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Índia começa a implantar uma identidade digital única de saúde para a sua população

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Na semana passada, por ocasião do 74º aniversário da independência do país, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, anunciou a Missão Nacional de Saúde Digital. O programa tem por objetivo criar um repositório único e digital dos registros de saúde dos cidadãos indianos, com informações sobre dados médicos, prescrições, exames e relatórios hospitalares.

O anúncio tem suas raízes em uma proposta de 2018 para criar um mecanismo centralizado afim de identificar exclusivamente cada usuário participante do National Health Stack, e é visto como primeiro passo para a cobertura universal de saúde na Índia. De acordo com a National Health Authority (NHA), todo paciente que desejar ter seus registros de saúde disponíveis digitalmente deve começar criando um Health ID. Cada ID de saúde será vinculado a um gerente de consentimento de dados para permitir o fluxo contínuo de informações dos registros de saúde pessoais. 

A iniciativa visa proporcionar eficiência, acessibilidade, inclusão, segurança e economizar tempo e dinheiro no atendimento às necessidades de saúde de um país de 1,38 bilhão de habitantes. Em 2017, já havia a previsão da criação de um ecossistema de tecnologia de saúde digital com a vinculação entre os serviços de saúde públicos e privados. Entre outros benefícios, cita-se a diminuição do risco de erros médicos evitáveis, o aumento da qualidade de atendimento e a possibilidade de uma visão longitudinal dos registros de saúde para os usuários. Em 2018, foi lançado um programa para fornecer assistência médica gratuita a 40% da população de baixa renda.

O documento afirma que o controle total dos registros permanecerá com o paciente. No entanto, o desafio de desenvolver tal sistema desencadeia receios quanto a segurança dos dados. O Aadhaar, projeto que implantou um número de identificação nacional para os indianos, com vinculação a serviços financeiros, foi o maior do gênero no mundo e rapidamente enfrentou problemas de privacidade de dados. Caso isso ocorra com dados de saúde, geralmente sujeitos a rígidos controles de anonimato, poderia gerar uma grande dor de cabeça para o governo.

Em 2005 no Reino Unido, por exemplo, o Serviço Nacional de Saúde (NHS) iniciou a implantação de sistemas eletrônicos de registro de saúde com o objetivo de ter toda base mapeada até 2010. Embora vários hospitais tenham participado parte desse processo, não houve troca de informações a nível nacional. O programa foi desmantelado depois que o custo para o contribuinte do Reino Unido foi de mais de £ 12 bilhões. Esta é considerada uma das falhas de TI de saúde mais caras. De acordo com o The Independent, o projeto foi assolado por mudanças nas especificações, desafios técnicos e conflitos com fornecedores, o que o deixou anos atrasado e muito acima dos custos.

A Índia parece prestes a se tornar o maior laboratório do mundo para questões de privacidade. No caso da saúde, isso poderia ser combinado com tendências como o uso de wearables para monitoramento de saúde em tempo real, com a ideia de proporcionar aos cidadãos um sistema verdadeiramente pró-ativo. Tal sistema resultaria não apenas na redução do sofrimento causado por respostas tardias a muitas doenças, mas também em menores custos de tratamento.

A saúde passará uma revolução num futuro muito próximo e a digitalização contribuirá muito para isso. O experimento indiano pode ser uma boa maneira de identificar os problemas envolvidos na implementação em massa de iniciativas digitais. Autoridades de saúde pública em todo o mundo deveriam monitorar a Índia de perto.