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"As famílias estão mudando radicalmente"

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Famílias cada vez mais enxutas muda perspectivas de cuidados dos idosos no País. Empresas têm apostado em novas soluções

Considerado até poucas décadas como um País de jovens, acompanhando o fenômeno mundial, o Brasil caminha rumo à inversão de sua pirâmide populacional. Impulsionado pelo avanço da tecnologia, pela ampliação do acesso à informação e pela prática da medicina preventiva, o iminente aumento da longevidade no País fomenta discussões sobre infraestrutura e serviços que atendam às demandas crescentes da sociedade.

De acordo com Yeda Duarte, professora associada Faculdade de Medicina da USP, em 2035 o número de idosos superará o número de crianças nascidas. “Todas as idades vão aumentar 35% nos próximos 25 anos. O número de pessoas com idade entre 85 e 99 anos aumentará 300%. No caso dos centenários, esse aumento chegará a 750%”, diz Yeda. Ainda segundo a pesquisadora, as famílias, principais responsáveis pelos cuidados de seus idosos, estão mudando radicalmente.

Compostas por cada vez menos filhos e com demandas cada vez mais diversificadas, o potencial de cuidado familiar para os futuros idosos é consequentemente reduzido.

Considerando as oportunidades apresentadas por esse cenário, empresas têm apostado em soluções. Este é o caso da Brasil Sênior Living, que lançou em agosto deste ano sua primeira unidade do Cora, residencial sênior. Com a missão de promover na sociedade brasileira a melhora da qualidade de vida de idosos e suas famílias, o Cora foi desenvolvido a partir de conversas com familiares de idosos que compartilharam suas experiências e demandas.

“Perguntamos para as famílias o que elas precisavam e quanto podiam pagar para que a melhor solução fosse oferecida de modo que seus entes queridos idosos pudessem ter os melhores cuidados", disse Ricardo Soares, CEO da Brasil Senior Living.

Gabriel Palne, CEO do Grupo Geriatrics, empresa que oferece serviços de home care, internações e gerenciamento de saúde com foco na prevenção, concorda que a questão familiar tem muita relevância. "Com o envelhecimento da população, a família carece de informações e do suporte necessário para a oferta de cuidados aos seus familiares. É preciso olhar o envelhecimento como oportunidade e adaptar nossa realidade", explica Palne. Ainda segundo o CEO, com a redução da taxa de natalidade, a mão de obra qualificada para realizar os cuidados dos idosos deve ser um desafio para os próximos anos.

Além da questão da mão de obra qualificada, é fundamental manter o paciente no centro dos cuidados, independentemente de suas chances de cura. “O profissional de saúde é preparado para curar. Quando ele chega num idoso ou num paciente que tem baixas chances de cura ele pode desanimar e pensar que não há mais nada a se fazer.

Na verdade a partir daí há muita coisa a se fazer: reduzir a dor do paciente, melhorar a respiração, dar apoio para a família. O idoso no centro do cuidado talvez seja o foco no futuro”, diz Carlos Uehara, Diretor-Executivo do Centro de Referência do Idoso - CRI Zona Norte.

Embora o envelhecimento apresente desafios, é evidente que ele também apresenta oportunidades. Mais tempo para se dedicar a atividades de lazer, viajar e desenvolver novas habilidades estão entre as atividades que têm movimentado muitos idosos no Brasil. "Envelhecer não deve ser visto como um problema ou como um peso. A maioria de nós vai chegar à velhice mais avançada. Precisamos pensar na velhice com mais qualidade e nunca como um problema", conclui Yeda Duarte. E o mercado de saúde tem muito a contribuir para isto.

*Elaine Martins, especial para o Saúde Business