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Operadoras de saúde se antecipam à nova resolução da ANS de credenciamento hospitalar mais rígido

Article-Operadoras de saúde se antecipam à nova resolução da ANS de credenciamento hospitalar mais rígido

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As novas diretrizes da ANS estão impactando a rede hospitalar de planos de saúde antes mesmo de entrarem em vigor, devido ao descredenciamento antecipado das operadoras

As novas diretrizes para alteração da rede hospitalar de planos de saúde tiveram a data de início prorrogada de março para setembro de 2024, conforme estabelecido pela Resolução Normativa (RN) nº 585/2023 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Contudo, os hospitais já estão vivenciando os impactos dessas mudanças mesmo antes da vigência da RN, marcada para 1º de março, devido a um movimento antecipado de descredenciamento por parte das Operadoras de Planos de Saúde. Essa foi a estratégia adotada pelas operadoras para evitar ter que lidar com as normas mais rigorosas relacionadas às alterações na rede credenciada.

Hospitais independentes têm sido os mais prejudicados com a antecipação de descredenciamento das operadoras, uma vez que possuem menor poder de barganha em comparação às grandes redes hospitalares, pois tendem a ser menos relevantes dentro do panorama de prestação de serviço das operadoras. Ao mesmo tempo, os modelos verticalizados claramente se beneficiam no movimento de internalização dos atendimentos.

O aspecto positivo é que, após a implementação das novas diretrizes, os prestadores remanescentes nas redes credenciadas, até mesmo os players independentes, estarão mais resguardados contra movimentações semelhantes no futuro. No entanto, o processo de credenciamento, já é uma fonte significativa de desafios para os prestadores, se tornará cada vez mais exigente.

Na prática, a Resolução 585/23 da ANS introduz maior rigidez às alterações de rede credenciada ao estabelecer critérios específicos para a substituição ou exclusão de hospitais na lista de prestadores das operadoras.

Com a implementação dessa nova norma, as operadoras são obrigadas a selecionar hospitais que ofereçam serviços equivalentes aos oferecidos pelo prestador a ser substituído para que as alterações possam ser efetuadas, seguindo parâmetros como disponibilidade de leitos, qualificação e certificações do que já estava disponível nos últimos 12 meses para os beneficiários.

Para permitir que as operadoras realizem a exclusão de hospitais da rede credenciada (redimensionamento por redução), conforme diretrizes da RN, a norma estipula que a alteração será autorizada desde que os prestadores selecionados não estejam entre os hospitais responsáveis por até 80% das internações na sua região de saúde nos últimos 12 meses.

Vale pontuar que há uma exceção a essa regra: hospitais que façam parte do conjunto de prestadores responsáveis por até 80% das internações, mas que, individualmente, representem menos de 5% desse volume total, podem ser descredenciados, uma vez que o impacto à massa assistida é reduzido. Também só será permitido substituir hospitais por prestadores já cadastrados se estes tiverem ampliado sua capacidade de atendimento.

Essas normas proporcionam uma camada adicional de proteção aos hospitais credenciados, mitigando o risco de descredenciamento. No entanto, é importante ressaltar que as diretrizes também demandarão que esses prestadores mantenham e/ou aprimorem continuamente seu nível de serviço.

Assim, observa-se uma demanda crescente para que os prestadores evidenciem às operadoras sua capacidade de proporcionar serviços com os mais elevados padrões de qualidade e eficiência, visando a obtenção de novos credenciamentos. Os beneficiários, na outra ponta, se insatisfeitos com as mudanças, têm o direito garantido pela RN 585 de fazer portabilidade do plano sem necessidade de cumprir prazos de carência, adicional à obrigatoriedade das operadoras de informar à ANS e aos beneficiários sobre as alterações na rede hospitalar, com 30 dias de antecedência.

É essencial que o setor siga acompanhando os desdobramentos desse cenário, como fazemos nos projetos da A&M (Alvarez & Marsal) Healthcare, analisando o movimento do mercado hospitalar na busca por otimizar sua eficiência operacional, bem como a qualidade e segurança dos serviços prestados aos pacientes.

Tudo sugere que estratégias voltadas para o fortalecimento da reputação de eficiência e qualidade dos prestadores junto a operadoras, beneficiários e médicos devem assumir uma prioridade ainda maior daqui pra frente.

Com essas mudanças, a gestão da rede credenciada e acompanhamento de performance dos prestadores tornam-se ainda mais essenciais, assim como abordagens mais assertivas para ajustes futuros nessa rede, visando evitar estresse desnecessário na base de beneficiários das operadoras.

O equilíbrio no relacionamento entre operadoras e prestadores de serviços de saúde é imperativo para garantir a sustentabilidade de todos os participantes no ecossistema de saúde, especialmente em um mercado que já se encontra bastante desafiador.

 

Caio Moreira, diretor da A&M (Alvarez & Marsal) Healthcare na América Latina. Possui mais de 10 anos de experiência no mercado de saúde, com especialização em FP&A, gestão financeira, melhoria de performance e estratégia.