Mais de 400 municípios brasileiros não contam com médico algum, disse nesta sexta-feira (16) o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). Ao homenagear os médicos pelo seu dia – 18 de outubro -, o senador chamou a atenção para a distribuição desigual, no país, dos profissionais de saúde, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Mozarildo, que também é médico, afirmou que é preciso formular uma política para garantir que todas as regiões atendam ao índice recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de um médico para cada mil habitantes.
“Incentivar os novos médicos, formados nas regiões mais ricas, a se deslocarem para regiões pobres ou carentes, reequilibrando o índice de distribuição dos médicos para o país, deve ser uma prioridade para o governo brasileiro” afirmou.
De acordo com Mozarildo, enquanto o Sul e o Sudeste atingem a média de 2,33 e de 1,81 médicos por mil habitantes, e o Centro-Oeste, graças à concentração de profissionais em Brasília, chega a 1,76, o Nordeste tem 1,03 e o Norte conta com apenas 0,85.
Entre as soluções para o problema, Mozarildo sugere a criação de escolas de medicina longe das áreas de grande concentração de escolas e profissionais. Além disso, ele disse que voltará a apresentar projeto de lei com o objetivo de tornar obrigatório, para obtenção de registro, que os profissionais de saúde formados em universidades públicas, façam um estágio de um ano em localidades onde a média de médicos é menor do que a recomendada pela OMS.
“Entendo que, para o cidadão que se forma na área de saúde em uma universidade pública, não seria nada demais que tirasse um ano para uma pós-graduação no interior do Brasil” disse Mozarildo, lembrando que modelos como esse foram aplicados com sucesso em muitos países, como a Austrália.
Mozarildo apresentou números que comprovam o grande desequilíbrio no acesso à medicina no Brasil. Dos 329 mil médicos do país, mais da metade, observou, está em São Paulo, que conta com 188 mil profissionais. Juntas, as regiões Sudeste e Sul têm 238 mil médicos, o que explica a deficiência no atendimento às populações das regiões mais pobres.
O parlamentar, que integra a Universidade Federal de Roraima, tendo ajudado a formular o curso de medicina da instituição, reconheceu que não basta deslocar médicos, seja com o estágio obrigatório ou com o oferecimento de altos salários. Pois a área exige grande carga de estudos, acesso às novas tecnologias e troca de experiência entre os profissionais, o que costuma acontecer em grandes centros urbanos. Por isso, defendeu, é preciso estimular a criação de novas escolas de medicina no interior do país.
“Os médicos dão o suporte indispensável à elevação do Índice de Desenvolvimento Humano de que o Brasil necessita para alcançar patamar de justiça social compatível com o projeto de ingressar no seleto clube dos países desenvolvidos” afirmou Mozarildo, que citou dados do livro Rumo ao Interior: Médicos, Saúde da Família e Mercado de Trabalho (editora Fiocruz), do pesquisador Rômulo Maciel Filho, do Centro de Pesquisas da Aggeu Magalhães da Fundação Oswaldo Cruz em Recife (PE) e de Maria Alice Fernandes Branco, também do departamento de saúde coletiva do CNPq da Fiocruz. 
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