Em quatro anos a AstraZeneca dobrou de tamanho no Brasil, passando de um faturamento de R$ 617 milhões em 2004, para R$ 1,2 bilhão em 2008. O salto colocou a filial em segundo lugar entre os mercados em desenvolvimento para a companhia, atrás apenas da China, e superando Rússia e Índia. Toda a mudança faz parte de uma estratégia mundial do laboratório britânico que está atento à mobilidade social em todo o mundo, que traz novos consumidores para o mercado. "E esse movimento é mais forte em mercados emergentes como o Brasil", disse o presidente da AstraZeneca do Brasil, Rubens Pedrosa Júnior.
Deixe o seu comentário sobre esta notícia
Tem mais informações sobre o tema? Então, clique aqui
Com este foco a farmacêutica vem mantendo crescimento bem acima do mercado brasileiro, 27% no último ano, e, apesar da crise, continua apostando na alta de até 17% para 2009. "Acreditamos que podemos continuar nesse ritmo porque uma crise afeta de maneira diferente cada setor", afirmou o executivo. Assim, o segmento de saúde não seria tão afetado quanto bens de consumo, por exemplo, em função da necessidade.
Mesmo assim, Pedrosa admite que há um movimento "errático" no mercado farmacêutico, com acomodação geral em função da restrição do crédito. "Há um rearranjo no mercado de distribuição, com redução de estoques, e vemos movimentos com muitos picos e vales", afirmou. Isso indicaria que o mercado ainda está buscando entender a real situação. A administração não pode perder de vista o médio e o longo prazos, mas precisa de um manejo para lidar com o curto prazo.
Os bons resultados da AstraZeneca também podem ser creditados a outro ponto nevrálgico na estratégia da companhia. Equilíbrio entre inovação e tradição. Enquanto muitos laboratórios concentram esforços nas pesquisas de medicamentos biotecnológicos, o laboratório vem mantendo uma divisão equilibrada entre os dois lados. "Acreditamos que a inovação seja essencial, assim temos em uma ponta o inovador Crestor (redutor de colesterol que possui capacidade de controlar progressivamente a arteriosclerose) e na outra o Zoladex, que há 15 anos é usado para tratamento de câncer de próstata."
A empresa busca o equilíbrio também nas contas, dividindo o portfólio de produtos vendidos no varejo entre os mais suscetível à volatilidade com o de medicamentos vendidos para clínicas, hospitais e para o governo, de uso mais constante. "Temos uma ?carteira diversificada"", disse Pedrosa. A medida visa sustentar o volume de recursos necessário para manter as pesquisas, hoje em torno de 15% do faturamento global da companhia, de US$ 31,6 bilhões. Além disso, a empresa também encurtou o período de desenvolvimento de novos produtos de 10,5 anos, em média, para 8 anos, com uso de tecnologias de processamento de dados. Tudo para trazer ao mercado remédios inovadores e aproveitar mais tempo para recuperar o investimento. "Hoje as pesquisas são mais caras e estamos mais sujeitos aos riscos, uma vez que poucas moléculas chegam ao mercado", acrescentou.
Com estas medidas, a AstraZeneca saltou da 13 posição no ranking da indústria farmacêutica em 2001 para o 7 lugar em 2006, de acordo com o Grupemef, que também considera as vendas para hospitais. Em 2007, alcançou a nona posição do ranking geral da indústria no Brasil, de acordo com o IMS, que considera vendas no varejo. .
Com três unidades na América Latina - uma em São Paulo, uma na cidade do México e outra em Buenos Aires - o País deve se firmar no fornecimento de sólidos orais (comprimidos). Além disso, também deve receber novos estudos clínicos, num investimento superior aos R$ 19 milhões gastos em 2008. "Já mantemos estudos de fase 3 no Brasil, principalmente em diabetes e oncologia desde 2007 e começaremos a receber estudos de fase 2, confirmando o potencial."