Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) sobre a implantação de stents (pequenos tubos metálicos) que facilitam a circulação sangüínea em pacientes com artérias dilatadas apresentou eficiência em 92,9% dos casos. Hoje, pelos números coletados em abril deste ano, já são 680 pessoas operadas com stents implantados por tratamento endovascular. O cirurgião cardiovascular Ênio Buffolo, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), juntamente com uma equipe multidisciplinar, coordena os trabalhos. O implante do stent é feito a partir de um corte na virilha onde se localiza uma artéria por onde será introduzida a sonda guia que leva o tubo metálico até o aneurisma. Ao interromper a passagem do sangue pela dilatação, o stent funciona como uma tubulação ou parede, impedindo o rompimento da artéria. Isolado, o aneurisma retrocede e pode ser absorvido pelo organismo.
A pesquisa foi apresentada em junho deste ano durante o congresso espanhol da Sociedade Espanhola de Cirurgia Cardiovascular. Em Abril, também foi tema do maior evento de aorta do mundo, o IX Aortis Surgery Symposium, em Nova York.
Custo-Efetividade – Já o cardiologista Fausto Feres, médico do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos (HPEV), de São Paulo, desenvolveu um outro trabalho sobre o custo ? efetividade dos Stents com Sirolimus para Tratamento de Lesões Coronárias. Segundo o especialista, os stents convencionais são menos eficientes do que os farmacológicos. Porém, o custo do tratamento com esses dispositivos fica em torno de R$ 16 mil, contra pouco mais de R$ 10 mil do tratamento convencional.
Até quatro anos atrás, segundo o médico do HPEV, apenas os stents convencionais eram empregados para desobstruir artérias coronárias. Vale lembrar que os custos desses dispositivos são cobertos por alguns planos de saúde e pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Porém, de 10 a 20% dos pacientes tratados dessa forma retornavam aos hospitais com uma nova obstrução ? processo chamado de reestenose. Alguns estudos, no entanto, provaram que, com o uso de determinados medicamentos nos stents, as chances de uma reobstrução nas artérias cairia para índices abaixo de 3%.
Para comparar a relação custo x benefício dos stents, Feres realizou uma pesquisa com 74 pacientes. O objetivo do estudo era comparar os custos hospitalares e tardios de 37 pacientes submetidos ao implante de stents convencionais e 37 submetidos ao tratamento com o stent revestido com sirolimus.
O resultado imediato dos pacientes tratados com as duas técnicas não apresentou diferenças entre si. Mas o resultado tardio comprovou que os stents convencionais causaram problemas aos pacientes. Cinco deles tiveram de passar por novas revascularizações ? com isso, além de gastarem mais, tiveram de enfrentar mais dores e novo processo de recuperação. Feres concluiu que os procedimentos com stents com sirolimus, apesar de melhorarem significativamente os resultados clínicos, são cerca de R$ 5.500,00 mais caros do que os convencionais, quando analisada sua eficácia a longo prazo.