Entre os modelos de remuneração em saúde, o Fee for Service ainda é um dos mais adotados por operadoras e prestadores. No modelo de pagamento por serviço, cada procedimento, exame ou consulta gera um valor específico, o que gera tanto oportunidades quanto desafios para a gestão dos custos por tratamento.
Mas o que significa Fee for Service? Como ele se diferencia do modelo de pagamento por desempenho ou de outras formas como captação e bundle? A seguir, entenda as vantagens e desvantagens desse sistema que impacta diretamente os pagamentos por serviços médicos.
O que é Fee for Service?
O Fee for Service (ou pagamento por serviço) é um modelo de remuneração em que cada procedimento médico é cobrado individualmente.
Nesse sistema, quanto mais serviços forem realizados — como consultas, exames ou cirurgias — maior será o valor recebido pelo prestador. Por isso, também é conhecido como modelo de pagamento por procedimento ou cobrança por procedimento.
Hospitais e clínicas que adotam o modelo de remuneração Fee for Service registram cada ação como um item faturável. O pagamento não está vinculado a um desfecho clínico, mas sim ao volume de ações realizadas.
A maioria dos hospitais privados no Brasil e no exterior ainda utilizam esse modelo, embora muitos já estejam migrando para combinações com pagamento por desempenho ou outros formatos híbridos.
Diferença entre Fee for Service e Fee for Value
Enquanto o Fee for Service recompensa a quantidade de procedimentos realizados, o Fee for Value (ou Pagamento por Valor) prioriza a qualidade e os resultados do tratamento. Em vez de focar na quantidade, o segundo modelo analisa indicadores como satisfação do paciente, eficácia do tratamento e redução de reinternações.
A principal desvantagem do modelo remuneratório por episódio de cuidado, típico do Fee for Service, é o incentivo ao excesso de procedimentos, o que pode elevar os custos sem garantir melhores desfechos. Já o Fee for Value busca equilibrar custo e resultado, premiando o cuidado coordenado e os bons indicadores de saúde.
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Principais vantagens do modelo Fee for Service
O modelo de remuneração Fee for Service oferece benefícios importantes para hospitais, clínicas e profissionais. Um dos principais é o estímulo à produtividade: como o pagamento está atrelado à quantidade de serviços prestados, os profissionais tendem a atender mais pacientes e realizar mais procedimentos.
Outro ponto positivo é a expansão da oferta de serviços especializados. Como cada procedimento pode ser faturado separadamente, há espaço para desenvolver áreas específicas, investir em novos equipamentos e oferecer tratamentos mais diversos, conforme a demanda dos pacientes.
Além disso, o modelo de pagamento por serviço facilita a gestão financeira de instituições de saúde. Por operar com valores fixos para cada ação, ele permite um controle mais previsível das entradas, o que é útil em ambientes onde o planejamento orçamentário exige previsibilidade e detalhamento dos custos por tratamento.
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Principais desvantagens do modelo Fee for Service
Apesar de suas vantagens, o modelo Fee for Service saúde também traz desafios relevantes. Um dos principais é o aumento nos custos dos tratamentos.
Como cada ação é cobrada separadamente, o sistema pode gerar incentivos para a realização de procedimentos não essenciais, impactando diretamente o orçamento das operadoras e dos pacientes.
Esse cenário contribui para o risco de sobrecarga com exames e intervenções desnecessárias, o que pode prejudicar a experiência do paciente e até causar efeitos adversos. Além disso, esse modelo pouco estimula ações preventivas e o foco em resultados clínicos, o que pode reduzir a efetividade do cuidado ao longo do tempo.
A falta de incentivo à qualidade no atendimento e à prevenção também diferencia negativamente o modelo de remuneração Fee for Service em relação a formatos como pagamento por desempenho ou bundle, que priorizam o desfecho e a gestão integrada da jornada de saúde.
Outros modelos de pagamento
Nos últimos anos, o setor de saúde tem buscado alternativas ao modelo Fee for Service, visando maior controle de custos e foco em resultados. A seguir, veja os principais modelos de pagamento dos planos de saúde e como cada um funciona.
Pagamento por performance (P4P)
O Pagamento por Desempenho (Pay for Performance) remunera os prestadores com base em metas de qualidade, como redução de reinternações ou melhora nos indicadores clínicos. Ao contrário da cobrança por procedimento, o foco aqui é o resultado do cuidado prestado.
Pagamento por bundle (pacote de cuidados)
No modelo bundle, todos os serviços relacionados a um episódio de cuidado — como cirurgia, internação e acompanhamento — são pagos em um único valor. Essa abordagem permite alinhar os incentivos entre profissionais e operadoras, controlando melhor os custos por tratamento.
Pagamento por captação
A captação remunera os prestadores com um valor fixo por paciente cadastrado, independentemente da quantidade de atendimentos. Esse modelo incentiva ações preventivas e o acompanhamento contínuo da saúde dos beneficiários.
Pagamento por DRG
O Diagnosis Related Groups (DRG) classifica pacientes por grupos de diagnóstico, estabelecendo valores padrão para cada grupo. A lógica é similar ao bundle, mas com base na complexidade clínica, promovendo previsibilidade e comparação entre instituições.
Pagamento por orçamento global ajustado
Neste modelo, hospitais recebem um orçamento anual ajustado de acordo com metas e resultados. É uma forma de incentivar o uso racional dos recursos, com foco na eficiência e na sustentabilidade do sistema.
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A remuneração em saúde está em transformação. O modelo Fee for Service ainda é comum, mas vem sendo repensado diante de suas limitações.
Conhecer as diferenças entre Fee for Service e Fee for Value, assim como explorar alternativas como bundle, captação e pagamento por desempenho, é um passo importante para redesenhar práticas mais sustentáveis, eficientes e centradas no paciente.
Saúde Business acompanha essas mudanças de perto e traz, diariamente, os debates e soluções que moldam o futuro dos modelos de remuneração em saúde.