*Alfredo Tranjan

Muitos colegas, ao visitarem meu centro cirúrgico de oftalmologia me perguntam – vale a pena ter meu centro cirúrgico e sair da burocracia de internação de um hospital e ter preços mais convidativos? A minha resposta é sempre: depende.

E depende de quais fatores?

No panorama geral, o Brasil tem gasto US$ 107,00 per capita para US$ 466,00 na última década, ainda estamos longe dos US$ 549,00 da média mundial. Os gastos com os 20% das população que têm planos de saúde contabilizam metade do que se gasta em saúde no país. Esses dados foram divulgados pelo Jornal Zero Hora.

O setor de saúde vem passando por importantes transformações nos últimos anos. Até 2001, havia pouco mais de 30 milhões de beneficiários de planos de saúde, onze anos depois (2012) são mais de 48,7 milhões, uma evolução 62%, segundo dados da ANS (Agencia Nacional de Saúde Suplementar).

Mas, além disso, é necessário avaliar as despesas que o empreendedor tem ao manter seu centro cirúrgico. 1-quantidade de cirurgias de porte 3 que realiza mensalmente com seu próprio movimento; valores acordados com as operadoras de saúde, os famosos pacotes, que depois de acordados, dificilmente serão reajustados, pois o mercado está com vários centros deste modelo; estrutura para cirurgias com anestesia local e sedação, pois de elas precisam ser feitas com anestesia geral e se são realizadas em crianças, a primeira terá seu custo duplicado, pois precisara de 30% a mais de funcionários e sua remuneração não será suficiente. No caso de crianças, terá um custo maior devido à contratação de um médico especializado em pediatria, para as intercorrências.

Então você terá um centro cirúrgico somente para cirurgias de risco mínimo, iniciando pela manhã e terminando antes das 9h da noite. Feito estas contas básicas, então contrate alguém de custos para analisar sua planilha e ai ela te dará a palavra final.

Por isso, sugiro dicas para que possa fazer uma análise, antes de abrir seu centro cirúrgico:

Estrutura Organizacional da Unidade de Centro Cirúrgico

Representa um lugar de importância relevante no contexto hospitalar, devido à complexidade de atendimento prestado para pacientes que necessitam de tratamento cirúrgico, em caráter eletivo ou emergencial. Assim, o planejamento desta unidade deve ser responsabilidade de uma equipe multiprofissional e elaborado com base nas normas do Ministério da Saúde (RDC 50), para que as atividades desenvolvidas ocorram de modo harmonioso, sincronizado e eficiente, visando à segurança dos recursos humanos e paciente.

*Localização – deve ocupar área independente da circulação geral, ficando assim livre do trânsito de pessoas e materiais estranhos ao serviço; deve possibilitar acesso livre e fácil de pacientes provenientes das Unidades de Internação, Cirúrgica, Pronto Socorro e Terapia Intensiva, bem como o encaminhamento dos mesmos às unidades de origem.

*Estrutura física – do ponto de vista do planejamento, o centro cirúrgico caracteriza-se por um conjunto de elementos que, em conjunto, compõe uma unidade do estabelecimento de saúde. São considerados os seguintes elementos:

v Vestiários: são barreiras físicas, considerando que estas são definidas como “aqueles ambientes que minimizam a entrada de microorganismos externos”. Devem ser providos de armários para a guarda de pertences dos usuários e conter sanitários com lavabo e chuveiro;

vSala administrativa: local destinado ao controle administrativo da unidade, concentrando a chefia de enfermagem e a secretaria;

Além disso, o empreendedor deve levar em consideração, a área de recepção do paciente, sala de espera, área de escovação ou lavabos e sala de cirurgia: local destinado à realização de intervenções cirúrgicas e endoscópicas. O número de salas de cirurgia para a unidade de centro cirúrgico é quantificado com base na capacidade de leitos. Preconiza-se duas salas para cada 50 leitos não especializados ou uma para cada 15 leitos cirúrgicos. Ao planejar a sala de cirurgia, alguns requisitos devem ser observados para facilitar a dinâmica de funcionamento e aumentar a segurança dos pacientes e equipe. São eles:

Ø Área física: o tamanho da sala por m2 varia de acordo com a especialidade que ela é destinada. Dois aspectos devem ser considerados, a quantidade de equipamentos específicos a serem utilizados durante a realização do procedimento cirúrgico e a facilidade de circulação dos componentes da equipe dentro da sala. Assim, a sala planejada para Cirurgia Geral deve ter área mínima de 25 m2, e as salas de cirurgias especializadas devem ter uma dimensão mínima de 36 m2. ØParedes: devem ter os cantos arredondados em todas as junções, no intento de facilitar a limpeza. Devem ser revestidas de material resistente, mas que proporcione superfície lisa e lavável.

A iluminação artificial da sala de operação é feita por intermédio da luz geral do teto, com lâmpada fluorescente, e luz direta por foco central ou fixo. A iluminação do campo cirúrgico é realizada com os focos central ou fixo, auxiliar e frontal. Estes focos permitem alta luminosidade em todo o campo operatório, com ausência de sombra.

Ø Instalações elétricas: preconiza-se 03 conjuntos com 4 tomadas cada, em paredes distintas, e uma tomada para aparelhos de raios x.

*Equipamentos de uma sala de operação

São classificados em fixos e móveis

Fixos – são aqueles adaptados à estrutura física da sala de cirurgia:

-Foco central; -Negatoscópio;

-Sistemas de canalização de ar e gases; -Prateleira (podendo estar ou não presentes).

Móveis – são aqueles que podem ser deslocados de uma para outra sala de operação, a fim de atender o planejamento do ato cirúrgico de acordo com a especificidade, ou mesmo serem acrescidos durante o desenvolvimento da cirurgia:

Mesa cirúrgica e acessórios: colchonete de espuma, perneiras metálicas, suporte de ombros; Aparelhos de anestesia, contendo kits de cânulas traqueais e de Guedel, laringoscópios, esfingnomanômetro; Mesas auxiliares para instrumental cirúrgico, de Mayo e para pacotes de roupa estéril; Bisturi elétrico; Aspirador de secreções; Foco auxiliar; Balde inoxidável; Suportes de braço, hamper, bacia e soro; Escada de dois degraus; Equipamentos utilizados para posicionar o paciente, tais como: coxins de areia ou espuma de diferentes tamanhos; Carro para materiais de consumo e soluções anti-sépticas; Aparelhos monitores, microscópios máquina para circulação extra-corpórea, dentre outros.

*Materiais de uma sala de operação

O planejamento de materiais para uso na sala de cirurgia deve incluir aqueles considerados básicos ao atendimento de uma cirurgia geral, e os específicos, de acordo com o tipo de cirurgia.

Assim, após consultar seu pessoal de custos, sua próxima etapa será uma arquiteta com conhecimento não só dessa área de atuação, mas também em vigilância sanitária, pois sem essa aprovação, você não terá o principal: alvará de funcionamento, e dependendo da cidade pode levar até meses.

Por isso, proponho o caminho que o empreendedor precisa percorrer para ter as respostas para a sua pergunta principal: Vale a pena abrir seu Centro Oftalmológico?

*Dr. Alfredo Tranjan, Diretor Clínico do Tranjan Centro Oftalmológico