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5 Tendências da telemedicina que transformam a Saúde

Article-5 Tendências da telemedicina que transformam a Saúde

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5 tendências que vão impulsionar o crescimento e transformação da prestação de cuidados de saúde contínuo da telemedicina em 2016, de acordo com Lackman

Uma série de artigos publicados pelo advogado especializado em serviços de saúde Nathaniel Lacktman, da Foley & Ripley, empresa norte-americana com 20 escritórios espalhados pelo globo, analisou as principais transformações que podem ser provocadas pela telemedicina no mercado da saúde a partir deste ano. Principalmente no momento em que, nos Estados Unidos, está sendo promovida a mudança das políticas de remuneração, com abandono gradativo da remuneração baseada em serviços para adoção da remuneração baseada em performance.

Segundo Lacktman, a rapidez na adoção da telemedicina é alimentada por forças econômicas, sociais e políticas poderosas, encabeçadas pela crescente demanda dos consumidores por cuidados mais baratos e acessíveis. Estas forças estão levando os prestadores de serviços de cuidados com a saúde expandir e adaptar seus modelos de negócios para o novo perfil do mercado.

Leia Mais: Como conciliar telemedicina e atendimento presencial?

Ao mesmo tempo, também está caindo por terra conceitos equivocados, como que a telemedicina dependa de concessões de financiamento. Lideranças mais espertas no sistema de saúde estão criando arranjos de telemedicina sustentáveis ​​que geram receitas, e não apenas redução de custos, ao mesmo tempo em que melhoram a assistência ao paciente e sua satisfação. Pesquisa da Associação Americana de Telemedicina comprovou que a telemedicina reduz custos para pacientes, fornecedores e contribuintes em relação a práticas de saúde tradicionais, particularmente por ajudar a reduzir a frequência e a duração das visitas ao hospital.

Espera-se que o mercado global de telemedicina cresça 14,3% ao ano até 2020, alcançando US$ 36,2 bilhões, contra os US $ 14,3 bilhões de 2014. E apesar da crescente demanda por conveniência, inovação e experiência personalizada nos cuidado de saúde ser o principal impulsionador, outras forças trabalham também.

Estas cinco tendências vão impulsionar o crescimento e transformação da prestação de cuidados de saúde contínuo da telemedicina em 2016, de acordo com Lackman. Embora o mercado na mira do articulista seja o norte-americano, é possível entender como movimentos similares podem, com o tempo, se refletir também por aqui.

  1. Expansão das oportunidades de reembolso e de pagamento

Muitas vezes considerado o principal obstáculo à implementação da telemedicina, mudanças no sistema de reembolso agora são vistas como um dos drivers mais proeminentes da expansão da telemedicina, na medida em que consumidores percebem o que muitos fornecedores já sabem – a telemedicina traz redução de custos e maior satisfação ao paciente.

Tanto os pagadores privados quanto os do governo vão continuar a expandir a cobertura à telemedicina na medida em que os consumidores ganham experiência com a tecnologia e exigem cada vez mais acesso a serviços baseados em telemedicina. Alguns planos de saúde já começaram a reforçar sua cobertura como forma de cuidado baseado em valor que pode melhorar a experiência do paciente e oferecer economia substancial. Do lado do governo, 2016 deve ter mais cobertura Medicaid (programa de saúde para a população de baixa renda) entre organizações de cuidado gerenciado e planos Medicare Advantage (sistema público de saúde para idosos).

Enquanto pesquisa realizada em 2014 pela Foley revelou que o reembolso era o principal obstáculo para a implementação da telemedicina, novas leis estaduais que exigem a cobertura de serviços baseados em telemedicina foram aprovadas de lá para cá e devem ser implementadas em 2016. Da mesma forma, os fornecedores estão cada vez mais receptivos a explorar modelos de pagamento além de reembolso de taxa de serviço, e o crescimento desses arranjos deve se manter este ano. Os exemplos incluem contratos entre instituições e a maior disposição de pacientes de pagar por estes serviços convenientes e valiosos do próprio bolso.

As seguradoras privadas

Para as seguradoras privadas, o apelo de usar visitas virtuais para reduzir custos com os cuidados de problemas de saúde menores é cada vez mais forte. A Cigna já cobre cuidados fornecidos pelo provedor de teles-saúde MDLIVE desde janeiro de 2014. Em abril do ano passado, a UnitedHealthcare seguiu o exemplo, com expansão em 2016 para planos individuais. A empresa prevê que em 2016 20 milhões de seus usuários terão acesso a serviços de telemedicina cobertos através das suas três redes parceiras. A Aetna Humana  têm formatos similares ​​de cobertura para determinados clientes.

