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ESG: o impacto para os profissionais de gestão de ativos imobiliários

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Entender a importância dos três pilares do ESG – ambiental, social e governança – e aplicá-los à realidade das organizações de Saúde tem se tornado essencial à sobrevivência de todos. Inclusive dos negócios imobiliários.

O mundo corporativo responde às necessidades de mudança da relação com o meio-ambiente e a sociedade, hoje, por meio do ESG - sigla dos pilares ambiental, social e governança. NEsse contexto, a gestão de ativos imobiliários também vem se adequando às novas demandas e consequente diretrizes, transformando a atuação dos profissionais da área.

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Para entender melhor o cenário da implementação do ESG no dia a dia de quem trabalha com a gestão de ativos imobiliários, em especial na área da Saúde, falamos com Erick Del Bianco Pelegia, especialista em energia no Projeto Hospitais Saudáveis, organização sem fins lucrativos, e pesquisador e doutorando no Programa de Energia do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP).

SB: O ESG aplicado à gestão de ativos imobiliários é obrigação ou diferencial?

Erick: Não deveria ser um diferencial e, sim, uma obrigação. É impossível aplicar uma agenda ESG em sua plenitude sem usar esses preceitos dentro das atividades de gestão de ativos imobiliários. Então, uma organização que preza por essa agenda, mas a implementa de maneira insuficiente nos âmbitos de seus ativos imobiliários, não pode se reivindicar como uma organização ESG. Claro que isso não acontece do dia para a noite. Existem planos, procedimentos,  mas tem de ser feito.

Quais são os benefícios da implementação do ESG em ativos imobiliários?

Erick: São os mesmos da agenda ESG aplicada em outros segmentos da gestão corporativa. Esse é o elemento forte do ESG: é uma estrutura de organização e implementação de ações que não está restrita a uma atividade específica.

Mas, para dar um pouco mais de concretude, vamos elencar alguns benefícios que não são específicos, e sim expressões particulares da aplicação do ESG à gestão de ativos imobiliários. Um bom exemplo é o consumo de recursos como água e energia, que podem ser diminuídos com uma racionalização da gestão e que, por consequência, pode diminuir a geração de passivos, como o esgoto sanitário. É componente de um processo de racionalização da gestão a avaliação de inovações técnicas a serem empregadas nos ativos imobiliários. No caso dos sistemas de automação, quando bem empregados, melhoram a eficiência operativa do ativo imobiliário com ganhos financeiros, ambientais, de conforto e segurança para os ocupantes de um certo ambiente.

Ainda no âmbito de contratos por serviços, é importante observar que a agenda ESG deve se estender a trabalhadores terceirizados. Nesse sentido, é essencial entender as práticas operativas, comerciais e propriamente ESG de terceirizadas contratadas para a execução de serviços. Zeladoria, manutenção e segurança, por exemplo, são muitas vezes terceirizados, mas isso não tira a responsabilidade de uma agenda ESG só porque, formalmente, aqueles funcionários não estão na minha estrutura organizativa.

O que muda no dia a dia e na perspectiva dos gestores de ativos imobiliários que atuam na área da Saúde?

Erick: Uma boa parte dos serviços de saúde tem uma operação 24 por 7, 365 dias por ano. Esta característica torna a gestão desses ativos imobiliários mais complexa. Para além disso, a questão da confiabilidade dos sistemas é extremamente sensível. Pensando até numa esfera mais ampla de gestão de ativos, é necessário ter sistemas robustos de monitoramento, manutenção preditiva e preventiva, redundâncias de sistemas e equipes, para que a operação daquela instalação não seja afetada.

A partir do ESG, quais são as habilidades adicionais/complementares que esses profissionais precisam desenvolver?

Erick: A principal habilidade é o desenvolvimento de uma visão integrada sobre os assuntos. O interessante da ideia de ESG é que ele se apresenta como um todo. Não consigo atingir meus objetivos ambientais e sociais sem a dimensão da governança, ao passo que uma governança que não vise a inclusão dos elementos sócio-ambientais já não serve. Ainda, os próprios elementos sociais e ambientais estão profundamente relacionados. Então, é preciso ver o todo como um todo e não fatiado, como tradicionalmente tem sido feito. O Projeto Hospitais Saudáveis, por exemplo, busca levar a agenda da responsabilidade sócio-ambiental para dentro da operação de serviços de Saúde.

O que é preciso fazer para planejar e implementar o ESG?

Erick: Em primeiro lugar, é necessário entender o elemento central da ideia ESG, que é a indissociabilidade das três esferas elencadas [ambiental, social e governança]. Isso implica a necessidade de uma mudança de filosofia de gestão e dos empregados de uma organização. Tradicionalmente, os departamentos eram mais independentes, mas hoje não é possível implementar uma agenda ESG sem que diversas áreas da estrutura organizativas estejam em contato - não apenas em caráter informativo, mas que uma possa efetivamente opinar e atuar sobre a outra.

Cada organização terá de desenvolver um processo a partir de sua realidade. Porém, há alguns apontamentos que posso dar. Em primeiro lugar, o ponto fundamental é, como já disse, o entendimento integrado das esferas do ESG e uma estrutura organizativa da instituição que reflita e possibilite isso. Em segundo lugar, é preciso gerar dados, medir indicadores e produzir análises a partir disso. É necessário a implementação de uma cultura e estrutura física para medição de parâmetros não financeiros, indicadores físicos como emissões de gases de efeito estufa, consumo de água, energia, dentre outros. Ainda, ter um olhar mais detalhado em relação às cadeias de suprimentos: como são as práticas ESG não apenas de meus fornecedores de produtos, mas também de serviços?

Até agora, nos três pontos anteriores observamos fluxos do sistema produtivo em direção à operação, porém, é extremamente importante observar os rejeitos/resíduos e consequências da atividade para o ambiente e para a sociedade, tanto num aspecto ambiental de poluição e gestão de resíduos, como da integridade social das comunidades afetadas pela operação.