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Agora é oficial: TISS 3.02 passa a ser obrigatório

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Prazo de migração para operadoras e prestadores terminou neste domingo (31). Para especialistas, apesar de o mercado não estar preparado, falta de novo adiamento estimula experiências práticas

Agora não tem mais jeito: terminou neste domingo (31) o prazo para adoção obrigatória do TISS 3.02 (Troca de Informações na Saúde Suplementar), padrão estabelecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS, para o envio eletrônico de informações entre fontes pagadoras, prestadores de serviço e a agência reguladora. A data limite anterior para o TISS 3.01, em 30 de maio, havia sido ampliada artificialmente com o lançamento de uma nova versão.

O mercado, que trabalhava junto à ANS demonstrando que ainda haviam problemas na adoção do novo TISS, esperava o lançamento de uma versão 3.03 para ampliar novamente o prazo, mas a expectativa acabou frustrada. “Esperando não, desejando”, diz Fábio Monsanto, fundador da Tradimus, consultoria especializada em TISS.

Segundo Luis Gustavo Kiatake, diretor de relações institucionais da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde, o setor defendeu na agência mais tempo para fazer testes práticos, diante de uma certa ausência de casos de sucesso. “A SBIS fez uma pesquisa e os fabricantes de software em princípio já estavam preparados, mas nenhuma grande operadora com nenhum grande prestador tinha conseguido [trocar informações no TISS 3.02]”, conta.

Na última reunião realizada pela ANS para discutir o prazo, feita na semana passada, Kiatake diz ter percebido que ainda existem dúvidas sobre algumas situações regulatórias. “Se lá dentro existem divergências de como vai funcionar, imagine no mercado”, exclama. “Mas também há um consenso de que a coisa precisa entrar.”

Isso significa, para Kiatake, que mesmo sem testes bem sucedidos, a entrada em vigor vai ser uma forma de as empresas fazerem adaptações nos sistemas, entrando em produção já de cara. E prevê dois possíveis impactos imediatos: se os sistemas não funcionarem, gerando impacto no processo de cobrança e pagamento entre hospitais e operadoras; e na terminologia, causando confusão entre as tabelas de procedimento.


Impacto

“No primeiro mês haverá alguns impactos interessantes de dificuldade. Mas acho que as operadoras devem criar alternativas para fazer uma transição menos abrupta. Talvez elas ainda aceitem algumas coisas no padrão antigo”, pondera.

Para Monsanto, com o prazo obrigatório finalmente terminando, a agência afastou o risco de ver seu esforço entrando em descrédito. “Somando os adiamentos, você tem dois anos de prazo. Se fosse [adiar] novamente, quando entraria?”, pondera. “Agora é a hora da verdade, como diz o cliché.”

Apesar de as empresas ainda estarem pouco preparadas para trocar informações no novo padrão, e do longo prazo dado pela agência, é pouco provável que ela autue as empresas que não migrarem imediatamente, uma vez que ela “está ciente de que poucas o fizeram”, diz Monsanto, que também é otimista. “O tempo de estabilização do padrão vai ser mais rápido que os outros. Foi a primeira vez que vi operadoras que nunca sequer olharam o TISS, principalmente de odontologia, muito preocupadas.”

O diretor da SBIS concorda: é muito mais provável, acredita, que a ANS utilize os dados recebidos das operadoras para saber qual é o andamento da transição. Em novembro a agência começa a receber informações referentes ao mês de setembro (incluindo versão utilizada pelas operadoras, terminologia, tabelas etc), e com eles será possível determinar ações para estimular a migração para o TISS 3.02.

“Com esses dados a agencia vai ter um controle muito maior de que como está a comunicação entre operadoras e prestadores”, acredita Kiatake. “Com isso a agência começa a ter uma visão mais verdadeira do cenário. Se antes ela trabalhava baseando-se em denúncias, agora vai ter um instrumento para agir proativamente.”