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Memed, PebMed, Prontmed...afinal, porque tantas Med no noticiário?

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Investimentos em saúde

Já se tornou lugar comum ouvirmos grandes empresas dizendo que os últimos 4 meses valeram por 4 anos devido a pandemia de Covid19. Claro que, nesses casos, elas fazem referência às suas jornadas de transformação digital.

O que não falamos ainda, porém, é que, seguindo o mesmo raciocínio, os últimos 8 meses valeram por 8 anos na Saúde Digital. É como se vivêssemos uma pandemia healthtech em dose dupla.

Desde o começo do ano até esse mês de agosto, a onda de negócios - quer seja Seed, Série A, Serie B ou Exit - foi superior a tudo que aconteceu desde que começaram a surgir as primeiras healthtechs no ano de 2012.

E tudo indica que as coisas não pararam por aí. Pelo contrário, estão apenas começando.

Mas antes de tentarmos enxergar uma lógica que conecte todos os pontos, vale a pena fazer uma rápida recapitulação de 2020 para não perdermos nada de vista.

Memed - investida pelo DNA Capital (5M USD)

Vitta - adquirida pela Stone (valores não divulgados)

Sanar - investida por DNA e Valor (60M BRL)

Livance - investida pelo Astella (valores não divulgados)

ZenKlub - investido pelo Indico Capital Partner, de Portugal (16M BRL)

Psicologia Viva - investida pelo Neuron Ventures / Eurofarma (6M BRL)

PebMed - adquirida por Afya (133M BRL)

Vittude - investida pelo RedPoint (4,5M BRL)

Alice - investida por Kaszeck, Canary e Maya (16M USD)

iClinic - investida pelo Softbank (valores não divulgados)

ProntMed - investida por Sabin e Fleury (valores não divulgados)

Rapicare - investida pelo Canary e Norte Ventures (5M BRL)

Vibe - investida pelo WebRock Ventures, da Suécia (2,5M USD)

Conexa Saúde - investida pelo General Atlantic e eBricks (7,5M USD)

Nilo Saúde - investida pelo Canary e Maya (8M BRL)

Pipo Saúde - investida pelo Kaszeck e Monashees (20M BRL)

Provavelmente alguma rodada passou despercebida (me perdoem, founders) mas isso não deve alterar substancialmente o resultado da análise.

O que podemos enxergar claramente é que já existem pequenas tendências de concentração em dois blocos.

É o caso das soluções para uso por profissionais de saúde, como plataformas de prontuário eletrônico (ProntMed e iClinic) e prescrição eletrônica (Memed) ambos acelerados pela prática de telemedicina, mas não se restringindo a esse único fator como alguns tem repetido. Até porque os cheques, ou foram assinados antes, ou já estavam com as conversas bastante adiantadas em torno do termsheet.

Da mesma forma temos as plataformas criadas para conectar profissionais de saúde a pacientes (Zenklub, Vittude e Psicologia Viva) nesses casos com destaque evidente para saúde mental e que também foram aceleradas pela pandemia, mas aconteceram / aconteceriam independente desse fator.

Naturalmente favorecidas pela permissão para prática da telemedicina as plataformas para conectar médicos e pacientes (Conexa) ganharam / ganharão cada vez mais relevância não apenas para pacientes, mas também para muitas empresas.

Isso sem esquecer da Livance, que também ajuda a conectar profissionais a pacientes, embora de forma presencial, através de consultórios on demand. Ou da Rapicare que conecta médicos a fornecedores de materiais através de uma plataforma para realização de compras com entrega rápida.

Por trás dessa tendência de soluções voltadas para profissionais temos diferentes modelos de negócios e perfis de investidores. Isso mostra que na Saúde, diferente de outras verticais, os negócios não se resumem apenas à oferta de valor para o usuário final, mas também ao valor que geram para outros atores da cadeia.

Na outra ponta do mercado vemos um grupo de startups que oferecem serviços de saúde para indivíduos através de grandes empresas ou no formato direct to consumer (DTC).

Nesses casos as ofertas incluem atenção primária digital, oferecida a empresas que têm grupos de colaboradores com perfis saúde semelhantes, cobrindo desde os programas de promoção de saúde até a gestão de crônicos (Vibe). Um plano de saúde premium, com rede credenciada e acompanhamento multidisciplinar personalizado e com point of care presencial (Alice). Uma plataforma de saúde totalmente digital para usuários a partir de 50 anos de idade (Nilo). E uma assessoria para ajudar os RHs a contratar e gerir planos de saúde (Pipo).

Sem esquecer que também tivemos a aquisição da Vitta pela Stone e PebMed pela Afya.

No caso da Vitta tivemos um novo entrante, no caso uma fintech, adquirindo uma healthtech para ampliar sua proposta de valor, o que também aponta para uma tendência de convergências no médio / longo prazo e que será tema para um futuro artigo.

E no caso da aquisição da PebMed temos mais uma empresa que oferece soluções para profissionais de saúde, no caso educação, assim como faz a Sanar, uma startup de educação médica continuada. O que novamente mostra que os médicos estão mesmo na ordem do dia (lembrando do Med na abertura do artigo).

Por fim vale lembrar que, também acelerados pela pandemia, mas não restritos a esse fator, existe uma belíssima onda se formando no horizonte repleta de biotechs, um sub-setor que tem métricas, valuations e particularidades bastante diferente dos casos vistos nessa onda healthtech (também fica para outro artigo).

Mas ambas servem para mostrar que 2020 definitivamente ficará marcado como um divisor de águas para startups que atuam no setor de saúde brasileiro. E ainda virão grandes novidades nos próximos meses, é só esperar!