Pela primeira vez, a cidade de São Paulo passa a contar com um plano estruturado de cooperação entre hospitais privados para atuação em situações de emergência e desastres. O Plano de Auxílio Mútuo Hospitalar (PAM-H) é uma iniciativa que visa articular ações conjuntas entre instituições de saúde diante de eventos que excedam a capacidade de resposta individual dos hospitais.
Cinco hospitais associados à Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) participam do projeto piloto: BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Hcor, Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital Sírio-Libanês. A proposta central é garantir continuidade no atendimento de pacientes em estado crítico durante episódios de crise que comprometam a operação normal dos serviços.
Ações previstas incluem transferências e suporte a hospitais em colapso
O plano prevê medidas como transferência coordenada de pacientes, suporte a hospitais que atinjam sua lotação máxima e auxílio a unidades que precisem evacuar pacientes por conta de incidentes internos, como incêndios ou falhas estruturais.
Segundo Fábio Racy, médico especialista em Medicina de Desastres do Hospital Israelita Albert Einstein e um dos integrantes da iniciativa, a proposta se inspira em modelos internacionais de cooperação hospitalar em grandes metrópoles. “A articulação entre instituições pode fazer diferença em situações que exigem respostas rápidas e organizadas”, afirma.
Cenário urbano e eventos climáticos reforçam necessidade de ação conjunta
A capital paulista, com mais de 12 milhões de habitantes e alta densidade urbana, enfrenta desafios frequentes ligados a eventos climáticos extremos. Em janeiro deste ano, um alerta emergencial da Defesa Civil foi enviado por celular a moradores da cidade diante de fortes chuvas que causaram alagamentos, quedas de árvores e interrupções de energia — um episódio que evidenciou a vulnerabilidade da infraestrutura urbana.
A expectativa é de que o PAM-H seja ampliado nos próximos anos, com a inclusão de novos hospitais e possíveis integrações com o setor público. “A ideia é construir uma rede mais ampla, que possa atuar com agilidade e coordenação em diferentes tipos de crise”, diz Racy.
Para Antônio Britto, diretor-executivo da Anahp, a criação do plano reflete a necessidade de adaptação do sistema de saúde frente a um cenário de risco crescente. “É um primeiro passo para estruturar uma resposta colaborativa a situações que desafiam a capacidade operacional do setor”, resume.
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