Governo

No lado público, a telemedicina tem estado no radar nas últimas duas décadas, com amplas aplicações. Atualmente, o Medicare abrange telemedicina só para pacientes em áreas rurais, mas há indicações que a taxa de adoção de telemedicina entre os programas de governo vai aumentar rapidamente a partir de 2016. Recentemente, a Administração de Veteranos (Veterans Administration – VA) expandiu o uso da telemedicina para todos os estados, visando aumentar o acesso de pacientes às consultas. Além disso, o Medicare Telehealth Parity Act de 2015 (projeto que equipara serviços remotos e presenciais) está pavimentando seu caminho no congresso e, caso se torne lei, expandirá a definição da telemedicina, os tipos e locais dos serviços disponíveis, bem como proporcionará paridade de reembolso no âmbito dos CMS, os Centros de Serviços Medicare e Medicaid.

  1. Avanços em arranjos internacionais

Mercados internacionais, em particular países em desenvolvimento com necessidade da profundidade de especialização, vão desempenhar papel significativo na condução do crescimento da telemedicina e na contínua transformação da saúde em 2016. As vantagens que estimulam o crescimento da telemedicina – redução de custos, maior comodidade e menos atendimentos de emergência desnecessários – também são atraentes no exterior. O maior condutor até agora, no entanto, tem sido o desejo de aproveitar a experiência profunda dos prestadores de cuidados de saúde especializados dos EUA.

Em 2016, mais fornecedores de cuidados de saúde vão criar laços com instituições médicas no exterior e levar a perícia norte-americana ao redor do planeta. Estas parcerias transnacionais darão acesso a mais pacientes, criarão receitas adicionais e ajudarão a reforçar as marcas internacionais. Segundo a Associação Americana de Telemedicina, mais de 200 centros médicos acadêmicos dos EUA já oferecem consultoria baseada em vídeo a outras regiões do mundo. Embora muitos ainda sejam programas-piloto, em 2016 devem ocorrer a maturação e a comercialização de boa parte desses acordos internacionais.

O crescente poder de compra das populações de classe média em países como a China está permitindo que mais e mais pacientes adotem tratamentos dos centros médicos ocidentais. Há modelos com e sem fins lucrativos para a telemedicina internacional – como hospitais criando parcerias com organizações no mundo em desenvolvimento para expandir a disponibilidade de cuidados de saúde ou oferecendo atendimento comercial a clientes em nações com áreas de riqueza concentrada, mas sem a capacidade e o acesso a cuidados de saúde ocidentais.

Colaboração internacional

Parcerias internacionais podem estender as marcas do sistema de saúde pelo mundo. Por exemplo, a UCLA Health recentemente fez parceria com a cidade de Zhengzhou, na China, para estabelecer o Centro Internacional de Telemedicina Zhengzhou (ZITC). A parceria permitirá à UCLA Health prestar serviços de diagnóstico, tratamento e reabilitação e promoverá intercâmbio de educação, pesquisa e treinamento.

Investigação clínica global

A telemedicina permite a pesquisadores médicos contar com a participação de grandes populações de pacientes ao redor do globo, o que pode render ensaios clínicos mais rápidos e poderosos. A tecnologia permite ir diretamente aos pacientes, descentralizando o processo e fornecendo mais acesso aos pacientes com doenças raras graças a ferramentas da telemedicina, como coleta remota de dados biométricos, consultas de vídeo e monitoramento remoto de medicação. Além disso, a telemedicina pode reduzir desafios que impactam ensaios clínicos tradicionais, como longos atrasos, restrições de transporte e altas taxas de evasão. O potencial de crescimento levou a operadora de telecomunicações Verizon a investir em serviços de rede para os ensaios clínicos de telemedicina.

Novas populações

A expansão para áreas rurais remotas no exterior também deve alimentar o crescimento da telemedicina em 2016. Isto será particularmente evidente em países com economias emergentes e necessidade de acesso aos serviços de saúde, como China, Índia e América do Sul. A Europa Ocidental vai continuar a crescer também, particularmente em saúde móvel (mHealth) e dispositivos vestíveis (wearables), mas a taxa não será tão significativa como essas outras regiões.

  1. Movimento em nível estadual

Os governos estaduais norte-americanos estão apostando na telemedicina. De acordo com um estudo do Center for Connected Health Policy, em 2015 mais de 200 questões legislativas relacionadas à telemedicina foram introduzidos em 42 estados. Atualmente, 29 estados e Washington DC já promulgaram leis que exigem dos planos de saúde cobertura de serviços de telemedicina em níveis equivalentes aos serviços presenciais, desde que o cuidado seja considerado clinicamente necessário. Muitas leis promulgadas em 2015 entram em vigor este ano e a expectativa é que o movimento se mantenha em 2016.

