A transformação digital do Sistema Único de Saúde (SUS) se consolidou como prioridade estratégica do Ministério da Saúde. Desde a criação da Secretaria de Informação e Saúde Digital, em 2023, ações estruturantes vêm sendo articuladas para garantir interoperabilidade de sistemas, ampliação da telesaúde e uso responsável da inteligência artificial. Em entrevista ao podcast Saúde Business, gravado durante a Hospitalar 2025, a secretária Ana Estela Haddad apresentou os principais avanços da agenda digital do SUS e os próximos passos previstos.
Segundo a secretária, o programa SUS Digital teve adesão de 100% dos municípios brasileiros, totalizando 5.570 localidades com planos de ação baseados em diagnósticos da rede de atenção e em um índice de maturidade digital. “Nem todos partem do mesmo ponto, mas precisamos caminhar na mesma direção. A construção colaborativa e a atuação em rede são fundamentais para superarmos as desigualdades e diversidades do território brasileiro”, afirmou.
Entre as ações já implementadas, destacam-se a integração dos sistemas de informação, a ampliação do prontuário eletrônico com interoperabilidade em toda a rede e a disseminação de dados estratégicos para cidadãos, profissionais e gestores. A continuidade do cuidado é uma das principais conquistas. Com o histórico clínico do paciente disponível em diferentes pontos da rede, profissionais podem oferecer atendimento mais seguro e eficiente.
A Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), reconhecida como infraestrutura crítica nacional, funciona como espinha dorsal desse ecossistema digital. Com crescimento exponencial de 25 vezes nos últimos dois anos, a RNDS já armazena aproximadamente 1,6 bilhão de registros. Esta robusta estrutura viabiliza ferramentas como o aplicativo Meu SUS Digital, que permite ao cidadão acessar seu histórico vacinal, registros clínicos e a caderneta digital da criança – funcionalidade que, sozinha, gerou seis milhões de novos acessos nas semanas seguintes ao seu lançamento.
A expansão da telesaúde constitui outro eixo prioritário. A digitalização já contribui significativamente para a redução de filas e ampliação do acesso aos serviços, especialmente na atenção primária. Paralelamente, a inteligência artificial começa a ser aplicada em diversas frentes: diagnósticos por imagem, predição de emergências sanitárias e análise de padrões de judicialização de medicamentos. O Ministério também participa ativamente da construção do Plano Nacional de Inteligência Artificial, priorizando soluções baseadas em dados nacionais através de parcerias com setores público, privado e acadêmico.
Entre as entregas previstas até o fim de 2025 estão a ampliação do uso de prontuários eletrônicos gratuitos (como o e-SUS APS e o AGHU), a expansão da RNDS e o fortalecimento das plataformas Meu SUS Digital, SUS Digital Profissional e SUS Digital Gestor. A secretária destacou ainda a importância da colaboração com o setor privado. A interoperabilidade com os dados da saúde suplementar já está em fase avançada, e novos editais serão lançados para impulsionar serviços de telesaúde e projetos de redução de filas em parceria com instituições privadas.
“Fortalecer o SUS passa também por atuar em conjunto com quem compartilha do compromisso de cuidar da saúde dos brasileiros. A transformação digital é um processo coletivo que exige integração, resiliência e investimento em capacitação e literacia digital”, concluiu a secretária.