A pneumonia segue como uma das principais causas de internação por doenças infecciosas no Brasil e continua representando um grave desafio à saúde pública. De acordo com um levantamento da Planisa, apenas entre janeiro e fevereiro de 2025, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 81.249 internações por pneumonia ou influenza, com 10.106 mortes notificadas.
Impacto financeiro crescente
O custo estimado dessas hospitalizações ultrapassa R$ 381 milhões. O valor foi calculado com base em uma mediana de R$ 4.697,36 por internação, considerando a análise de 6.399 casos do ano anterior. Isso representa um gasto médio superior a R$ 6 milhões por dia apenas com internações relacionadas a doenças respiratórias.
O volume de casos já é maior do que o registrado no mesmo período de 2024 e acompanha a tendência de alta nas doenças respiratórias, especialmente nos meses mais quentes e com maior circulação viral, como verão e outono.
Alta mortalidade e sobrecarga do sistema público
O levantamento aponta uma taxa de mortalidade de 12,4% entre os pacientes internados por pneumonia ou influenza nos dois primeiros meses do ano. Todos os dados analisados são de atendimentos realizados exclusivamente na rede pública, o que evidencia a sobrecarga enfrentada pelo SUS no atendimento a quadros respiratórios graves.
Grande parte dessas hospitalizações, no entanto, poderia ser evitada com estratégias preventivas eficazes, como ampliação da cobertura vacinal contra influenza e pneumococo, diagnóstico precoce, fortalecimento da atenção primária e organização de fluxos assistenciais específicos.
Custos que vão além dos hospitais
“Embora este levantamento contemple os custos diretos das internações, o impacto econômico vai muito além desses números”, ressalta Marcelo Tadeu Carnielo, diretor de Serviços da Planisa. “É preciso considerar todo o ciclo do cuidado — desde o diagnóstico até o acompanhamento pós-tratamento, passando por possíveis complicações e reabilitação.”
Carnielo também destaca os impactos indiretos da doença: “Cada paciente hospitalizado representa uma série de efeitos colaterais econômicos, como afastamentos do trabalho, aumento dos gastos familiares, uso de medicamentos de alto custo e, muitas vezes, necessidade de reabilitação prolongada.”
Vacinação e prevenção como caminho
Especialistas são unânimes ao apontar a prevenção como a principal forma de reduzir internações e gastos. Campanhas de vacinação, ações de educação em saúde e o fortalecimento da atenção básica são estratégias fundamentais. No entanto, a cobertura vacinal contra influenza e pneumococo ainda está abaixo do ideal em diversas regiões do país.
“Temos observado um crescimento nos casos por diversos fatores, como o envelhecimento da população e o aumento das doenças crônicas, que tornam os pacientes mais vulneráveis às infecções respiratórias”, explica o pneumologista Vinícius José Anacleto Agostinho, da Santa Casa de São José dos Campos.
Planejamento e políticas públicas
A análise da Planisa reforça a importância de políticas públicas voltadas à detecção precoce e ao tratamento eficiente dos casos, evitando que a pneumonia evolua para quadros graves que exijam internação. Os dados evidenciam a urgência de uma abordagem estratégica e integrada para enfrentar o problema como uma prioridade de saúde pública no Brasil.
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