Embora legisladores estaduais estejam liderando o caminho na incorporação da telemedicina no sistema de cuidados de saúde, dois desenvolvimentos recentes apontam para um interesse crescente no nível federal. Os CMS estão considerando a expansão da cobertura do Medicare para telemedicina e um projeto de lei que trabalha o seu caminho através da Casa dos Representantes dos EUA iria pagar médicos para a entrega de serviços de telemedicina para os beneficiários do Medicare em qualquer local.

As abordagens legislativas estaduais para telemedicina variam muito, mas há quatro métodos que os estados estão considerando em comum como parte da legislação em curso em 2016:

Áudio e vídeo síncrono

Nos termos da regulamentação de cobertura e de prática de telemedicina, a conexão em tempo real de áudio e vídeo está no topo do ranking para prática da telemedicina. Um segundo elemento, aceito em muitos estados, é o áudio interativo com transmissão assíncrona de informações e dados médicos do paciente. Há muitas situações em que a conexão síncrona de áudio e vídeo não é viável nem clinicamente necessária para a ação médica adequada (por exemplo, o envio de imagens radiológicas ou dados patológicos utilizam tecnologia assíncrona). No entanto, mesmo em relação à conexão síncrona de áudio e vídeo, ainda há variações entre os estados sobre como, quando e onde esses serviços devem ser cobertos. Por exemplo, alguns permitem que pacientes realizem consultas de vídeo a partir de qualquer local, enquanto outros exigem que estejam em um local específico ou em uma área rural. A tendência, porém, é que essas barreiras artificiais sejam removidas e a consulta remota tenha cobertura, seja qual for a localização do paciente.

Monitoramento remoto de pacientes

O monitoramento remoto de pacientes (RPM, na sigla em inglês) é, por natureza, um serviço sem equivalente em serviços tradicionais baseados em presença física. Portanto, poucos estados incluem RPM em suas leis de cobertura de seguro comercial (as exceções são Delaware e Mississippi). Da mesma forma, menos de duas dezenas de estados oferecem cobertura com pagamento por serviço no caso de RPM no Medicaid. Em 2016, enquanto as tecnologias se popularizam, e pagadores e provedores reconhecem o quanto a telemedicina pode reduzir custos relacionados a pacientes com doenças crônicas e os encaminham neste sentido, Lacktman acredita que mais legislações exigirão cobertura para RPM. Estados com leis de cobertura de teles-saúde mais antigas podem se destacar, já que os fornecedores de serviços de saúde podem querer estimular a atualização dessas leis para incluir RPM.

Contatos assíncronos (amarzenagem e acompanhamento)

O armazenamento e o encaminhamento – a transmissão eletrônica de informação médica, incluindo vídeos pré-gravados, imagens e documentos – só são cobertos em uma minoria de estados, porque a maioria tem definido telemedicina como "ocorrendo em tempo real", ou com "o uso de vídeo ao vivo”. Menos de uma dúzia de estados citam expressamente a cobertura de armazenamento e acompanhamento em teles-saúde em suas leis de cobertura comercial. Mas naqueles que o fazem, os pacientes segurados podem desfrutar de um benefício poderoso e conveniente. Os exemplos incluem Colorado, Connecticut, Havaí, Montana e vários outros. Aproximadamente o mesmo número de estados inclui cobertura similar em seu programa Medicaid FFS.

Serviços interestaduais

Outra suposta limitação na expansão telemedicina é o requisito de licenciamento médico estadual (os médicos não estão autorizados a praticar a medicina além de fronteiras estaduais, a menos que devidamente licenciados). Se isso é realmente um obstáculo é uma incógnita, já que muitos provedores estão criando ofertas de telemedicina multiestados com apoio de profissionais licenciados nos estados onde os pacientes estão localizados. Assim, as mudanças estão a caminho, já que onze estados já adotaram o Interstate Medical Licensure Compact (processo mais ágil para a portabilidade de médicos) da Federação dos Conselhos Estaduais de Medicina (FSMB), com projetos de leis pendentes em mais nove estados.

A revisão das regras federais do Medicare, as leis estaduais favoráveis ​​e as regras do conselho podem dar impulso significativo para o uso e a disponibilidade de telemedicina ao longo de 2016.

  1. Ascensão das clínicas de varejo e dos centros de saúde nas empresas

Em resposta às exigências dos consumidores por cuidados de saúde mais personalizados a um custo menor, postos de saúde onsite nas empresas e clínicas de varejo continuarão sua ascensão em 2016 e a telemedicina será crucial para as clínicas que oferecem serviços expandidos a um custo menor.

