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Dados e coordenação de cuidado para a medicina do futuro

Article-Dados e coordenação de cuidado para a medicina do futuro

Pedro-de-Godoy-Bueno

Nessa semana conferimos a palestra do Pedro Bueno, Presidente da Dasa, sobre o futuro da Saúde e a visão da empresa sobre estratégias que visem colocar o paciente no centro de um cuidado coordenado. Um dos principais pontos citados foi a importância e a dificuldade da interoperabilidade, item técnico fundamental para a gestão integrada e tomada de decisões baseada em dados.

Ele contextualiza mostrando a fragmentação do setor, tanto no cuidado contínuo da saúde, quanto nos dados. Por exemplo, existem muitas abreviações e denominações para um mesmo elemento, ou mesmo diferentes valores de referência, no caso de exames, dependendo do fornecedor do equipamento.

“Quando começamos a entrar no mundo da interoperabilidade vimos que o desafio era enorme. Passamos os últimos três anos só investindo nisso dentro da Dasa, já que crescemos através de aquisições. Hoje temos mais de 40 marcas e gastamos três anos somente para interoperar internamente”, diz ele, deixando implícito o esforço que seria para tornar dados interoperáveis entre empresas sob grupos de controle diferentes.

Fora isso, há um desalinhamento de interesses. O sistema foi construído para ser remunerado por tratamento de doenças e não para, de fato, gerar saúde. Seja de forma individual ou coordenada. Para citar, um provedor receberá muito mais tratando um paciente oncológico, do que se detectar o tumor em estágio precoce. 

O diálogo e sinergia entre os players para promover a integração definitivamente passa pelo paciente. Incentivar que este esteja na liderança e seja seu ​próprio gestor de saúde, com o apoio do setor é indispensável. Para isso, devemos conscientizá-lo com o potencial da sua própria informação, apresentar dado​s de forma correta, que gere engajamento para transformar as suas escolhas do dia a dia.

As novas tecnologias vêm para auxiliar no processo, a inteligência artificial e o monitoramento remoto, segundo Pedro, são exemplos de viabilizadores para a mudança da dinâmica do paciente. Também deve existir um esforço para a mudança cultural de utilização dos planos. “O Brasil é super hospitalocêntrico. Há a cultura de ir ao pronto-socorro em vez de marcar uma consulta. O problema é que, por o hospital ser muito mais complexo, o custo é maior. É um ambiente transacional, que trata pontualmente e não há uma continuidade”, diz, citando o dado de cerca de 3 visitas ao ano por pessoa nos serviços de emergência.

Se hoje vemos o paciente desconectado do sistema, o trabalho de aproximação passa pelo médico. Segundo o executivo, o diagnóstico é de profissionais sobrecarregados sem uma visão completa do paciente. “E não adiantaria jogar todos os dados do paciente lá [no sistema], não há tempo de gerir tudo aquilo. O médico que gasta, por exemplo, 1 hora antes da sua consulta para analisar os dados do paciente e fazer uma super consulta, ganha o mesmo que um médico que faz isso em 10 min, pede um monte de exames e passa o paciente para frente. Então como podemos gerar uma nova forma do médico olhar o paciente?”. Pedro enxerga um caminho através de dados transformados em informações acionáveis, com dois ou três insights que auxiliem o profissional em vez de lhe causar ansiedade.

E o que vai ser imprescindível para isso? Um sistema de financiamento que suporte a medicina baseada em valor. De acordo com o presidente da Dasa, temos falado muito sobre atenção primária nos últimos tempos, mas falamos pouco sobre coordenação de cuidado. A estratégia consiste em olhar o paciente e ger​í-lo de forma mais inteligente. É identificar uma mulher que está há 5 anos sem fazer mamografia e recomendar que este seja feito, ou verificar se um diabético está tomando a sua medicação corretamente.

“É claro que sem a atenção primária não adianta fazer coordenação de cuidado. E a coordenação sem a inteligência baseada em dados se torna muito cara. Então esse é o desafio, mastigar e conectar os dados dos pacientes, transformar dados em informações que possam ser lidas de forma muito rápida e simples. Se continuarmos atuando da mesma forma, não atingiremos resultados diferentes”

Para finalizar, ele cita a junção da Dasa com a rede Ímpar e a intenção de, com o movimento, começar a conectar os agentes do setor, empoderar os médicos e aplicar o hub de inteligência já existente na Dasa. Pedro comenta que a ação pode ser de certa forma encarada como um modelo de Accountable Care Organization (ACO). “As ACOs foram boas nos EUA, mas ainda são um pequeno passo. Podemos fazer muito mais agregando tecnologia e inteligência de dados. Temos massa crítica no Brasil para fazer diferença. Acho que a diferença é que temos investido muito mais em inovação do que os grupos dos EUA, que são menores. Outra diferença é que lá as empresas de medicina diagnóstica não entraram ou entraram de forma bastante superficial no acordo, sendo que o dado diagnóstico é super estratégico para fazer a coordenação de cuidado. Podemos ir muito além, vamos testar vários pilotos com as operadoras, não existe uma solução única”

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