prática, isto significa que 22 mil pacientes/ano deixam de ser atendidos pela clínica de endocrinologia, assim como mais 10 mil pacientes da clínica de cirurgia plástica, e 1.750 cirurgias por ano deixarão de ser realizadas. "Enquanto isso, esses pacientes tentam se encaixar no Hospital das Clínicas e no Hospital São Paulo, que já estão super carregados", explica.
Cosiderado pelos profissionais um ato arbitrário, eles acreditam que a decisão terá como consequência uma grande diminuição do número de atendimentos altamente especializados na rede pública. "As clínicas de ginecologia e cirurgia plástica já têm suas respectivas unidades definidas para receberem os pacientes do Hospital Brigadeiro, mas endocrinologia não. Por isso, nós estamos parados, sem trabalhar", conclui Soares, ao mencionar que a equipe não acredita em uma ação transitória.
Após a manifestação dos profissionais das clínicas desativadas, a Secretaria de Estado da Saúde se posicionou, com uma nota divulgada à imprensa.
Acompanhe na íntegra:
O Hospital Brigadeiro está passando por uma profunda e moderna reforma para ampliar o atendimento à população de São Paulo. Com cerca de R$ 40 milhões em investimentos, a unidade irá se transformar em uma referência nacional para atendimentos de alta complexidade.
Por conta dessa reforma, a unidade foi obrigada a transferir algumas equipes médicas e seus respectivos pacientes para centros de qualidade, como o Pérola Byington, Ipiranga, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e o Mandaqui. Na ampla maioria dos casos, haverá apenas a mudança física da equipe e do paciente.
No caso da endocrinologia, os cinco médicos e dois residentes devem ser transferidos até a segunda-feira da próxima semana, juntamente com os pacientes. A decisão para qual unidade de saúde será levado o atendimento deve acontecer até a próxima quinta-feira. A proposta da secretaria é que a endocrinologia geral do Brigadeiro seja instalada no Hospital Heliópolis.
Todos os pacientes estão sendo avisados sobre a transferência. Aqueles que, por qualquer motivo, estão com os dados desatualizados ou incorretos, estão sendo cadastrados pelo serviço de agendamento e terão suas consultas agendadas via call center.