A pandemia do novo coronavírus, que levou a população mundial a buscar soluções digitais para tudo o que estivesse ao seu alcance a fim de manter-se em casa, digitalizou ainda mais o setor de saúde.
A terapia digital tem sido utilizada como um termo relacionado a um produto baseado em tecnologia que tenha passado por validação clínica, tais como sistemas digitais, aplicativos, entre outros, possibilitando intervenções baseadas em evidência (realizada pelo paciente e equipe multiprofissional), auxiliando no diagnóstico, prevenção, monitoramento ou tratamento de doenças ou síndromes.
Aliada ao atendimento presencial, a terapia digital permite a atuação em um cenário de cuidado híbrido, essencial em tempos como o que vivemos hoje. O cuidado híbrido tornou-se um mecanismo de ação da terapia digital, e tem como objetivo modificar positivamente tanto a jornada do paciente quanto à intervenção em sua experiência e engajamento, com relação ao seu cuidado contínuo. É uma combinação do cuidado digital (que pode estar associado ou não à utilização de um processo eletrônico automatizado para a coleta e comunicação das informações), com atendimento presencial (que pode ser consulta com profissional multiprofissional).
Em artigo publicado na Revista Einstein no final de 2020, intitulado Aplicação do cuidado híbrido como mecanismo de ação na construção de uma terapêutica digital, o pesquisador de desenvolvimento tecnológico Antonio Valerio Netto, detalha alguns exemplos de terapia digital “São semelhantes aos populares aplicativos de bem-estar, mas com uma diferença fundamental: concentram-se no fornecimento de resultados clínicos. São tratamentos comportamentais baseados em evidências entregues online que podem aumentar a acessibilidade e a eficácia dos cuidados de saúde”.
Este mecanismo traz um diferencial importante, pois direciona para um correto desfecho do tratamento e funciona como uma ponte entre a prestação tradicional de assistência presencial e as soluções de Saúde Digital. Os benefícios são identificados para usuários, provedores de assistência e operadoras.
Para os usuários, este mecanismo fornece intervenções confiáveis, baseadas em evidências, com alto controle de qualidade, além de fornecer cuidados independentes da programação do paciente e do ambiente em que este está. Para os provedores da assistência, os benefícios se encontram na utilização de métodos diferentes em conjunto para prover a assistência, tais como prescrição de medicamentos, utilização de dispositivos ou outras terapias, com o objetivo de otimizar o atendimento e os resultados dos desfechos.
No caso das operadoras de saúde, os benefícios estão evidenciados na melhora dos resultados clínicos, para uma variedade de distúrbios físicos e comportamentais e redução dos custos, quer seja pela intervenção precoce (evitando a progressão do distúrbio) ou por não exigir necessariamente uma expansão da força de trabalho relacionada ao aumento da exposição da população ao cuidado híbrido.
