Pesquisadores do Brasil e do exterior presentes ao 38° Congresso Brasileiro de Análises Clínicas alertam que, entre os medicamentos, 40% das alergias são causadas por antiinflamatórios, muito consumidos nessa época do inverno
Pode ser um comprimido para dor de cabeça, para o mal-estar estomacal ou sintomas da gripe e resfriados, tão comuns nesta época do ano. Os medicamentos podem ter reações diferentes de uma pessoa para outra. O que para uma pode representar alívio dos sintomas, para outra pode representar reações alérgicas das mais variadas.
E, com a chegada das temperaturas mais frias, as pessoas costumam se automedicar com mais frequência para tratar sintomas comuns a gripes e resfriados, escondendo um risco para quem tem reações alérgicas a medicamentos.
Pesquisadores do Brasil e do exterior presentes ao 38° Congresso Brasileiro de Análises Clínicas, que será realizado de 26 a 29 de junho em Curitiba, alertam que até 12% da população possui alergia a medicamentos, especialmente antiinflamatórios. Estes são responsáveis por 40% dessas reações, que podem levar à mortalidade em 10% dos casos.
Esse é um dos motivos pelos quais a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu recentemente a venda de antibióticos sem receita médica. Mesmo utilizando esses remédios por vezes seguidas, é possível a qualquer pessoa ter reações, desde coceiras e sintomas leves, passando por inchaços, fechamento da garganta, podendo chegar a situações que põem em risco a vida, como choque anafilático.
O alergista Luis Felipe Chiaverini, que também é diretor da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia, informa que as alergias a medicamentos se manifestam principalmente na pele, e estão associadas ao uso de remédios como antiinflamatórios e antibióticos. O tempo de reação após a automedicação pode acontecer minutos após a ingestão do medicamento e até mesmo depois de semanas. Segundo ele, as reações alérgicas podem ocorrer mesmo que já tenham tido contato com aquele medicamento antes.
Em sua palestra intitulada “Diagnóstico laboratorial de doenças alérgicas”, marcada para o dia 27 de junho, às 16h30, o especialista aponta que as maiores novidades estão nos exames que auxiliam no diagnóstico médico e no desenvolvimento de protocolos para a investigação das reações. ”O diagnóstico é feito principalmente pela história clínica, associada a testes na pele e exames laboratoriais”, ressalta.
Portanto, Chiaverini alerta para a importância de evitar a automedicação e ler atentamente a bula, especialmente nos itens relacionados a reações, contra-indicações e efeitos colaterais.