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O presente e o futuro da realidade virtual na saúde

Article-O presente e o futuro da realidade virtual na saúde

O presente e o futuro da realidade virtual na saúde

Desde 2015 a startup brasileira MedRoom aplica a tecnologia de realidade virtual (VR, do inglês virtual reality), junto a estratégias de gamificação, em experiências destinadas à educação em saúde para faculdades e institutos de ensino. Sandro Nhaia, fundador, me recebeu nas instalações da empresa no Brooklin e mostrou o que já foi e tem sido desenvolvido.

Utilizando os óculos de VR é possível viajar por todo corpo humano. Comecei pelo sistema circulatório e fui até o coração. Dá pra ouvi-lo batendo! Os painéis permitem controlar o zoom e assim consigo entrar dentro de um coração gigante, visualizando as válvulas, artérias e todas outras estruturas que o formam. Consigo retirar camadas dos órgãos como se o estivesse dissecando, além de ligar ou desligar qualquer sistema.

O programa possui casos clínicos onde interajo com um paciente. Durante o atendimento, árvores decisórias vão aparecendo, que podem ser tão complexas quanto necessário. Caso eu solicite um exame, no dia em que o resultado estiver pronto, recebo uma notificação em meu celular e continuo a tomada de decisão dali mesmo.

Durante a feira Hospitalar deste ano, a MedRoom em parceria com a empresa CMOS Drake proporcionou uma experiência com realidade mista onde um corredor caía e era preciso que 2 pessoas o socorressem realizando massagem cardíaca em um manequim. A cada 15 compressões um feedback era dado a partir da análise da velocidade e da profundidade que eram feitas as manobras.

O foco da empresa não é somente a realidade virtual. “Estamos criando uma plataforma de treinamento híbrido que você consiga estudar pelo seu celular, na web, no VR e nos 3 em conjunto”, conta o fundador.

Na sede da empresa ainda há um estúdio de captação de movimentos. O sistema de captura facial consegue identificar micro expressões. O processo inclui uma etapa em que se ensina ao equipamento o que aquela expressão ou movimento é, deixando-o cada vez mais inteligente, rápido e realista. “Acreditamos que quanto mais realista mais empatia a gente cria. Você não está treinando em um boneco de plástico”, diz Sandro.

Quando perguntei se pretendem explorar microestruturas do corpo, Sandro explica do cuidado que é tomado para a experiência do usuário ser a melhor possível. “Que horas que eu consigo encaixar meu conteúdo da fisiologia que está todo no macro e vou pro micro? Como que eu faço essa transição de um pro outro sem a pessoa vomitar de enjoo? Já tomamos muitos cuidados: o uso é fácil, 2 botões, em 5 minutos o sujeito já está se virando sozinho, mas como conseguimos mais? Como conseguir dar uma experiência guiada que seja incrível do início ao fim?”

Sandro compara a produção da MedRoom com uma empresa europeia desenvolvedora de jogos eletrônicos baseados em decisões: “um jogo demorou 4 anos pra fazer, 50 milhões de euros e 400 pessoas envolvidas. Quando conseguimos o mesmo resultado de qualidade gráfica, (hoje a gente já ultrapassou) nós demoramos 4 meses e em 3 pessoas, com muito menos recurso. Nosso time é incrível nesse sentido!”.

Fazer com que as instituições de ensino adequem o programa a suas rotinas ainda é um desafio para a startup. “Temos conseguido mostrar cases e diferentes tipos de uso”, explica Sandro. Outro complicador é o custo do equipamento no Brasil. Quando convertido para dólar, não é um valor tão alto, mas ainda é significativo se comprado em real.

O próximo passo é partir da educação para a assistência. Um dos projetos, ainda em pesquisa, consiste em construir um órgão digital do paciente a partir de exames de imagem reais, como ressonância e ultrassom, e permitir simulações no mesmo. “Imagina o médico poder treinar em ‘você’ antes de realizar a cirurgia em ‘você’?! O tempo que ganha, a assertividade”, conta o fundador e complementa “O médico sabe exatamente o que vai encontrar no paciente dele. Sem precisar abrir o cara!”.

Os estudos iniciaram pelo coração, um órgão bem complexo, mas a ideia é expandir ​as simulações até o ponto de se criar um digital twin (um gêmeo digital, em inglês). ​O que proporcionaria uma experiência única em termos assistenciais no cuidado do paciente pelo médico.