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Hospital de Niterói salva vida de gestante com H1N1 e de seu bebê

Article-Hospital de Niterói salva vida de gestante com H1N1 e de seu bebê

Fachada
Durante a internação, Andrea foi assistida por uma equipe multidisciplinar, que incluiu médicos intensivistas, que acompanharam o caso e ofereceram todas as alternativas terapêuticas para mantê-la viva.

Pela primeira vez na região Leste Fluminense um pulmão artificial salvou a vida de uma paciente com quadro grave de insuficiência respiratória. Pioneiro na utilização da chamada oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO, na sigla em inglês), o CHN (Complexo Hospitalar de Niterói) fez uso da tecnologia em Andrea Vasconcelos, de 29 anos, grávida de 29 semanas, que, após a internação com quadro grave de tosse e febre alta, foi diagnosticada com o vírus Influenza A/H1N1.

De acordo com o Ministério da Saúde, gestantes integram o grupo de risco para a doença, por isso são prioridade na hora de receber a vacina nos postos de saúde. Grávidas são quatro vezes mais suscetíveis do que a população em geral a terem complicações severas causadas pelo vírus H1N1 e foi esse o caso de Andrea.

A paciente deu entrada no hospital, no dia 22 de abril, com todos os sintomas de infecção por H1N1, e, após nove dias de internação na Unidade de Terapia Intensiva (Geral e Cardiológica) do CHN, houve a confirmação da doença. Logo após a internação, a paciente – ainda grávida – teve uma piora em seu estado de saúde, o que levou a equipe médica a tomar a decisão de interromper a gravidez, realizando a cesárea.

“Dependendo da idade gestacional, é uma opção tirar a criança para salvar a mãe. Naquele momento, a paciente ainda não tinha o diagnóstico fechado para H1N1. Optamos, então, por fazer o parto com plena certeza e segurança, pois contávamos com todo o suporte tecnológico e humano da UTI – setor onde Andrea estava por causa de seu estado de saúde –, além de um centro cirúrgico obstétrico moderno, uma equipe especializada em gravidez de alto risco e uma UTI neonatal totalmente preparada para receber o bebê, que nasceu com 29 semanas, pesando cerca de 1.200 gramas”, relatou Leonardo Nese, coordenador do Setor CHN Materno-infantil.

Andrea ficou cerca de quatro semanas em coma induzido, e, na UTI Cardiológica, foi submetida, por uma semana, à ECMO, que substitui a função dos pulmões e permite que o órgão descanse para se recuperar. Segundo Valdênia Souza, cardiologista do CHN Cardiovascular, Andrea utilizava dois equipamentos para se manter oxigenada adequadamente: ventilador mecânico e membrana extracorpórea. A estrutura do CHN, que inclui uma equipe multidisciplinar, está preparada para a utilização da tecnologia de suporte ao pulmão e ao coração na hipótese da falência desse último, que pode ocorrer em conjunto ou não com o pulmão.

“Com essa tecnologia, o pulmão do paciente passa a repousar, e a máquina mantém, através de cateteres, o fluxo contínuo de captação do sangue, que circula pelo equipamento e é responsável por equilibrar os níveis de oxigênio e gás carbônico sanguíneo, concluindo o ciclo respiratório, ou seja, o sangue volta 100% oxigenado para o paciente. Além disso, o doente fica entubado, para manter o pulmão protegido, com a ajuda do ventilador mecânico. O pulmão artificial permite que o organismo funcione de forma mais lenta, e o órgão original descanse para se recuperar da infecção”, explica a cardiologista.

Durante a internação, Andrea foi assistida por uma equipe multidisciplinar, que incluiu médicos intensivistas, que acompanharam o caso e ofereceram todas as alternativas terapêuticas para mantê-la viva. “O fato de a paciente estar em um hospital especializado em casos de alta complexidade nos deixou seguros para fazer uso dessa tecnologia de ponta, especialmente em uma paciente puérpera e com H1N1”, afirma Moyzes Damasceno, coordenador das UTIs do CHN.

A tomada de decisão rápida e multidisciplinar também foi determinante para o sucesso do caso. Andrea, que precisou fazer uma cesárea de emergência, necessitou de muita presteza da equipe de obstetrícia, liderada pela médica Daniela Machado. “O parto, que durou 20 minutos, foi difícil, principalmente pelo estado de saúde grave da mãe, que estava sob cuidados intensivos, então, representou altíssimo grau de risco, mas estávamos totalmente preparados, contando com uma grande equipe de profissionais envolvidos e todo o suporte da maternidade com a estrutura de um complexo hospitalar”, diz Daniela.

Mas não foi só Andrea que lutou pela vida, seu filho também resistiu bravamente às 29 semanas de prematuridade e veio ganhando peso e força durante a internação na UTI Neonatal do CHN. “Desde os primeiros momentos, o recém-nascido recebe total assistência para se desenvolver, mesmo fora da barriga da mãe. Com aproximadamente 1.200 gramas, o bebê evoluiu muito bem, sem intercorrências”, confirma Leonardo Nesse, coordenador do Setor CHN Materno-infantil e da UTI Neonatal.

Andrea recebeu alta hospitalar dia 22/6 e seu bebê, após mais de dois meses de internação na UTI Neonatal, foi para casa dia 28/06 pesando 2,886 quilos.