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O que esperar da FAMGA na saúde?

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Dentre as maiores empresas de tecnologia, o Facebook, Amazon, Microsoft, Google e Apple são comumente agrupadas no acrônimo FAMGA, muito pela relevância econômica e em inovação, mas também porque marcham juntas para mercados promissores como a saúde. Este texto abordará os pontos mais relevantes do webinar conduzido por He Wang, da CB Insights, sobre os principais investimentos e objetivo da FAMGA na saúde.

O primeiro item a se notar é o tamanho do mercado de saúde, com potencial de US$ 11.9 trilhões até 2022, mas que ainda luta com ineficiências e lenta digitalização. Atualmente vive-se uma explosão de dados em saúde combinada com uma mudança no perfil de usuários no sistema. Esse movimento está trazendo visibilidade para os gaps e expondo as frustrações tecnológicas do setor, algo que as empresas em questão estão empenhadas em resolver e conquistar essa fatia do mercado.

Bem capitalizados para investir e conhecidos por entregar uma forte experiência de usuário, a FAMGA espera transformar um setor que ainda é manual e com jornadas desconexas. Com a Covid-19, há ainda mais urgência para impulsionar os cuidados e transformações em saúde.

Com uma comunidade diversa e engajada, o Facebook, está avaliando como a sua plataforma pode ser usada para melhorar o bem-estar de seus usuários. Dados apontam que a plataforma utiliza 52mil atributos para classificar seus usuários, ou seja, pode ser que o Facebook saiba mais sobre mais sobre os seus usuários do que eles mesmos. Considera-se que a rede é um extensivo banco de dados sobre o comportamento, mas como isso está sendo utilizado na saúde?

Alguns exemplos de iniciativas são o programa de prevenção de suicídio, o projeto com sociedades americanas de especialidades para que os usuários acessem recomendações de saúde personalizadas e definam lembretes para cuidados de saúde, ou mais passivamente, grupos de discussão com base em interesses comuns, como comunidades de mulheres afetadas por implantes contraceptivos.

Visto o que acontece com o WeChat na China, o Facebook, dono do WhatsApp, pode-se tornar a porta da frente da saúde digital, especialmente em países em desenvolvimento. Por exemplo, na Índia, o WhatsApp possui 200 milhões de visitas únicas por dia e já recebeu uma licença para transações bancárias, algo que recentemente também foi aprovado no Brasil. No WeChat existem funcionalidades desde agendamento de consultas até triagem médica, verificação de adesão medicamentosa, engajamento em programas de saúde e pagamentos por serviços. O maior desafio do Facebook, no entanto, continua sendo as questões relacionadas à segurança das informações.

A Apple também está fundamentando a sua estratégia de saúde em sua massiva base de usuários, com mais de 1,5 bilhões de pessoas. "Se você olhar para trás e fizer a pergunta: Qual foi a maior contribuição da Apple para a humanidade? Será sobre saúde. Estamos democratizando isso. Estamos pegando o que está com as instituições e capacitando o indivíduo a gerenciar sua saúde”, disse Tim Cook, CEO da Apple.

Há alguns anos a Apple lançou a sua carteira digital de saúde, na qual usuários podem armazenar dados como imunizações, resultados de exames, medicações, procedimentos e acompanhar suas métricas. A empresa conta com centenas de parceiros, entre eles a Quest, LabCorp, Cleveland Clinic, Partners Healthacre e Johns Hopkins.

A Apple está criando um verdadeiro ecossistema com os seus IoTs, no qual é possível capturar dados comportamentais e fisiológicos. A Aetna e a Devoted Health, por exemplo, já subsidiam os relógios da Apple para os seus usuários e, podem assim, monitorar sua população além de explorar o gamification para o engajamento de programas específicos. Outra forma de arrecadar indiretamente mais dados é facilitar a integração de novos app.

Quando se trata de segurança e privacidade, a empresa mais confiável de acordo com recentes pesquisas, é a Microsoft. Ela possui a aplicação mais onipresente entre as FAMGA no ambiente de trabalho. Isso a coloca em uma posição única para penetrar em negócios de saúde, através de relações já existentes. O trabalho remoto, forçado pela pandemia fez com que a trajetória do Teams desse um salto. Em 2019 haviam 27 milhões de reuniões por mês, já em abril deste ano, mais de 200 milhões por dia! Em março foi lançada uma aplicação específica para saúde no Teams, na qual é possível realizar agendamento de consultas até um acompanhamento da coordenação de cuidado.

A Azure, plataforma de computação em nuvem, é outro motor de crescimento da empresa e já mostra sinais de sucesso na saúde. Com a Humana, a Microsoft anunciou uma parceria para reimaginar o cuidado em saúde para populações idosas e suas equipes de atendimento. Já com a Novartis, por exemplo, a colaboração visa reinventar a descoberta e desenvolvimento de tratamentos.

Por falar em ferramentas que habilitem desenvolvimento e pesquisas, o framework de deep learning mais utilizado continua sendo o TensorFlow do Google. Para eles, a liderança em pesquisa envolvendo inteligência artificial é a chave para uma melhor experiência de busca. Com uma média de 5,8 bilhões de pesquisas por dia, o Google se especializou em entender o consumidor e entregar o que ele deseja. Com isso, uma das apostas da empresa em saúde é facilitar a busca em prontuários eletrônicos e fluxos de trabalho no cuidado coordenado. Um exemplo é a Cityblock, spin-out da Alphabet, que trabalha com dados clínicos, sociais e comportamentais para ajudar a equipe médica a entender melhor os seus usuários e comunicar o plano de cuidado, focado em atenção primária.

Uma das grandes apostas do Google é sem dúvida a área da educação médica. Existem algumas razões, como a hospedagem de milhares de vídeos sobre saúde no YouTube e a constante busca por aprendizado por parte dos estudantes de saúde na plataforma. Em meio à pandemia da Covid-19, as instituições estão adotando rapidamente tecnologias para apoiar o aprendizado remoto. Para aumentar a sua popularidade e mudar a experiência de ensino, o Google já estuda a incorporação de realidade virtual na ferramenta.

Para a Amazon, o futuro é sobre escalar o alcance da empresa em soluções que possam potencialmente servir aos interesses da modernização do setor de saúde. Acredita-se que o seu maior recurso é de fato a sua vasta rede de distribuição e membros leais, além da já conhecida contribuição em infraestrutura com a AWS, maior plataforma de computação em nuvem do mundo.

O setor americano de varejo farmacêutico já observa os efeitos da nova entrante. Com o NPS de 80, em comparação a um benchmark de 20, a Amazon tornou a distribuição, oferta e acompanhamento de medicamentos mais significativo através da sua aquisição, PillPack. Em setembro de 2019, a empresa lançou a Amazon Care, um serviço de cuidado 24/7 através de telemedicina para os seus funcionários. Um mês depois, foi adquirida a empresa Health Navigator que utiliza tecnologias como Processamento de Linguagem Natural para triagem automática e documentação em serviços em saúde.

No futuro muitos acreditam que a Amazon será também uma gerenciadora de benefícios para empregadores e pagadores. Ela já tem ofertas que servem como marketplace de saúde, mas o objetivo é a entrada específica em healthcare, fornecendo soluções back-end para provedores. O combo entre farmácia com a PillPack, nutrição com a Whole Foods, Alexa e outras soluções de integração gerenciais/administrativas, certamente criarão um efeito potencializado que a empresa confia para o seu crescimento.

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