Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) revelou que 73% dos portadores do vírus da Aids, no Brasil, seguem corretamente o tratamento disponível nos serviços de saúde. O levantamento, financiado pelo Ministério da Saúde, com recursos do Banco Mundial, e pela Fapesp, foi o primeiro estudo que avaliou em escala nacional a adesão do paciente ao tratamento da Aids em países pobres.
Durante um ano e meio, a Equipe QualiAids do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP entrevistou 1.972 pacientes infectados pelo vírus da Aids, em 322 serviços de saúde de sete Estados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Pará), informa a assessoria de imprensa da Faculdade de Medicina da USP.
Juntos esses serviços assistiam, na época da pesquisa, 72% do total de pacientes (93 mil) em tratamento, no Brasil. Foram considerados aderentes todos que tomaram 95% ou mais do total de comprimidos que deveriam ser ingeridos nos três dias que antecederam a entrevista.
De acordo com a coordenadora do estudo, Profa. Dra. Maria Inês Battistella Nemes, a taxa de adesão de 73% ainda não é a ideal, mas mostra que a política de saúde para a Aids do Governo Federal, que prevê a distribuição gratuita e universal de medicação antiretroviral (ARV), está no caminho certo.
A pesquisadora explica que a taxa de adesão está relacionada à eficiência da política governamental, pois o exame do perfil socioeconômico predominante do grupo estudado revela que trata-se de pessoas com escolaridade e renda baixas e alto nível de desemprego. Diante desse perfil, Maria Inês conclui que o acesso livre a medicamentos tão caros quanto os ARV prova ser condição básica para qualquer programa de controle da Aids.
A especialista lembra que a não-adesão ao tratamento da Aids é uma das ameaças à efetividade do tratamento em nível individual, além de contribuir para a disseminação de vírus resistentes