Com os empregadores projetando aumento de 6% em custos de benefícios voltados a cuidados de saúde para este ano, as clínicas de saúde onsite estão entre as saídas para reduzir as visitas de empregados ao pronto-socorro e outros serviços caros. Muitas já empregam telemedicina, mas esse número deve crescer em 2016 – 74% dos respondentes de pesquisa realizada pelo Business Group on Health planejam oferecer serviços de teles-saúde para os empregados, 48% mais que no ano anterior.

Recente estudo da Towers Watson descobriu que mais de 35% dos empregadores com unidades de saúde onsite oferecem serviços de telemedicina, e outros 12% planejam oferece-los nos próximos dois anos. Outros estudos sugerem que cerca de 70% dos empregadores vão oferecer serviços de telemedicina como um benefício aos funcionários até 2017. O crescimento das empresas de telemedicina de porte nacional que oferecem serviços de saúde adaptados às necessidades específicas dos empregadores e outros grupos, como MDLIVE e Teladoc (que acaba de abrir seu capital), é um reflexo da demanda por esses serviços.

Além disso, os consumidores estão cada vez mais dispostos a pagar do próprio bolso pela conveniência e pelos múltiplos benefícios de serviços de telemedicina em clínicas médicas de varejo, mesmo quando não coberto pelos planos. Em resposta a essa demanda, as gigantes do varejo farmacêutico CVS e Walgreens, que atuam no ramo, anunciaram planos para incorporar serviços baseados em telemedicina em seus locais de atendimento físico.

Outra questão é que a disposição de uso dos consumidores aumenta na medida que as ofertas de telemedicina ficam mais amigáveis. De acordo com a Accenture, 57% dos consumidores dos EUA já rastreiam suas informações de saúde online – incluindo histórico médico, atividade física e sintomas. E de acordo com a American Well, 64% dos norte-americanos estão dispostos a "visitar" um médico por vídeo e 70% preferem o vídeo a uma visita ao consultório para obter uma receita comum de cuidados primários.

  1. Mais ACOs usam a tecnologia para melhorar o atendimento e reduzir custos

Se 2015 foi o ano em que trouxe a telemedicina diretamente aos consumidores, 2016 será o ano da telemedicina nos ACOs. Desde o advento da Medicare e das organizações de responsáveis por cuidados (Accountable Care Organizations – ACOs), o número de beneficiários do Medicare atendidos tem crescido de forma consistente de ano para ano, e o crescimento deve se manter em 2016. Essas organizações apresentam uma avenida ideal para o crescimento da telemedicina.

Apesar dos CMS oferecerem incentivos pesados para a redução de custos, ​dividindo a economia obtida, um relatório com dados de 2014 apontou que, enquanto o CMS considerou o Programa de Economia Compartilhada do Medicare (MSSP) um sucesso, só 27% dos ACOs conseguiram se qualificar para os incentivos no ano passado. Enquanto isso, apenas 20% usaram serviços de telemedicina. De acordo com Lacktman, a busca de melhoria na qualidade dos cuidados com o paciente e a necessidade de acertar as métricas para obter incentivos deve levar à maior utilização de telemedicina entre ACOs em 2016.

Além disso, as últimas regulamentações referentes aos CMS mencionam expressamente serviços de telemedicina como arranjos protegidos no âmbito dos programas de fraude e abuso de isenção do MSSP. Isto significa que os ACOs podem usar e oferecer serviços de telemedicina e de monitoramento remoto de pacientes em formatos que outros provedores tradicionais (não-ACOs) não podem. Ao proteger esses arranjos, fica claro o reconhecimento de como as tecnologias de teles-saúde, e processos inovadores de cuidados, podem ajudar a reduzir os custos para o Medicare e beneficiar seus pacientes.

Os ACOs são entidades que já fizeram investimentos financeiros, operacionais e culturais significativos para melhorar a prestação de cuidados de saúde. E, no entanto, 80% deles ainda não adotaram uma das mais poderosas tecnologias de entrega de cuidados de saúde disponíveis para atingir essas metas de qualidade e redução de custos. Os ACOs estão bem posicionados para trilhar o caminho já feito por outros prestadores de cuidados de saúde e tirar o máximo proveito do que a telemedicina tem para oferecer em 2016 – redução de custos a curto e longo prazo, aumento da satisfação do paciente e maior probabilidade de gerar incentivos da economia compartilhada. Aqueles que capitalizarem a telemedicina e tecnologia de monitoramento remoto estão mais propensos a receberem pagamentos de incentivos financeiros no final de 2016.